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Guilhermina Guinle no papel da socialite Alice, em "Paraíso Tropical" | Reprodução www.globo.com/paraisotropical
Guilhermina Guinle no papel da socialite Alice, em "Paraíso Tropical"| Foto: Reprodução www.globo.com/paraisotropical

Tarifas altas - Deputados ouvem explicações

A Comissão Especial de Investigação da Assembléia Legislativa do Paraná que analisa os preços das tarifas de pedágio praticadas no estado se reúne hoje para ouvir as explicações das concessionárias. Quem representará as empresas é o diretor regional da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR), João Chiminazzo Neto. Esse deverá ser o último depoimento tomado pelos deputados. Depois disso, eles deverão preparar o relatório final sobre o tema.

Os valores propostos pela espanhola OHL para as concessões federais são muito mais baixos do que os preços cobrados atualmente nas rodovias do chamado Anel de Integração, que liga as principais regiões paranaenses. Com isso, levantou-se a suspeita de que os valores em vigor no Paraná seriam altos demais. Chiminazzo diz que a comparação é simplista e afirma que os contratos são diferentes. Hoje, ele tentará convencer os deputados sobre o seu posicionamento.

Os concorrentes da espanhola OHL fizeram ontem uma nova bateria de acusações contra a empresa. Dados divulgados pela Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT) mostram que a concessionária, que levou cinco lotes de rodovias no leilão promovido pelo governo federal no mês passado, prevê um tráfego de veículos bem acima do número oficial. Para as empresas do ramo, a OHL teria inflacionado a estatística para poder burlar o edital e apresentar um preço mais baixo do que as suas competidoras.

As novas informações vieram à tona com a divulgação das propostas vencedoras do leilão realizado no último dia 9. De acordo com as regras do processo de concessão, o site da ANTT divulgou todas as informações relativas aos envelopes das empresas que ganharam as concessões. A OHL levou cinco dos sete lotes em disputa. Entre eles, estão os três trechos que têm relação direta com o Paraná: a BR-116, entre Curitiba e São Paulo; a BR-116, entre Curitiba e Santa Catarina; e a BR-376, no trecho que liga o Paraná a Santa Catarina.

O volume de tráfego previsto pela empresa espanhola para os trechos em que ela foi vencedora chega a apresentar 162% de diferença em relação aos dados oficiais. "Eles estão colocando o tráfego muito acima de todos os estudos da ANTT", afirma Danilo Pitta, diretor da catarinense Iguatemi – empresa que participou do consórcio PR/SC, um dos derrotados.

Dentre os trechos que cortam o Paraná, o que apresenta diferença mais significativa é o da BR-376. Segundo a ANTT, o volume de tráfego para 2008 nas cinco praças de pedágio que serão instaladas soma 31,2 milhões de veículos. A OHL, em sua proposta, afirma que pelos mesmos trechos – e no mesmo período – passarão 65,8 milhões: diferença de 110%. O número de veículos na rodovia ano a ano também é maior no estudo da empresa. Em 2032, último dos 25 anos de contrato, a diferença entre a previsão oficial e a da OHL chega a 162%.

Nos dois trechos que a empresa vai operar na BR-116 a diferença também é grande. Para a ligação entre Paraná e São Paulo, a ANTT projeta 40 milhões de carros transitando em 2008. O número apresentado pela OHL é de 62 milhões. Entre Paraná e Santa Catarina, a agência de transportes prevê 9,6 milhões de carros. O cálculo da OHL é de 14,1 milhões.

Sem obras

Uma das empresas derrotadas pela OHL diz que a suspeita é de que a empresa espanhola tenha apresentado preços baixos demais – por isso teria conseguido ganhar os cinco trechos que disputou. Segundo as empresas, os valores são impraticáveis e não permitiriam que a OHL fizesse todas as obras previstas no contrato com o governo federal. Para disfarçar o problema, a espanhola teria usado um número de carros pagantes muito maior do que o real, aumentando de maneira fictícia a arrecadação possível nos trechos.

"Ou isso é um erro muito grave ou é uma estratégia", comenta o diretor de uma empresa derrotada no leilão e que pediu para não ser identificado. "Não acredito em um erro desse tipo. E ninguém tem estratégia de rasgar dinheiro." A verdadeira estratégia seria conseguir o contrato com um preço baixo. E depois, quando um novo governo assumir e o contrato se mostrar inviável, ir ao Ministério dos Transportes e pedir o reequilíbrio econômico-financeiro do acordo, conseguindo assim aumentos no pedágio cobrado.

O Consórcio PR/SC já adianta que vai entrar com um recurso para tentar anular a vitória da OHL. Ontem, as empresas pertencentes ao consórcio colocaram mais de dez engenheiros para analisar as informações disponibilizadas pela ANTT. A reportagem procurou ontem a representação brasileira da OHL. A assessoria de imprensa da companhia, no entanto, diz que nenhum funcionário ou diretor irá se pronunciar até que todos os possíveis recursos sobre o tema sejam julgados.

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