Em livro que acaba de ser publicado na Itália, o papa Francisco fez duras críticas à teoria de gênero e se disse em “sintonia total” com o pensamento de João Paulo II no que diz respeito ao ensinamento sobre o celibato na Igreja. Intitulada de “San Giovanni Paolo Magno” (“São João Paulo, o Grande”), a publicação transcreve uma entrevista dada ao sacerdote italiano Luigi Maria Epicoco, entre junho de 2019 e janeiro de 2020.
“Um lugar [de ação do mal] é a teoria de gênero”, disse o papa. “Quero esclarecer imediatamente que não estou me referindo a pessoas com orientação homossexual. O Catecismo da Igreja Católica nos convida a acompanhá-las e a prestar assistência pastoral a esses irmãos e irmãs”, acrescentou.
Segundo o papa, a teoria de gênero tem o objetivo cultural “perigoso” de apagar as distinções entre homens e mulheres, “destruindo suas raízes”.
“Minha referência é mais ampla e se refere a uma perigosa raiz cultural. Ela se propõe, de forma implícita, a destruir o projeto de Deus para a criação, que Deus quis para cada um de nós: a diversidade, a distinção. Quer converter tudo em homogêneo, neutro. É um ataque à diferença, à criação de Deus e a homens e mulheres”.
“Se digo isso”, continuou o papa, “não é para discriminar ninguém", mas para alertar a todos contra o perigo dessa ideologia. “É um projeto ideológico que não leva em conta a realidade, a verdadeira diversidade das pessoas, a unicidade de cada um, a diferença de cada um (...). Não é apagando a diferença que vamos nos aproximar, mas acolhendo o outro em sua diferença”, repetiu.
“Na teoria de gênero se quer impor uma ideia à realidade, de maneira sutil. O objetivo é minar a base da humanidade em todos os âmbitos e em todas os programas educativos possíveis, e está se convertendo em uma imposição cultural que, em vez de nascer de baixo é imposta do alto por alguns Estados como único caminho cultural possível a se adequar”, afirmou.
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Celibato
Perguntado se achava que a abolição do celibato obrigatório seria uma solução para a falta de padres, o papa se referiu a essa condição como uma “graça”. “Estou convencido de que o celibato é um dom, uma graça e, seguindo os passos de Paulo VI, João Paulo II e Bento XVI, sinto fortemente a obrigação de pensar no celibato como uma graça decisiva que caracteriza a Igreja Católica Latina. Repito: é uma graça”, respondeu.
A declaração antecede a publicação oficial do documento final do Sínodo da Amazônia, que será feita nesta quarta-feira (12). No documento apresentado em outubro de 2019, não aprovado pela Igreja, padres liderados pelo cardeal brasileiro Claudio Hummes recomendaram a permissão da ordenação de padres em áreas remotas da região amazônica.
O padre Luigi Maria Epicoco também perguntou ao papa sobre a posição teológica de João Paulo II de ser contrário à ordenação de mulheres pelo fato de, entre outros motivos, Jesus ser homem e ter escolhido apenas apóstolos do sexo masculino. “A questão não está mais aberta à discussão porque o pronunciamento de João Paulo II foi definitivo”, afirmou o papa.
Ele disse ainda que quem defende a ordenação de mulheres “não entende que o sacerdócio é uma função”, que o seu caráter masculino não diminui a importância das mulheres na Igreja e citou, como exemplo disso, o papel da Virgem Maria para a fé católica.
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