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O médico Silvio Tolentino e a enfermeira Renata Tomazella prestam atendimento domiciliar ao padre José Carlos Santana: cobertura do programa Saúde da Família na cidade chega a 78,3% |
O médico Silvio Tolentino e a enfermeira Renata Tomazella prestam atendimento domiciliar ao padre José Carlos Santana: cobertura do programa Saúde da Família na cidade chega a 78,3%| Foto:

Saúde da Família atende 55,4% dos paranaenses

O exemplo de Lobato serve como referência de como funciona o Programa Saúde da Família (PSF), desenvolvido pelo governo federal. Através de equipes multiprofissionais em unidades básicas, seu objetivo é acompanhar um número definido de famílias localizadas em uma área geográfica delimitada. Em todo o Paraná, o programa atende 5,7 milhões de pessoas, o equivalente a 55,4% da população do estado.

Segundo o Ministério da Saúde, a ampliação do PSF nos municípios depende de solicitação das prefeituras. Para o presidente da Associação dos Municípios do Paraná (AMP) e prefeito de Piraquara, Gabriel Samaha, os números de cobertura verificados no estado devem ser comemorados. "É preciso fazer um corte naquela parcela da população que não é usuária do sistema público de saúde. Olhando assim, esse porcentual de 55% é bastante significativo", avalia.

Ao todo, 1,8 mil equipes estão distribuídas em 387 municípios. Segundo dados de setembro deste ano, apenas 12 cidades não estão inseridas no programa. Essas equipes atuam com ações de promoção da saúde, prevenção, recuperação, reabilitação de doenças e agravos mais frequentes. Cada equipe é formada por médico, enfermeiro, auxiliar de enfermagem e agente comunitário de saúde.

  • Em Lobato, a família de Expedito Machado tem atendimento médico assegurado pelo município:
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Para quem vive nas grandes cidades, receber uma equipe médica em casa, sem enfrentar filas em hospitais ou postos de saúde, parece algo inimaginável. Mas em Lobato, a 460 quilômetros de Curitiba (Região Noroeste), essa é a realidade da maioria dos moradores. A proximidade com o médico e a facilidade de receber o diagnóstico em casa está fazendo a diferença na vida de seus 4,4 mil habitantes. Segundo o Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), Lobato é um dos municípios com maior qualidade de vida no Paraná, graças, principalmente, aos bons indicadores na área de saúde, como o elevado número de consultas pré-natais e a quantidade reduzida de óbitos infantis.A cidade detém o segundo melhor Índice Ipardes de Desempenho Municipal (IPDM), que mede o grau de desenvolvimento humano entre os municípios paranaenses. Para chegar a esse denominador são consideradas estatísticas referentes às áreas de saúde, educação, emprego e renda. Na última avaliação, em 2008, o município obteve um índice de 0,8360, ficando atrás apenas de Curitiba (0,8509).

Apenas uma unidade de saúde concentra o atendimento de todo o município, que não tem hospital. São seis médicos em atividade, que através do Programa Saúde da Família prestam atendimento domiciliar a 3,4 mil moradores, uma cobertura de 78,3%. Segundo o médico Silvio Tolentino, como a população da cidade é reduzida, é possível acompanhar de perto a situação de cada família. "Nós sabemos qual o problema de cada uma, como estão sendo tratada e se estão sendo tomados os devidos procedimentos", explica.

Uma das famílias que recebem acompanhamento direto é a do casal de aposentados Expedito e Ana do Rosário Machado, que vivem com um filho portador de síndrome de Down. Eles chegaram a Lobato há 16 anos, vindos de Santo Inácio (Noroeste). Além dos cuidados assegurados ao jovem, garantem estar com a saúde em dia. "Tive problema de pressão alta, mas agora está controlado. O doutor não deixa a gente se descuidar", brinca Expedito.

Disposição é o que não falta em José Cardoso Santana, o Padre Zezinho. Mesmo com uma doença grave, que há oito anos lhe tirou os movimentos das pernas e dos braços, ele segue com suas atividades normalmente, rezando missas e interagindo com a comunidade. "Moro há 22 anos nessa cidade e acho que vou morrer aqui mesmo. Gosto das pessoas e a cidade tem tudo o que preciso", assegura.

A secretária municipal de Saúde, Vanessa Russiano Garcia, credita o bom resultado no IPDM aos investimentos feitos no setor. "Nós investimos principalmente na atenção primária e na distribuição de medicamentos", frisa. Ainda assim, ela acredita que é necessário ampliar a estrutura de atendimento. O município não conta com serviços em algumas especialidades, como ortopedia. Estes casos, assim como aqueles que demandam internamento hospitalar, são encaminhados para outros municípios.

Educação e emprego

Outros fatores contribuem para a qualidade de vida em Lobato. A taxa de abandono escolar é próxima de zero no ensino fundamental e de 3,9 no ensino médio, número considerado baixo. Já no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) a cidade aparece entre as 45 melhores colocadas no estado. Na área de emprego e renda, Lobato sedia uma indústria de alimentos, que gera em torno de 400 empregos diretos e movimenta a economia do município.

Prevenção faz a diferença

Ações de prevenção na saúde podem fazer a diferença no desempenho dos municípios no IPDM. A avaliação é do economista do Ipardes Francisco Castro, para quem o resultado da avaliação reflete boas políticas desenvolvidas pelos gestores municipais. "Os indicadores de saúde estão relacionados a algumas atribuições dos municípios, especialmente na atenção básica. Em função disso, a prevenção conta muito", aponta.

Medidas preventivas reduzem o número de óbitos por causas evitáveis e mal definidas, duas estatísticas consideradas pelo Ipardes para elaboração do IPDM. "Por isso, o número de consultas pré-natais também é de extrema importância." Na área de educação, a responsabilidade do município é menor, visto que estão entre suas atribuições apenas os ensinos infantil e fundamental.

Indicador anual

Um dos objetivos do IPDM, de acordo com o economista, é nortear políticas públicas para as prefeituras. O índice foi criado como uma alternativa ao Índice de Desenvol­vimento Humano (IDH), apurado pelo Censo do IBGE, mas com um intervalo de dez anos. "As prefeituras não tinham um indicador anual, através do qual pudessem avaliar a gestão pública com base em indicadores sociais. Por esses dados, é possível avaliar o que está sendo feito e o que precisa ser atacado".

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