Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Plano Diretor

Curitiba perdeu a chance de solucionar problemas urbanos, avalia movimento

A Frente Mobiliza Curitiba, composta de várias entidades, se reuniu ontem à noite para avaliar o processo de discussão do Plano Diretor da capital. | Téo Travagin/Divulgação/Mobiliza Curitiba
A Frente Mobiliza Curitiba, composta de várias entidades, se reuniu ontem à noite para avaliar o processo de discussão do Plano Diretor da capital. (Foto: Téo Travagin/Divulgação/Mobiliza Curitiba)

O novo Plano Diretor de Curitiba traz muitas boas intenções, mas poucas soluções para os problemas urbanos da capital paranaense. Esta é a avaliação feita pelos integrantes da Frente Mobiliza Curitiba, que lançou um livro sobre o processo de construção do plano, na noite desta quinta-feira (26).

Aprovado na Câmara Municipal de Curitiba no início de novembro e ainda não sancionado pelo prefeito Gustavo Fruet, o texto é considerado muito “generalista” pelos integrantes do movimento. Na prática, as soluções para os problemas urbanos da capital estão previstas em lei apenas como conceito. Mas carecem de regulamentação para sair do papel.

É o caso das Zonas Especiais de Interesse Social (Zeis), que poderiam ser diversificadas, na opinião da assessora jurídica da Terra de Direitos, Luana Xavier Pinto Coelho. Atualmente Curitiba conta com uma legislação “muito rígida” para este zoneamento, diz ela.

Embora o Plano Diretor tenha previsão para três tipos de Zeis, a regulamentação será feita na Lei de Zoneamento, a ser aprovada na Câmara. “Um zoneamento em áreas centrais abandonadas pode, diminuindo o preço da terra, disponibilizar áreas para equipamentos públicos, por exemplo”, defende a assessora, que também é organizadora do livro “O mito do planejamento urbano democrático: reflexões a partir de Curitiba.

O mesmo vale para o chamado Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) progressivo, já previsto tanto na Constituição Federal quanto no Estatuto das Cidades.

No novo Plano Diretor, o mecanismo é uma das penas que podem ser aplicadas aos proprietários cujos terrenos não cumpram “função social”. Mas não há previsão de como se daria a exigência ou cobrança do imposto.

“Desde o início o Instituto de Pesquisa Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) achava que o PD tinha que ser mais genérico, porque eles acham que detalhamento envelhece. A gente discordo. Porque a gente acha que detalhamento que garante direitos não envelhece”, explica a organizadora do livro.

Outro instrumento que ficou para regularização posterior são os planos setoriais. São sete: de Mobilidade e Transporte Integrado, Habitação e Regularização Fundiária, Desenvolvimento Econômico, Desenvolvimento Social, Defesa Social e de Defesa Civil, Desenvolvimento Ambiental e Conservação da Biodiversidade e de Saneamento Básico. Entendidos como “atos administrativos”, não precisam ser aprovados em forma de lei.

Nem tão genérico

Apesar do estilo “carta de princípios” ser uma das principais críticas feitas pela Frente, nem tudo é genérico no novo plano, na opinião do arquiteto e urbanista Alexandre Pedrozo.

Ele critica a falta de objetividade na área da habitação, por exemplo. “Por outro lado, existem grupos de interesse que conseguem vantagens, incentivos”.

Como exemplo, cita a chamada “fachada ativa”. É quando o andar térreo é aberto à rua, para uso não-comercial. Embora seja um aparente incentivo à construção civil, na verdade é um instrumento que encarece o terreno, beneficiando o proprietário e encarecendo a obra, argumenta Pedrozo.

Outro lado

Procurado pela reportagem, o Ippuc informou que só vai comentar o texto final quando o Plano Diretor for remetido oficialmente pela Câmara para análise da prefeitura e posterior sanção ou veto do prefeito. Aprovado em 3 de novembro, o plano atualmente se encontra na Divisão de Controle e Tramitação da Câmara.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.