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Até 20 de janeiro, estação coletou 2,3 mil quilos de resíduos | Hugo Harada/Gazeta do Povo
Até 20 de janeiro, estação coletou 2,3 mil quilos de resíduos| Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo

Monitoramento

Secretaria garante que não vai cortar material cedido a associação

A Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMMA) informa que está na fase de monitoramento do processo para avaliação de necessidade de adequações e aperfeiçoamentos, com previsão de um ano.

Por meio de nota da assessoria de imprensa, a secretaria garante que não vai cortar qualquer material cedido para a associação manter a estação.

"A frequência de três coletas semanais, que se apresenta como necessária para alguns tipos de resíduos, tem sido tratada com muita flexibilidade por parte da prefeitura, que analisa maneiras de apoiar este ponto. Neste momento, a secretaria auxilia a Associação Futuro Ecológico com o transporte quando é necessária a coleta mais que uma vez por semana, necessidade que reflete a boa aceitação pela população", diz trecho do comunicado.

A prefeitura ressalta que não existe a possibilidade de corte de materiais para a associação. "O contrato prevê que a associação é a responsável pelo recolhimento dos materiais depositados pela população assim como a limpeza da estação", diz outro trecho da nota.

A proposta de que o cidadão separe e leve o material reciclável até um contêiner adaptado, em vez de ficar esperando o caminhão do Lixo que não é lixo passar na porta de casa, parece estar num ritmo mais lento do que o esperado pelo município. A primeira Estação de Sustentabilidade, instalada para atender três bairros da capital – Boa Vista, Cabral e Bacacheri –, completa dois meses hoje, com pouco mais de 2,3 mil quilos de resíduos coletados (o volume informado pela prefeitura refere-se até o último dia 20).

A capacidade do contêiner é de 5,7 mil litros. Catadores da Associação Futuro Ecológico, do bairro Parolin, responsável por buscar o material, reclamam do baixo volume de resíduos, que "não paga a gasolina da Kombi".

Chefe de um dos sete grupos da associação, formada por 22 catadores, Luciano dos Santos relata que, até poucos dias, eles buscavam o reciclável na estação a cada 10 ou 15 dias. Agora, segundo ele, a prefeitura está exigindo que a coleta seja feita três vezes na semana. "Não temos condições de fazer assim. Só duas pessoas têm Kombi. E o material lá, a cada 10 dias, dava abaixo de R$ 30. Uma vez na semana já não compensa", reclama.

O temor de Santos e de outros colegas é de que a prefeitura corte o material do Lixo que não é lixo caso descumpram as três coletas semanais. "Eles ligaram agora, disseram que a imprensa está indo lá filmar, e que vão cortar as outras doações [de resíduos] da prefeitura e de mercados, caso a gente não busque três vezes por semana."

Assessor de um grupo de catadores da Futuro Ecológico, Edimar Camargo acredita que uma boa conversa com o município pode resolver o imbróglio. "É preciso bom senso de ambas as partes. É a primeira estação, está no início. A divulgação está sendo bacana. Semana que vem podem abrir mais estações, e todos os lados seriam beneficiados. É minha opinião como um cidadão que paga impostos, não como representante de ninguém."

Camargo não soube dizer quanto a associação arrecadou com a venda do material da Estação de Sustentabilidade, mas garante que o valor do material está em baixa. "O que tem mais volume lá é garrafa, que é R$ 0,06 o quilo. Cada material tem um valor específico, mas é sempre baixo. A latinha baixou bastante, porque tem muita, funciona da mesma forma que o resto do mercado", explica. Separação ainda não segue rigorosamente as orientações

Instalada à esquerda de quem desce a rápida do Boa Vista, no cruzamento da linha do trem (na Rua Flávio Dallegrave), a primeira Estação de Sustentabilidade de Curitiba ainda é pouco conhecida pela população dos bairros do entorno. Em busca do endereço na semana passada, o carro da reportagem parou em três diferentes pontos, nas imediações do Cabral, pedindo referências, mas as pessoas afirmavam desconhecer o contêiner para depositar materiais recicláveis.

Apesar da limpeza e organização do local, as orientações de separação dos materiais não é rigorosamente seguida pela população. No compartimento de papelão, havia sacola de mercado com tecido dentro, pedaços de plástico e livros didáticos. Papelão, plástico e embalagem metálica de bombom foram depositados junto aos papéis coloridos. No espaço reservado a papéis brancos, encartes de propaganda e folhas coloridas. "Vem misturado, separamos aqui [no barracão]. Até tem [os compartimentos para] separação, mas papel é tudo papel. E, para nós, cada um é diferente", conta Luciano dos Santos.

Metais, cabos elétricos, plástico, papelão e jornal ocupavam o mesmo compartimento no dia em que a reportagem visitou o local. Embora haja um dispositivo para amassar as garrafas PET, todas são depositadas inteiras no espaço, ao lado de embalagens de produtos de limpeza e de bolos.

Proprietária da empresa que fica em frente à Estação, Ana Maria dos Santos, 52 anos, relata que diariamente pessoas depositam materiais. Segundo ela, a separação é feita ali na hora, sem maiores problemas. "Uma vez por semana trago também, só os resíduos que aceitam aqui", diz a moradora do Tingui, que também usa os serviços do Lixo que não é lixo para o restante dos resíduos recicláveis da casa.

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