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No CMEI Romário Martins: a diretora Edimara (ao centro, de jaqueta), a vice Patrícia (de blusa branca) e as novas integrantes da equipe – Ana Paula (à direita) e Elisandra (à esquerda). Escola ganha reforços como parte do Projeto Equidade | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
No CMEI Romário Martins: a diretora Edimara (ao centro, de jaqueta), a vice Patrícia (de blusa branca) e as novas integrantes da equipe – Ana Paula (à direita) e Elisandra (à esquerda). Escola ganha reforços como parte do Projeto Equidade| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

O bairro Cachoeira, na divisa com Almirante Tamandaré, concorre ao posto de um dos mais desconhecidos da capital. Confunde-se – na paisagem – com o vizinho tradicional, a Barreirinha. Mas tem mais ruelas, mais sub habitações, mais altos e baixos, o que exige destreza de motoristas e pedestres. Num desses altos está o Centro Municipal de Educação Integral (CMEI) Romário Martins, com pouco mais 40 anos de funcionamento. Na sua frente, nos baixios, duas ocupações irregulares, Bom Jesus e Garibaldi, disputando espaço com o que sobrou das matas de pinheiros.

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As crianças em revoada ao fim do contraturno indicam que na região não há crise de natalidade, como acontece em outras áreas da cidade, onde o número de alunos cai a cada ano. A “Romário” tem 585 alunos, a maioria em regime integral. É grande, colorida, mas os puxadinhos não mentem que se trata de uma escola da periferia. Não chega a ser um problema. Mesmo com todos os senões, saltou do Ideb 4,7 (2011) para 5,3 (2013) e aumentou as taxas de aprovação. Qual foi o espanto da diretora Edimara Borges e da vice, Patrícia Borges, ao saberem que o local figurava entre as 47 instituições selecionadas para o projeto “Equidade”.

A leitura da seleta de 30 tabelas selecionadas pela Secretaria Municipal de Educação mostrou o porquê. A renda média das famílias dos alunos – na faixa dos R$ 650 – é metade da renda média curitibana. É também 40% menor do que a média da Regional Boa Vista, onde está plantada. O analfabetismo no entorno do centro educacional é de 4%, o dobro de Curitiba em geral. Quase 14% dos alunos são beneficiários do Bolsa Família. Dado a dado, confirma-se que o trabalho dos educadores precisava de um apoio extra para que os índices de aprendizado nessa zona vulnerável avançasse ainda mais.

Edimara e sua equipe admitem que a pressão para aumentar o Ideb – satisfeita em termos – sugeria concorrência entre as escolas. “Incomodava”, admite, uma vez que as melhoras foram sensíveis. A “Romário”, em resumo, tinha algo a ensinar a escolas do mesmo naipe. A diretora calcula que metade dos alunos venha da vizinha Almirante. Quase não há filhos de carrinheiros. Os pais, ainda que de origem modesta, são pequenos comerciantes; as mães, domésticas, para citar dois casos. Tanto no balcão quanto em casas de família, supõe-se, são provocados a valorizar o estudo dos filhos. A fila de vans escolares na porta mostra que eles tiram do bolso para investir no ensino. A resposta positiva aos convites para visitarem a escola também.

É uma particularidade – e considerá-la tem sido um excelente exercício para os professores e para Ana Paula Morva e Elisandra Schwanka, duas pedagogas da secretaria municipal que saíram das “torres” da João Gualberto para trabalhar no distante Cachoeira. São do grupo de apoio. Com os demais 86 professores, trabalham com o intuito de “ler” a escola e a redondeza, ponto de partida para envolver a comunidade. “Quem são os 17 alunos do EJA? Pais de alunos?”, perguntam-se. Sabe-se que a resposta é reveladora.

O mesmo se diga das práticas pedagógicas em sala de aula. “Muitos deles têm celulares mais possantes que os nossos”, brinca a diretora, ao lembrar que o mundo digital interfere para bem e para mal. Professores precisam de ajuda para lidar com uma criançada conectada. “É outro mito sobre a periferia – a de que os alunos daqui se contentam com qualquer atividade proposta”, acenam.

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