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Peregrinos acompa­nham a missa presidida pelo papa, em Copaca­bana: em 20 anos, Igreja perdeu 22,4% dos fiéis | Maria Luiz Mesquita/Reuters
Peregrinos acompa­nham a missa presidida pelo papa, em Copaca­bana: em 20 anos, Igreja perdeu 22,4% dos fiéis| Foto: Maria Luiz Mesquita/Reuters

Opinião

E não é que deu certo?

Não faltava gente que acreditava no fracasso da Jornada Mundial da Juventude 2013, no Rio de Janeiro. Havia muitos motivos: às portas do início do evento, as obras em Guaratiba, local em que estavam programados os atos centrais do evento, ainda estavam inacabadas; a contratação de serviços de saúde ainda não havia sido feita; faltavam voluntários e inscrições de peregrinos.

Quando a JMJ começou, novos indícios de que algo não ia bem. Problemas sérios no transporte público do Rio de Janeiro, alguns alojamentos precários, falta de informações aos peregrinos, confusão nas entradas dos atos – Força Nacional, Polícia Militar e as pessoas da organização não se entendiam e mandavam os peregrinos de um lugar para outro, cometendo erros básicos, como deixar padres que iam celebrar a missa, por exemplo, quatro horas na fila errada –, etc.

E, diante de todo esse caos, a JMJ terminou de forma exultante. Apesar das dificuldades – os peregrinos chegaram a esperar três horas para ter acesso a um banheiro químico, de cheiro insuportável, para dizer o mínimo – o clima nas ruas do Rio de Janeiro era de agradecimento ao papa pela oportunidade de vê-lo tão perto. E não houve grandes tumultos ou problemas graves de segurança, apesar dos furtos aos participantes da Jornada.

O evento foi um grande teste para a Copa do Mundo. Agora é fiscalizar e, na onda da JMJ, rezar para que as autoridades tenham aprendido a lição e façam um pouquinho melhor em 2014.

Denise Drechsel, enviada especial da Gazeta do Povo na Jornada Mundial da Juventude 2013.

Antes de deixar o Brasil, perto das 19h30 de ontem, o papa Francisco deixou um desafio aos participantes da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) 2013: trazer mais fiéis para a Igreja Católica. A mensagem foi bem clara, diante de uma instituição que viu diminuir o número de adeptos nos últimos anos. Dados do Censo 2010, do IBGE, mostram que o número de pessoas que se declara católica encolheu 22,4% em 20 anos. E a meta se torna mais alta ainda, tendo-se em conta que Francisco não está disposto a abrir mão da posição da Igreja em temas polêmicos para atrair mais fiéis, como a proibição do aborto ou a de equiparar a união homossexual com o casamento entre homem e mulher.

Quem estava na praia de Copacabana ontem escutou uma síntese do que foi pregado pelo papa nos últimos dias. Enquanto Bento XVI frisava nos seus discursos a necessidade de aumentar a qualidade doutrinal dos próprios católicos sem insistir tanto na quantidade, Francisco foi bem mais enfático em querer as duas coisas. Usando as palavras bíblicas, lema da própria JMJ, exortou os jovens a trazer "discípulos", de todos os lugares. "Não tenham medo de ir e levar Cristo para todos os ambientes, até as periferias existenciais, incluindo quem parece mais distante, mais indiferente", reafirmou.

O tema da necessidade do fortalecimento das relações humanas, em detrimento do individualismo, também foi uma estratégia utilizada pelo papa para reforçar a importância da união dos fiéis na igreja. Ao criticar egoísmo e instigar ao serviço, Francisco pediu aos jovens uma vida atraente para despertar em outros o interesse por Deus. "Evangelizar significa testemunhar pessoalmente o amor de Deus, significa superar os nossos egoísmos, significa servir, inclinando-nos para lavar os pés dos nossos irmãos, tal como fez Jesus", exemplificou. Esse testemunho, acredita Francisco, fará com que as pessoas recebam com mais facilidade as mensagens da Igreja e tentem, de fato, viver de acordo com a moral católica, mesmo nos aspectos mais difíceis.

Encíclica

Vaticanistas atentos às palavras do papa durante a JMJ perceberam que, ao longo da semana, o pontífice não fez nada mais do que repetir, em linguagem popular, o conteúdo da Carta Encíclica Lumen Fidei, publicada no último mês de junho, escrita em parceria com Bento XVI. O documento discorre sobre os motivos de credibilidade da Igreja Católica e faz uma apologia de defesa positiva contra as principais críticas feitas contra ela.

Despedida

"Rezem por mim e até breve", diz papa ao deixar o Brasil

Da Redação, com Folhapress

O papa Francisco encerrou sua visita de uma semana no país com um discurso de agradecimento no Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, ontem à noite. Ele entrou no avião por volta das 19h20, com destino a Roma.

No 14º pronunciamento feito no país, o pontífice disse já estar com saudades do Brasil. Lembrou da prece que fez a Nossa Senhora Aparecida para todos os brasileiros e, mais uma vez, dirigiu a palavra aos jovens, através de quem, diz, o mundo espera uma "nova primavera".

"O papa vai embora e lhes diz ‘até breve’, um ‘até breve’ com saudades, e lhes pede, por favor, que não se esqueçam de rezar por ele", falou a uma plateia de convidados no aeroporto.

A Jornada Mundial da Juventude, que se estendeu pela última semana no Rio, marcou a primeira viagem internacional de Francisco. Primeiro papa latino-americano, o argentino assumiu o posto no início deste ano após a renúncia de Bento XVI.

Em discurso proferido em Aparecida (SP), o pontífice prometeu voltar ao Brasil em 2017, ano do aniversário de 300 anos da santa. Francisco praticou um estilo simplista nos compromissos que cumpriu ao longo dos dias da Jornada. Esforçou-se para discursar em português, usando palavras fáceis e expressões coloquiais para se aproximar dos peregrinos. E, passada uma semana, caiu literalmente nas graças do povo.

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