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O governo do Paraná anunciou, na noite desta segunda-feira (28), o cancelamento de 3.177 placas reservadas, usadas em viaturas da segurança pública do estado. A medida faz parte de um pacote definido pelo governador em exercício Flávio Arns, em razão de denúncias apresentadas pela série "Polícia Fora da Lei", da Gazeta do Povo. As reportagens mostraram, entre outras coisas, que a cúpula da Polícia Civil faz uso pessoal de carros oficiais – os chamados "mordomóveis" – que deveriam ser usados exclusivamente no trabalho de investigação.

As medidas foram definidas em reunião da qual participaram, além de Arns, o secretário de Segurança Pública, Reinaldo de Almeida César e a cúpula da Polícia Civil. De acordo com uma nota oficial divulgada pelo governo do estado, as placas devem ser recolhidas em dez dias e as autorizações para uso de novas chapas reservadas vão ser emitidas após avaliação da Secretaria de Segurança Pública (Sesp) e da Casa Militar.

Ainda em relação às viaturas, o governo promete publicar uma resolução estabelecendo novas normas para a utilização de veículos da frota da Polícia Civil. O governador designou ainda o delegado Walter Baruffi Filho para investigar as denúncias apresentadas pela Gazeta do Povo. Oito delegados do alto comando da Polícia Civil foram flagrados continuamente pela reportagem usando viaturas para fins pessoais. Cinco servidores também foram surpreendidos com "mordomóveis".

O pacote também inclui uma medida que recolhe todos os veículos e servidores da Sesp que estavam em desvio de função, ou seja, alocados em outros setores da administração pública. Paralelamente, deve ser criado um grupo de trabalho para dar destino adequado a todos os veículos considerados "inservíveis" que estão sob a guarda de delegacias de Polícia. A reportagem flagrou, por exemplo, um Kadet ano 1993, que está abandonado há anos na delegacia de Nova Santa Rosa, mas que, ainda assim, continua a receber cota de combustível.Outras medidas

Dentre as outras medidas, está uma que envolve um tema controverso: o das diárias pagas a servidores da Segurança Pública, quando fazem viagens oficiais. O governo promete uma revisão e reforço dos sistemas de controles desta modalidade.

Os outros itens anunciados não são novidade. O governo vai contratar uma instituição para elaborar a reestruturação da segurança pública, com ênfase na Polícia Civil. O estado promete ainda abrir concurso público para contratar novos delegados e acelerar a transferência de presos das delegacias.

A série

Ao longo de cinco meses, quatro jornalistas da Gazeta do Povo analisaram as contas da Polícia Civil e constataram que 205 dos 399 municípios não têm um policial civil sequer. Para essas cidades, a Polícia Civil destinou R$ 22,6 milhões nos últimos oito anos. A reportagem visitou 16 destas cidades e constatou que o dinheiro que sai dos cofres da corporação não chega às unidades. A equipe descobriu casos como o de Guaraqueçaba, no Litoral do estado, e de Cruzeiro do Sul, no Noroeste, em que as delegacias estão desativadas há anos, mas que continuam a receber verba pública.

A série também mostrou que boa parte dos mais de dois mil carros oficiais da Polícia Civil estão em desvio de função. A maioria destes veículos tem sido usada por delegados, escrivães e investigadores para fins pessoais. Até mesmo a cúpula da corporação faz uso dos chamados "mordomóveis".

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