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Algumas cansaram de ficar esperando os maridos médicos chegarem em casa e ter tempo para elas e para os filhos. Outras, com profissão própria e independentes financeiramente, perceberam que eles precisam de uma mãozinha no trabalho. Por um motivo ou por outro, o fato é que elas tomaram a frente da administração dos consultórios ou das clínicas dos seus maridos oftalmologistas.

E para se aperfeiçoar ainda mais no novo ofício, cerca de 50 mulheres de médicos oftalmologistas participaram, neste semana, do Fórum de Administração para Esposas de Médicos, que fez parte da 31.ª edição do Congresso da Associação Paranaense de Oftalmologia, que começou na quinta-feira e termina hoje, em Curitiba.

No fórum, que ocorreu na última quinta-feira, elas discutiram e receberam orientações sobre decoração, atendimento e outros detalhes que ganham mais atenção com o olhar feminino. Este foi o primeiro fórum no Brasil que reuniu mulheres de médicos para este fim. A concepção do evento é da médica oftalmologista Tânia Schaefer, presidente da Associação Paranaense de Oftalmologia e coordenadora do congresso.

Ela observou que cada vez mais mulheres auxiliam os maridos na parte administrativa de seus consultórios e clínicas, e resolveu propor o seminário. "É difícil para o médico cuidar da medicina e da administração ao mesmo tempo. Como o trabalho do médico também é um negócio, temos de ter alguém que cuide da parte administrativa", diz.

No caso dela, o marido também é médico e não pode ajudá-la na administração do consultório. "Nós tivemos de contratar um funcionário, mas o cônjuge podendo ajudar é melhor, pois o casamento é uma sociedade real, tanto afetiva como comercial", opina.

Cumplicidade

A participante do fórum Ellen Van Den Berg é casada há 25 anos com o médico oftalmologista Artur Van Den Berg Júnior. Ela é empresária do ramo de bijuterias, designer e também administradora do consultório do marido, atividade que começou a exercer há 15 anos e, garante, faz bem a ela, ao marido e ao casamento. "Ganhamos mais cumplicidade", diz.

Para exercer a função, Ellen tem táticas especiais. "Tem de saber a hora de dar pitaco e mudar as coisas no consultório, para que ele não se irrite", diz. Ela conta que em casa também deve haver trato especial: é necessário ser compreensiva. "Quantas vezes estava pronta para sair e ele não pôde ir junto, ou minhas amigas nos convidavam para jantares e ele não podia me acompanhar", lembra. Ela diz que tenta não incomodar o marido com problemas domésticos para que ele esteja tranqüilo para realizar as cirurgias. "A esposa de médico tem de ser pai, mãe, dona de casa, tudo. Em casa ele não troca uma lâmpada", conta.

Quando questionada se é importante também o contrário, ou seja, que o marido ajude na administração do consultório da esposa médica, tem uma resposta bem definida: "Acho que o contrário não dá muito certo, os homens acabam se sentindo inferiorizados." Ellen não se sente menos importante, tem profissão própria e faz questão de mantê-la. "Nós, mulheres, somos mais inteligentes", opina. Marlene Holzchuh, participante do fórum, veterinária e esposa de médico, concorda. "Tenho minha profissão, quando ele precisa dou uma ajuda e acerto as coisas", diz.

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