A conexão perigosa entre a enxaqueca com aura – dor de cabeça intensa precedida por distúrbios visuais, como manchas brilhantes e visão borrada, ou formigamentos nas pernas e braços –e o acidente vascular cerebral (AVC) não é novidade para a comunidade médica internacional, mas muitas pessoas ainda ignoram que essa dor pode ser um sério fator de risco. De acordo com pesquisas, quem tem crises de enxaqueca com aura apresenta até três vezes mais chances de sofrer um AVC.
Não raramente a enxaqueca com aura é confundida com outros problemas de saúde. Se for só dor de cabeça e falta de equilíbrio, muitos médicos dizem que é labirintite. Se a dor na cabeça vier acompanhada de dores no estômago, falam que é gastrite.
Mulheres com esse tipo de problema e que fazem uso de anticoncepcional oral são ainda mais vulneráveis. “O anticoncepcional reduz as proteínas no sangue que protegem do derrame. Mas isso não acontece em toda mulher que usa anticoncepcional. É a exceção da exceção, mas é preciso tomar cuidado, obviamente”, comenta o neurologista Élcio Juliato Piovesan, do Hospital de Clínicas de Curitiba.
A médica neurologista Thaís Villa, que chefia a Clínica de Cefaleias do Hospital do Coração de São Paulo (HCor), explica que a dor de cabeça deve virar motivo de preocupação quando a pessoa for acometida por pelo menos três crises moderadas – que acabem atrapalhando o desempenho diário – em um único mês. Nesses casos, o indicado é que os pacientes procurem um especialista para tratar não só a dor, mas também a fonte da dor, que pode levar a doenças mais graves.
Atenção redobrada
Um dos pontos que deve ser considerado para o diagnóstico da enxaqueca com aura é a duração dos episódios que antecedem a cefaleia.“Não raramente a enxaqueca com aura é confundida com outros problemas de saúde. Se for só dor de cabeça e falta de equilíbrio, muitos médicos dizem que é labirintite. Se a dor na cabeça vier acompanhada de dores no estômago, falam que é gastrite”, diz Thaís.
Élcio explica que a aura relacionada a enxaqueca dura de 5 a 60 minutos antes de a dor começar. “Observar o período é muito importante, porque essa dinâmica só ocorre com a enxaqueca”, diz. Outro fator que ele destaca é a relação entre a duração da aura e a intensidade da dor. “Quanto mais tempo demora a passar a aura, mais intensa é a dor de cabeça. Essa relação é bem evidente”, afirma.
Em caso de diagnóstico correto, o tratamento compreende diversas atividades diferentes, incluindo uma observação do cotidiano do paciente, como explica a neurologista Vanessa Rizelio, do Instituto de Neurologia de Curitiba. “O tratamento é uma associação de fatores. A alimentação é importante, a questão do sono também”, comenta. O paciente também deve praticar exercícios físicos e evitar situações de picos emocionais.
A neurologista do HCor conta que os medicamentos indicados variam de caso a caso. Há situações em que é tratada apenas a dor, e outras em que é feito um tratamento prolongado, com o uso de medicações diariamente.
Dependendo da avaliação médica, o uso de anticoncepcional também pode ser suspenso. Para tomar essa decisão, um exame de sangue que indica os níveis de proteína S livre no organismo é um subsídio importante. Quando os níveis dessa proteína estão baixos, é sinal de que o organismo está menos protegido de um AVC, o que pode ter sido causado pelo anticoncepcional. “É preciso avaliar caso a caso para saber quais medidas serão adotadas”, comenta Vanessa.
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