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Escolas top selecionam melhores alunos
Folhapress
A lista de melhores colégios possui escolas privadas que criaram unidades apenas com os melhores alunos. E muitas só surgiram depois que o MEC passou a divulgar as notas. Educadores dizem que os colégios têm criado artifícios para melhorar no ranking e, assim, a análise fica prejudicada, já que os melhores colégios não estão disponíveis a qualquer aluno.
Entre as 20 melhores escolas, ao menos três privadas que foram criadas após o início do ranking dizem fazer seleção de alunos. São elas: o Objetivo Integrado (SP), Elite do Vale do Aço (MG) e Motivo-Unidade 2 (PE) . "Quem faz isso [criar unidades para bons estudantes] não está preocupado em construir uma boa escola, que precisa contar com todos os perfis de alunos", afirma Madalena Guasco Peixoto, professora da Faculdade de Educação da PUC-SP. Responsável pela rede Objetivo (cuja unidade Integrada foi a melhor do país, com nota 73,1), João Carlos Di Genio diz que há entrevista com candidatos, para selecionar o que pode formar uma "elite intelectual". Ele afirma que não há provas.
Entenda
A nota divulgada ontem corresponde à média das quatro provas objetivas do Enem. A pontuação da redação não foi considerada. O MEC divulgou o desempenho de 10.076 escolas, 40,56% do total. A divulgação considerou apenas os colégios em que ao menos 50% dos concluintes do ensino médio participaram. Além disso, essas escolas deveriam ter no mínimo dez alunos no último ano do médio.
As 10 melhores escolas no Paraná
Colégio Positivo (sede) 686,5
Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) (Curitiba) 655,2
Colégio Universitário (Londrina) 647,8
Colégio Dom Bosco (Curitiba Subsede IV) 647,3
Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) (Ponta Grossa) 640,1
Colégio Marista Santa Maria (Curitiba) 638,9
Colégio Militar de Curitiba (Curitiba) 638,5
Colégio Bom Jesus Nossa Senhora de Lourdes (Curitiba) 637,7
Colégio Nossa Senhora Medianeira (Curitiba) 634,1
Bom Jesus Divina Providência (Curitiba) 629,8
O Paraná tem apenas dois colégios entre os cem mais bem colocados no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2011, participação bem inferior à dos estados da Região Sudeste do país. São Paulo colocou 31 colégios entre aqueles com as maiores médias na prova e o Rio de Janeiro, 23. Estados do Nordeste também incluíram mais escolas que o Paraná no top 100. As notas por instituição de ensino foram divulgadas ontem pelo ministro da Educação, Aloizio Mercadante.
Para o doutor em Educação e professor do Núcleo de Políticas Educacionais da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Ângelo Ricardo de Souza, a quantidade de escolas que cada estado conseguiu incluir entre as melhores posições deve ser relativizada, já que o número de colégios de ensino médio existentes em cada estado também é variável. No entanto, uma hipótese que justificaria a superioridade dos números de outras regiões é o fato de a UFPR, universidade com o vestibular mais concorrido do estado, dar ao Enem um peso baixo na seleção dos estudantes se comparado à importância que outras universidades federais conferem ao exame.
O Colégio Positivo (sede) e o câmpus Curitiba da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) são as únicas instituições do estado que entraram na lista das cem escolas do país com as maiores notas. O terceiro colégio paranaense mais bem colocado foi o Universitário, de Londrina, ocupando a 129.ª posição nacional.
Língua Portuguesa
Os alunos do Positivo atingiram 686,5 pontos, índice que deixou a escola na 16.ª posição no ranking nacional e na liderança no estado. Em 2010, o colégio não constava na lista geral dos 10 primeiros do Paraná. Na ocasião, a média do colégio foi 665,8.
Para Celso Maurício Hartmann, diretor do colégio, o salto se deve ao forte investimento em Língua Portuguesa feito pelo Positivo nos últimos dois anos. "Implementamos aulas exclusivas de redação, o que levou nossos alunos a lerem muito mais", diz. O consultor em educação Renato Casagrande concorda com o motivo da evolução. "Como o Enem exige muita interpretação de texto, investir em Língua Portuguesa gera bons resultados."
A UTFPR manteve-se como a instituição pública mais bem avaliada do estado. Com nota 655,2, os estudantes da Tecnológica garantiram o 92.º lugar no ranking nacional. Houve, no entanto, uma queda de 62,5 pontos em relação ao desempenho de 2010, quando a UTFPR atingiu 717,7 pontos e alcançou a 18.ª colocação. O acesso ao ensino médio da instituição se dá por meio de processo seletivo, o que confere à UTFPR a vantagem de ter um grupo de alunos altamente qualificado desde a matrícula.
Federais têm alto índice de participação
A participação dos estudantes no Enem revelou surpresas. Na UTFPR, 100% dos estudantes do ensino médio fizeram o exame, índice muito diferente do de 2010, quando apenas 48,6% compareceram para fazer a prova.
Para o professor Carlos Henrique Mariano, o expressivo volume de participação se deve à importância que os alunos da instituição dão ao Enem, graças à aceitação cada vez maior do exame por várias universidades públicas. Para ingressar na graduação da própria UTFPR, por exemplo, a nota obtida no Enem é o único critério de acesso.
No Colégio Universitário, de Londrina, a participação foi menor: apenas 61,3% dos alunos fizeram a prova. Mesmo assim o colégio teve um resultado positivo. Saltou da nona colocação no estado em 2010 para a terceira na edição de 2011, atingindo a nota 647,8.
O diretor Manuel Machado justifica o baixo interesse dos estudantes pelo exame devido à pouca relevância que as universidades estaduais do Paraná e de São Paulo dão ao exame. "O maior foco dos nossos alunos é a UEL. Um aluno que tenta Medicina, por exemplo, prefere se esforçar apenas para o vestibular", diz.
As instituições federais foram as que registraram a maior média em volume de participação no estado (77,4%), seguidas pelas escolas privadas (72%) e só depois pelas estaduais (60%). Para o professor Ângelo Ricardo de Souza, as diferentes taxas de adesão têm relação com o papel da escola na vida das pessoas. "Por que fazer o Enem? As respostas serão distintas a depender do tipo de escola. Por isso, acho que comparar [escolas] desiguais com uma medida de igualdade não ajuda a compreender a realidade", critica.
>>> Veja o resultado das escolas no Enem 2011:
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