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Carlos Gomes, Rui Barbosa, Santos Dumont e Nilo Cairo estão entre os personagens conhecidos da história brasileira e curitibana que se encontram representados em bustos espalhados pelas praças da capital. Figurinhas conhecidas que aparecem principalmente nas grandes praças centrais da cidade, algumas delas batizadas com o nome de seus homenageados. Mas não são apenas figuras conhecidas homenageadas nessas peças de bronze.

Os bustos podem chegar às praças de duas formas. Uma delas é através da proposta de homenagem de algum parlamentar, pela Câmara de Verea­­dores. Caso o projeto seja aprovado, o valor é pago pela própria prefeitura. Outra maneira é a iniciativa privada. Deve-se pedir uma autorização à prefeitura, que pode ou não liberar o espaço, mas quem paga a conta é quem quer prestar a homenagem.

Segundo a historiadora e pesquisadora da Casa da Memória, Maria Luiza Gonçalves Baracho, o levantamento oficial de quantas peças existem na cidade é difícil de ser feito, até porque nem sempre o processo não segue o trâmite institucional. "Muitas pessoas fazem as peças e colocam nas praças, mas não comunicam a prefeitura, o que dificulta quantificar", conta.

E as homenagens são de todos os tipos – e por razões das mais diversas. Algumas vezes, um mesmo personagem pode remeter a passagens históricas distintas, como no caso do parlamentar Thomaz José Coelho de Almeida. Ele ficou famoso tanto por ter criado o Imperial Colégio Militar, no Rio de Janeiro, quanto por remeter ao nome da primeira colônia dos imigrantes poloneses no Paraná. Conheça um pouco mais a história dele e de outros personagens.

Homenagem militar (foto 1)

Datado de 1970, o busto do Conselheiro Thomaz José Coelho de Almeida (1837-1895) na praça de mesmo nome, no Tarumã, traz histórias do Império e da colonização polonesa em Curitiba. Filho de portugueses que chegaram junto com a corte do país ao Brasil, Coelho nasceu em Campo dos Goitacazes, no Rio de Janeiro, e estudou Ciências Jurídicas e Sociais em Petrópolis.

De volta a sua cidade natal, iniciou carreira política, tornando-se Ministro da Agricultura em 1875. Por organizar a Inspetoria de Terras e Colonização, seu nome foi utilizado para batizar uma colônia de imigrantes poloneses.

Na mesma época se tornou conselheiro e então senador do Império e em 1888 chegou a ser Ministro da Guerra. Com esse cargo, Coelho criou o Imperial Colégio Militar, atualmente chamado de Colégio Militar do Rio de Janeiro. A proposta da instituição era dar instrução secundária e educação militar e cívica ao mesmo tempo. O ensino gratuito era reservado a filhos de oficiais efetivos, órfãos de militares mortos na Guerra do Paraguai e também alunos não militares.

A praça onde fica o busto também abriga o Colégio Militar de Curitiba.

Aos sírios no Portão (foto 2)

O busto do ex-presidente sírio Hafez Al-Assad na Praça Desembargador Armando Carneiro homenageia os primeiros sírios que se estabeleceram na região do Portão. Ele nasceu em uma família pobre na cidade de Qardaha quando a Síria ainda era um mandato da França, e foi o primeiro da sua família a chegar ao ensino médio.

Quando a Síria se tornou independente, em 1946, Hafez, então com 16 anos, passou a fazer parte do Partido Baath. O partido era um movimento nacionalista árabe que não envolvia religião.

O partido chegou ao poder do país em 1963, por meio de um golpe militar. Ele é nomeado Ministro da Defesa e, a partir daí, as diferenças dentro do seu próprio partido começam a surgir. Em 1970, Hafez toma o poder, desintegrando o partido. Em 1971, torna-se presidente, cargo ocupado até sua morte, em 2000.

