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Ônibus ligeirinho após o acidente que matou duas pessoas | Jonathan Campos / Agência de Notícias Gazeta do Povo
Ônibus ligeirinho após o acidente que matou duas pessoas| Foto: Jonathan Campos / Agência de Notícias Gazeta do Povo

Causas

"Falha humana é provável", diz especialista

Pollianna Milan

Seria quase impossível um ônibus perder todo o sistema mecânico a ponto de o motorista ficar sem pelo menos uma opção: frear ou virar o volante para evitar uma colisão. A opinião é de engenheiros mecânicos, especialistas em ônibus, que aceitaram dar entrevista sob a condição do anonimato. Eles dizem que a falha humana costuma ser a causa mais frequente em acidentes desse tipo.

Os passageiros dizem que, logo ao sair da estação-tubo, escutaram um forte estalo. O sistema de freios dos ônibus do tipo ligeirinho é movido a ar e, quando existe pane, não faz barulho. E, segundo eles, mesmo que tenha perdido o sistema principal de frenagem, os ônibus ainda costumam ter um sistema reserva (chamado de spring break), que faz com que os freios funcionem mesmo após uma possível pane nos freios principais. Não há informações se o Colombo/CIC tinha esse sistema. O motor do ônibus poderia ter entrado em pane, porém, de acordo com eles, há um sistema de frenagem de emergência que é acionado automaticamente.

Se aconteceu uma possível perda de controle na direção (volante endurecido) por causa da barra de direção que quebrou, os engenheiros dizem que mesmo assim seria possível frear, porque um sistema (o de direção) não depende do outro (frenagem). Segundo eles, os ligeirinhos passam por revisões periódicas.

Perda de memória e estresse são comuns

Logo após o acidente com o ligeirinho, a primeira suspeita era de que o motorista José Aparecido Alves teria sofrido um mal súbito. A hipótese perdeu força mais tarde, mas casos de estresse e perda da memória são comuns entre motoristas de ônibus de linha.

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Cultura do Paraná perde colaboradores

A memória histórica e cultural do Paraná perdeu ontem dois importantes colaboradores, mortos na tragédia da Praça Tiradentes. Edison Pereira da Silva, 56 anos, era responsável pelos registros audiovisuais das produções do Teatro Guaíra, o maior e mais importante do estado. Carlos Alberto Fernandes Brantes, 63 anos, diretor de patrimônio do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná, reformulou a pinacoteca da instituição e catalogava os mapas do estado.

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A investigação sobre as causas do acidente com o ligeirinho está em andamento

Em depoimento, motorista afirma que ônibus teve falha mecânica

  • Entenda como foi o acidente

Os corpos das duas vítimas fatais do acidente envolvendo um ligeirinho na Praça Tiradentes na manhã da quinta-feira (10) foram enterrados na tarde desta sexta (11), em Curitiba.

Edison Pereira da Silva, 55 anos, estava em um ponto de ônibus na Praça Tiradentes e morreu no local. Ele trabalhava no Teatro Guaíra como sonoplasta e era responsável pelos registros audiovisuais das produções da casa.

O corpo de Silva foi velado no Teatro Guaíra desde o início da manhã e o enterro ocorreu no Cemitério Jardim da Paz, às 15 horas, desta sexta-feira. Pelo menos 50 pessoas, entre parentes e amigos, estiveram no local.

"Fica um vazio muito grande", diz Fabrício Camargo da Silva, 28 anos, filho de Silva. Ele conta que foi ao local do acidente na quinta (10) e nesta sexta-feira (11). Para ele, um acidente de proporção tão grande não pode ter sido causada por erro humano.

Carlos Alberto Fernandes Brantes, de 63 anos, foi a segunda pessoa a morrer por causa do acidente. Ele foi atingido pelo ônibus enquanto passava no local. Brantes estava em estado grave e morreu no helicóptero a caminho do Hospital Angelina Caron, em Campina Grande do Sul.

Ele era diretor de patrimônio do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná. Brantes foi o responsável pela reformulação da pinacoteca da instituição e também catalogava os mapas do estado. Seu corpo foi velado na capela 1 do Cemitério Municipal do Água Verde e foi enterrado nesse cemitério, às 16 horas.

