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A cratera aberta na quinta-feira (5) na BR-356, em Campos de Goytacazes (RJ), que causou a inundação da comunidade de Três Vendas, não foi uma "ação planejada", como disse o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra. Segundo a Defesa Civil, a rodovia se rompeu por falhas na BR-356, que deveria funcionar como um dique mas não resistiu à força da água do Rio Muriaé, que atingiu nesta sexta-feira (6) cerca de dois metros de altura onde estão as moradias.

Cerca de 4 mil moradores que deixaram suas casas às pressas, cerca de 2 mil estão em três abrigos municipais e outras 2 mil ainda resistiam nesta sexta a abandonar suas casas, com medo de que seus imóveis sejam saqueados. A maioria das casas tem dois andares e os moradores colocaram os móveis na parte alta e planejam continuar lá. Para evitar acidentes, a Defesa Civil interrompeu o fornecimento de eletricidade.

Outro problema é a escassez de água potável. O pintor Afonso dos Santos, de 20 anos, improvisou uma pequena caixa d'água para armazenar o que ele conseguiu de água potável em casa. "É a única coisa que nós precisamos. Minha família está no segundo andar da casa, com todas as nossas coisas", contou. Outro morador, Silmar Domingos, de 45 anos, também pretende continuar em casa com a mulher, filhas e uma família de vizinhos abrigados. "Vou ficar até o final", garantiu.

Saques

Moradores que saíram de casa na quinta voltaram com medo de saques. "Não tenho muitos bens, mas queria ver se não levaram minha TV e roupas. Este ano até que tivemos tempo para salvar as coisas. Em 2008 foi muito pior, porque aconteceu muito rápido", contou a dona de casa Lenilda da Silva, que não entrou em casa por medo de levar um choque elétrico. "Recomendamos a saída imediata das pessoas, pois se trata de uma área de risco. Ao contrário do que pensam os moradores, a água será totalmente escoada em 30 dias, pois será absorvida pelo solo. Não há previsão de chuva forte, mas, em caso de tempestade, a situação se agravaria", afirmou o coordenador da Defesa Civil Estadual no Norte Fluminense, coronel Moacir Pires.

Em outros bairros de Campos, 205 famílias foram retiradas de suas casas devido à inundação causada por outro rio, o Paraíba do Sul, que em situação normal tem 8 metros de altura. Na última quarta-feira o rio chegou a 11 metros, inundando as casas próximas. Hoje, porém, o nível do rio já estava baixando. Em outros municípios do Norte e Noroeste fluminense, a situação se normalizou. Em Santo Antônio de Pádua, que chegou a ter 12 mil desalojados, as pessoas puderam voltar às suas casas. O município tem 300 desabrigados.

A Defesa Civil de Campos culpa o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit) pela cratera na rodovia. "Houve um rompimento no ponto de passagem de água, onde existiam três manilhas para drenar a água da chuva. Acredito que a obra feita pelo Dnit em 2008 foi mal feita", disse o subsecretário de Defesa Civil de Campos, major Edson Pessanha.

Dnit

Em nota divulgada na quinta, o Dnit nega que a rodovia tenha sido planejada ou adaptada para funcionar como dique. Segundo o órgão a água que destruiu a rodovia deveria ter sido contida por um dique construído pelo extinto Departamento Nacional de Obras de Saneamento (DNOS). Ele se rompeu em 1979, foi reconstruído por uma usina de açúcar, abriu de novo e não existe mais. Com a extinção do DNOS, a maioria dos diques construídos por esse órgão passou à responsabilidade do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), órgão do governo do Rio. Segundo o Inea, porém, esse dique ao qual o Dnit se refere não está sob sua responsabilidade. O Inea afirma que nenhum dique mantido pelo órgão foi destruído.

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