O golpe de estado de Hafez levou ao poder os aluís, uma pequena seita xiita. Com uma população de 22 milhões, a maior parte dos sírios é muçulmana, porém da seita sunita. Após sua morte, seu filho Bashar Al-Assad foi eleito presidente em seu lugar e segue no poder até hoje.

Um gaúcho de destaque (foto 3)

O Largo Antônio Bordin chama a atenção dos transeuntes por causa de seu jardim vertical: uma torre com diversos tipos de plantas espalhadas em seus 12 metros de altura, na Rua Padre Agostinho, em frente ao Terminal do Campina do Siqueira.

O lugar foi batizado em homenagem a um gaúcho nascido em 1912 e que chegou ao Paraná para tentar instalar uma Estação Rodoviária em Foz do Iguaçu, o que não se concretizou. Com ele, vieram sua primeira mulher e seus sete filhos. Como seu objetivo não foi alcançado no Oeste, rumou para a capital.

Em 1953, retornou a Foz e colocou a mão na massa: foi vereador na cidades de Guaíra e Palotina e diretor da Santa Casa Monsenhor Guilherme de Foz do Iguaçu, onde ajudou a terminar as obras do hospital. Em 1984, recebeu o título de Cidadão Honorário de Foz e do estado do Paraná e em 1999 recebeu a Medalha da Ordem do Rio Branco, em nome da Santa Casa. A homenagem em forma de busto aconteceu em 2008, quatro anos após a sua morte.

Defensor dos ucranianos (foto 4)

Na Praça da Ucrânia, no Bigorrilho, não se esperava nada menos do que uma homenagem a um personagem que representasse o país que dá nome ao local. O escolhido foi o poeta Taras Chevtchenko (1814-1861), representado em uma estátua com 2,5 m de altura feita pelo escultor francês Charles André.

De origem pobre, Chevtchenko passou por diversas dificuldades. Perdeu a mãe aos nove anos e o pai aos onze. Decidido a ser artista, viajou pela Varsóvia e Lituânia antes de chegar à Rússia, para estudar pintura. Com a ajuda de amigos, que rifaram um de seus quadros, o jovem deixou de ser um serviçal e pode usufruir de uma liberdade criativa jamais experimentada.

Começou então a escrever poemas sobre as diferenças sociais, o que o levou a ser preso em 1847 e proibido de escrever e pintar.

Sempre preocupado com o seu país natal, Chevtchenko retornou à Ucrânia em 1859 e escreveu diversos poemas contando sobre seu retorno. Em seus poemas exprimia a preocupação com a liberdade do seu povo, além de contribuir com cartilhas e jornais editados em ucraniano.

O poeta é considerado o fundador da literatura ucraniana moderna e seu maior livro é o Kobzar.

Esperanto na Praça Portugal (foto 5)

No Alto da Glória, ao lado da Paróquia Nossa Senhora do Pérpetuo Socorro, famosa pelas suas novenas nas quartas-feiras, e do Estádio Couto Pereira, casa do Coritiba, se esconde a Praça Portugal. Nela pode-se encontrar o busto de um personagem bem inusitado, o médico Ludwik Lejzer Zamenhof. O polonês é o criador do esperanto, a língua artificial mais bem-sucedida no mundo.

Zamenhof nasceu em 1859 em uma cidade do Império Russo que depois se tornaria Polônia. Sua língua materna era o russo, falado pelo seu pai. Mas ele também falava iídiche, por causa da sua mãe, e o polonês. Como seu pai era professor de alemão, ele também falava essa língua e depois aprendeu a falar francês, latim, grego e inglês.

Convivendo com tantos idiomas diferentes não é difícil imaginar que Zamenhof se sentia como na Torre de Babel. E desde cedo ele começou a estudar a possibilidade de criar uma língua que pudesse ser universal, de gramática simples.

Em 1887, conseguiu dinheiro para publicar seu livro em russo, sob o pseudônimo de Doutor Esperanto. Para Zamenhof, a língua era uma forma de manter a coexistência de diferentes culturas.

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