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Passarela que liga Paranaguá à  Ilha dos Valadares está em situação crítica, de acordo com  laudo da prefeitura da cidade. | Débora Mariotto Alves/Gazeta do Povo
Passarela que liga Paranaguá à Ilha dos Valadares está em situação crítica, de acordo com laudo da prefeitura da cidade.| Foto: Débora Mariotto Alves/Gazeta do Povo

A estrutura da passarela que dá acesso à Ilha dos Valadares, em Paranaguá, no litoral do Paraná, está em situação “bem crítica”. A conclusão está em um laudo divulgado pela Prefeitura de Paranaguá, no fim de abril. Por causa da situação precária de travessia, um decreto do executivo municipal restringiu o tráfego de veículos sobre a passarela, proibindo a passagem de veículos automotores, elétricos, de tração animal ou a reboque.

Essa passarela que leva à Ilha dos Valadares – ilhota com aproximadamente quatro quilômetros de extensão e população estimada em 28 mil pessoas – nunca permitiu a passagem de veículos: só tem passe livre as viaturas de polícia, que fazem a ronda de segurança, e o transporte escolar. É, também, a única ligação por terra entre a ilha e a cidade de Paranaguá. Sem a ponte, os moradores dependem da balsa – que por vezes está quebrada – para romper o isolamento.

Entenda as restrições de tráfego na passarela da Ilha dos Valadares

Não podem passar:

- Veículos motores, elétricos, de tração animal e reboque ou semirreboque

Podem passar:

- Ambulâncias e viaturas leves, com a sirene ligada e em situação de emergência.

- Bicicletas, motonetas e motocicletas, desde que empurradas pelos condutores.

- Em casos de emergência, se não houver viaturas ou ambulâncias disponíveis, o guarda municipal de plantão pode autorizar a passagem de veículo.

O decreto 2547/2015, assinado pelo prefeito Edison de Oliveira Kersten (PMDB), cita que a medida restritiva de tráfego é uma forma de “salvaguardar a integridade física dos pedestres que transitam no local”. A prefeitura ressaltou, por meio de seu site, “que a medida é cautelar, pois não há risco de queda”.

Problema antigo

Os moradores da Ilha dos Valadares contam que o problema não é recente. “Dá pra sentir que ela [a passarela] treme quando a gente passa. Tem mais de cinco anos que está nessa situação, os engenheiros fazem laudos e dizem que está com problema. Precisaria construir uma ponte mesmo, porque na passarela não pode passar carro e a balsa vive quebrando”, reclama a comerciante Doraci Gonçalves Couto, moradora da região há 24 anos. Ela conta que, na terça-feira (12), ficou sem abastecer o estoque de bebidas de seu estabelecimento porque a balsa quebrou e o carro da distribuidora não chegou à Ilha.

Os moradores Cláudio Reis, há 15 anos na ilha, e Josiane Teixeira, que reside há 30 anos no local, acreditam ser necessária uma obra de emergência. “Se a estrutura está comprometida, tem que arrumar”, observa Josiane.

Sem opção

Com a nova determinação, a Polícia Militar, que faz o patrulhamento de segurança, não pode mais atravessar a passarela com viaturas, apenas se estiver em emergência. “Nós optamos por fazer a patrulha a pé e com motocicletas. Em caso de emergência, chamamos a viatura que, então, pode atravessar para a ilha. E também podemos utilizar a balsa”, explicou o comandante do 9° Batalhão de Polícia Militar, Major Nivaldo Marcelos.

Para o transporte escolar, a situação é mais preocupante. A ilha possui escolas que atendem a maior parte dos estudantes que residem na região, mas, em alguns casos, os alunos precisam estudar em bairros mais afastados e dependem dos veículos que não podem mais fazer a travessia

As crianças com deficiência, atendidas pela Escola Municipal Maria Nely Picanço, que é mantida pela Apae, estão entre as prejudicadas com o decreto. “São crianças com múltiplas deficiências e fica difícil para os pais trazerem até o lado de cá para pegarmos. Pela balsa, as crianças teriam de permanecer no veículo e nós não nos sentimos seguros com isso.”, explica a diretora da escola, Claudia Valéria Kossatz Silva.Segundo a diretora, são 21 crianças atendidas em dois turnos, sendo que seis são cadeirantes.

A travessia sem o carro também se torna complicada devido às mudanças climáticas, comuns nessa época do ano, e que acabam por paralisar o serviço de balsa. Para amenizar a situação e evitar que os alunos faltem às aulas, Claudia solicitou à Câmara de Vereadores de Paranaguá um carro que possa buscar as crianças que moram nas partes mais afastadas e levar até a cabeceira da passarela. A resposta deve sair em uma semana.

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