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Adriana Karam Koleski, do Grupo Opet, é a coordenadora do PEA-Unesco no Paraná | Arquivo/Opet
Adriana Karam Koleski, do Grupo Opet, é a coordenadora do PEA-Unesco no Paraná| Foto: Arquivo/Opet

Há cerca de 60 anos, o mundo convivia com o trauma da Segunda Guerra e buscava formas de evitar novos conflitos. Foi nesse cenário que surgiu, em 1953, o Programa das Escolas Associadas à Unesco (PEA), que partia do pressuposto de que “se a guerra nasce na mente dos homens, é lá que ela deve ser combatida”. O PEA está presente hoje em 181 países, incluindo o Brasil, onde 300 instituições de ensino estão associadas ao programa e se reunirão na próxima semana para discutir os desafios da formação de uma Cidadania Planetária. O 21.º Encontro Nacional do PEA-Unesco será realizado em Curitiba, de 30 de setembro a 2 de outubro. Veja a seguir a entrevista concedida à Gazeta do Povo pela coordenadora regional do PEA no Paraná, Adriana Karam Koleski, superintendente do Grupo Opet.

O objetivo fundamental do PEA é criar uma rede internacional de escolas que trabalhem pela ideia da cultura da paz. Como isso é feito, em termos práticos, no cotidiano das instituições de ensino?

As escolas associadas têm algumas responsabilidades. Essencialmente precisam trabalhar projetos ligados a quatro temas centrais: aprendizagem intercultural (saber reconhecer as diferenças culturais para construir sociedades equilibradas, em que diferentes vozes sejam valorizadas), paz e direitos humanos, desenvolvimento sustentável, além dos temas prioritários das Nações Unidas. O ano de 2015, por exemplo, foi proclamado pela ONU como o Ano Internacional da Luz. Em uma das escolas que eu acompanho de perto, a Opet, trabalhamos a luz sob a ótica do cinema. Os alunos discutiram como o cinema retrata a diversidade cultural, a paz e os direitos humanos.

Quantas escolas são associadas ao programa no Paraná? Há instituições públicas e privadas?

Somos em 11 escolas de educação básica associadas no Paraná, todas privadas. Hoje há orientação da Unesco para que ampliemos a participação de escolas públicas, que são muito poucas no Brasil. Temos dificuldade porque o programa exige uma liderança interna na instituição de ensino que o sustente. Na escola particular essa liderança é feita pela diretoria, que muitas vezes também é a mantenedora da escola. Já na pública temos situação de troca de diretores. Quando outra pessoa assume nem sempre o programa é entendido e permanece como prática da escola. Essa é a minha grande missão hoje como coordenadora regional do programa.

As escolas do Paraná estabelecem relações entre si?

Isso é bem interessante. Teoricamente as escolas poderiam atuar de modo individual, mas aqui em Curitiba decidiram fazer trabalhos em conjunto. Desde então temos realizado projetos colaborativos. No ano passado trabalhamos com o tema paz. Em cada escola, os alunos tinham como tarefa produzir um material audiovisual que refletisse o que pensavam sobre a paz e como poderiam contribuir para construir relações que estabelecessem a paz. Ao final fizemos um fórum com alunos de diferentes escolas, que debateram como trabalhar por uma cultura de paz.

21.º Encontro Nacional PEA-Unesco

Quando: 30 de setembro a 2 de outubro

Onde: Hotel Bourbon (Rua Cândido Lopes, 102, Centro de Curitiba)

Abertura: 30 de setembro, às 19h, no auditório do Museu Oscar Niemeyer

Informações e inscrições: (11) 5685-1300 e www.peaunesco.org.br/encontro2015

A participação no programa facilita o contato das escolas com boas práticas internacionais? Há troca de experiências?

Sim, a rede existe em 181 países e, via de regra, recebemos representantes de outros lugares. Neste ano vamos receber a coordenadora do programa em Portugal. As escolas têm possibilidade de estabelecer parcerias e trabalhos conjuntos. A coordenação do programa também promove viagens internacionais para os professores. São projetos feitos por adesão.

Quem financia as atividades promovidas pelo programa?

As próprias escolas. Este é um projeto que não recebe aporte financeiro da Unesco. O essencial para participar é a implantação de projetos que tratem de temas centrais do programa, o que depende mais de liderança interna e atitude do que de recursos financeiros.

Escolas

No Paraná, participam do programa as escolas Opet, Bastos Maia, Bom Jesus, Positivo, Saint Germain, Nossa Senhora de Sion, Escola da Colina, Escola de Educação Especial São Francisco de Assis, Escola Magnus Domini, Escola Nilza Tartuce e St. James International School.

É possível sentir mudanças nas escolas após a adesão ao programa?

Sim, isso é claro no relato das escolas, que começam a evidenciar mais o seu trabalho em cima de valores e a se preocupar mais com isso. Elas passam a enriquecer a sua identidade.

O 21.º Encontro Nacional do PEA-Unesco vai analisar os desafios da formação de uma Cidadania Planetária. O que significa buscar uma cidadania planetária e que assuntos específicos serão debatidos nesse evento?

A cidadania planetária está muito ligada à questão de enxergar a nossa realidade de modo mais amplo. Hoje as relações não são lineares, são complexas, há conexão muito grande entre todas as pessoas do mundo. Precisamos desenvolver nos alunos a capacidade de se perceberem como participantes de um contexto maior, perceberem que sua ação local gera consequências globais e que ações globais geram consequências locais.

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