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André, morto no dia 9: duas versões da polícia e uma da família | João Varella
André, morto no dia 9: duas versões da polícia e uma da família| Foto: João Varella

Diante das versões controversas apresentadas pela própria Polícia Militar sobre a morte de André Santos das Neves, de 21 anos, na Vila Torres, no último dia 9, o secretário estadual da Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, solicitou que o Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público, participe das investigações. Um inquérito policial militar também foi instaurado para averiguar se houve abuso dos policiais.

Pelas duas versões da PM, André teria morrido em confronto com policiais da Rondas Ostensivas Tático Móvel (Rotam) do 12.º Batalhão. Pela versão da família, André teria sido executado.

Delazari também estaria comprometido a acompanhar pessoalmente os rumos das investigações, segundo nota enviada pela assessoria de imprensa da secretaria. Dos quatro policiais envolvidos, dois estão afastados do serviço de rua. Todas as armas estão sendo periciadas.

Pela versão da família, André estaria dormindo com a namorada quando policiais invadiram a residência sem mandado judicial. Na invasão, ele teria saltado da janela de seu quarto no segundo andar da residência. Ao perceber que estava cercado, o rapaz teria se rendido. Mesmo assim, segundo a família, os policiais teriam-no executado com quatro tiros.

Pela primeira versão da PM, relatada por um policial do Serviço Reservado (P2) ao comandante do 12º Batalhão, coronel Carlos Alberto Bührer Moreira, André estaria caminhando pela rua quando avistou os policiais. Ele não teria atendido um pedido para parar e teria disparado um tiro de escopeta contra o carro da polícia. No suposto confronto com a PM, ele teria morrido. Junto com André, os policiais afirmam ter encontrado, além da escopeta, uma metralhadora, 80 munições, 50 pedras de crack e uma certa quantidade de maconha.

Na segunda-feira, nova versão foi apresentada pela PM. Segundo relato dos próprios policiais envolvidos ao coronel Bührer, eles teriam ido à vila para averiguar a denúncia de que havia um rapaz armado no local. Ao entrar na rua onde André mora, o rapaz estaria em cima da laje da casa. Dali, ele teria atirado contra os policiais. No revide, ele teria sido atingido dentro da própria casa.

"A Polícia Militar está perdida. Uma hora diz uma coisa, outra hora diz outra", comenta o pai de André, o funcionário administrativo da Polícia Civil Antônio das Neves.

Protesto

A família e moradores da Vila Torres organizarão outro protesto amanhã, na missa de sétimo dia da morte de André. Segundo Antônio, por questão de segurança, a família prefere não divulgar o local. Entretanto, o pai de André afirma que o protesto será menor do que o de sexta-feira passada, quando a Avenida das Torres foi fechada pelos moradores. "Será uma manifestação tranqüila, apenas com faixas e gritos de protesto", garante.

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