Para seu filho, Rodrigo Otávio Brantes, 37 anos, essa não é a hora de julgar quem teve culpa pelo acidente. Esse sentimento era comum entre as pessoas que estiveram nos dois velórios.

Motorista é liberado

O motorista do ônibus ligeirinho da linha Colombo/CIC envolvido no grave acidente que deixou dois mortos e 32 feridos na Praça Tiradentes, na quinta-feira (10), em Curitiba, foi solto na madrugada desta sexta-feira (11). José Aparecido Alves, de 49 anos, tinha sido preso depois de ser liberado pelo Hospital Cajuru, onde recebeu atendimento.

O motorista chegou à Delegacia de Delitos de Trânsito (Dedetran) por volta das 18 horas da quinta-feira (10), prestou depoimento e ficou detido até a 1h15 desta sexta-feira. Ele foi autuado em flagrante por homicídio culposo. O motorista alegou em depoimento à polícia que uma possível falha mecânica causou a tragédia. Um laudo oficial sobre as causas do acidente só deve ser divulgado em 30 dias.

A unidade das Lojas Pernambucanas da Praça Tiradentes funcionava normalmente nesta sexta-feira.

Acidente

O acidente ocorreu em um dos horários de maior movimento na Praça Tiradentes, no Centro da capital. O ônibus havia acabado de deixar a estação tubo na praça, quando seguiu fora de controle, atingiu um taxi que estava parado na rua, furou o sinal vermelho, colidiu contra um carro, invadiu a calçada, derrubou o ponto de ônibus e entrou na loja Pernambucanas.

No momento do acidente, 30 pessoas estavam no ônibus. Das 32 pessoas que ficaram feridas, 30 tiveram ferimentos leves e duas ficaram em estado grave. Os feridos foram levados para os hospitais Evangélico, Cajuru, Trabalhador e Angelina Caron. Dois helicópteros, um da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e outro do governo do estado, auxiliaram no socorro às vítimas mais graves.

Investigação

Três testemunhas do acidente foram ouvidas pela polícia na quinta-feira (10). De acordo com o telejornal ParanáTV 2ª Edição, da RPCTV, todas confirmaram que o ônibus estava desgovernado.

Uma das passageiras do ônibus, Luzia dos Santos, de 34 anos, contou que pegou o ônibus na estação-tubo da Praça Tiradentes e que, desde o momento em que o veículo fechou as portas, ela ouviu barulhos estranhos. Segundo Luzia, o motorista entrou em pânico e disse que não conseguia controlar o veículo. A passageira contou ainda que o ônibus puxava para o lado direito e não respondia aos comandos do motorista.

Segundo a Urbanização de Curitiba (Urbs), o prefeito de Curitiba Luciano Ducci determinou que o órgão investigue as causas do acidente, o que será feito com base no laudo do Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTRan), que deve ficar pronto em 30 dias. A frente do ônibus e a parte esquerda ficaram destruídas. Uma armação de um dos pontos da praça serviu de obstáculo.

O laudo do Instituto de Cri­minalística deve ser divulgado em até 30 dias.

A Urbs informou que o veículo estava com a vistoria obrigatória em dia. A última revisão havia sido feita no dia 22 de março. Também a Auto-Viação Redentor, responsável pela linha, informou que o motorista havia feito exame geral de saúde no final de janeiro e não apresentava problemas de saúde.

Estado de saúde dos feridos

Trinta e duas pessoas ficaram feridas no acidente envolvendo um ônibus ligeirinho da linha Colombo/CIC na quinta-feira (10) e foram encaminhadas para quatro hospitais de Curitiba e Campina Grande do Sul.

Das 32 vítimas, duas seguiam internadas nesta sexta-feira (11). Maria Inês Marcondes, 42 anos, está internada no Hospital Cajuru e fraturou as duas pernas. Ela já foi operada e seu quadro é estável. Não há previsão de liberação para as pacientes, mas Maria Inês deve permanecer por mais tempo porque seu caso exige mais acompanhamento médico.

Já Claudete Pimentel Silveira, 30 anos, estava em observação no Hospital Angelina Caron, em Campina Grande do Sul. Segundo a assessoria de imprensa do hospital, a paciente passava bem e deve ser liberada na tarde desta sexta-feira.

Saiba a situação dos demais feridos no acidente da Praça Tiradentes.

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