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O choro não é suficiente para aliviar o trauma da estudante universitária de 22 anos que denunciou ter sido vítima de violência sexual na tarde desta terça-feira (5) dentro de um ônibus de transporte coletivo de Curitiba. Graziela relatou que foi abusada por um homem de cerca de 50 anos, que teria se aproveitado da lotação do veículo para cometer o crime.

A jovem e outras duas meninas que disseram ter passado por problemas semelhante no transporte coletivo de Curitiba devem formalizar a denúncia por meio de boletim de ocorrência na tarde desta quarta-feira (6).

“Vou denunciar sim. Lembro um pouco do homem, ele não era nem alto nem baixo, tinha cabelo escuro. Mas, não sei se posso reconhecer. Para mim, agora, todos vão ser ele dentro do ônibus”, conta a estudante.

Por meio de sua assessoria de imprensa, a Secretaria Municipal Extraordinária da Mulher disse que a secretária da pasta, Roseli Isidoro, deve conversar durante a noite com a vítima, depois que voltar de uma viagem a trabalho. A secretária “colocou-se à disposição para apoiar a vítima nesse processo e também na superação do trauma causado pela agressão”.

O caso de Graziela ganhou notoriedade nacional depois que ela relatou o caso via Facebook. O post foi apagado,conforme a garota, porque a administração da rede social julgou que o texto “descreve atos sexuais”.

Campanha

A campanha “Busão Sem Abuso” - que visa informar a população a respeito do problema, estimular a denúncia e orientar sobre como agir em caso de abuso dentro do transporte coletivo - já á atendeu 107 ocorrências de assédio sexual e atos obscenos ou libidinosos no interior do transporte coletivo, que resultaram em 15 prisões em flagrante. Os dados são desde que a campanha começou, em 2014.

A Secretaria da Mulher lembra que em situações assim é importante denunciar, ligando imediatamente para o telefone 153 da Guarda Municipal e fornecendo informações precisas sobre a linha, o trajeto do ônibus e a descrição do acusado.

É importante ainda que a vítima de abuso registre oficialmente a ocorrência em delegacia de polícia para que essas informações ajudem nas investigações e na prevenção desses crimes.

Além disso, de acordo com a própria vítima, ela e alguns amigos receberam diversas ameaças enquanto o post estava no ar. A página dela também chegou a ser hackeada algumas vezes.

“Minha exposição está me fazendo muito mal, mas acho que é útil e necessário denunciar”, concluiu.

O caso

A situação – “mais do que traumática”, nas palavras de Graziela – ocorreu dentro de um ônibus da linha Centenário-Campo Comprido. A jovem entrou no coletivo depois de deixar um hospital no bairro Cristo Rei, no qual permaneceu por aproximadamente seis horas entre a espera e a consulta no pronto-atendimento.

Ao entrar no ônibus, que estava lotado, a estudante ficou parada próxima à porta de embarque (a chamada “porta 3”), e, logo após a entrada, percebeu a aproximação de um homem que ficou muito próximo ao corpo dela.

“Eu estava com um bolsa de lado e coloquei na frente. Veio esse senhor e ficou em cima de mim. Ele ficava encostando o tempo todo. Não que desse para andar dentro do ônibus, porque estava apertado, mas se eu dava um passinho, ele vinha junto, relando em mim o tempo todo”, relembra, aos prantos, Graziela, que decidiu sair do veículo um ponto antes do seu destino. “Eu percebi que ele começou a respirar muito forte e a fazer uns sons horríveis. Então, eu saltei um tubo antes”.

Graziela contou ainda que ao descer do ônibus xingou o homem, mas foi só depois de puxar a bolsa para o lado que percebeu a saia suja de esperma.

“Eu não sabia o que fazer. Pensava muito na minha mãe. Corri para casa, carreguei celular, tirei a foto da saia e mandei para a minha mãe. Depois, coloquei a saia na pia, fui enchendo de xampu, perfume, detergente, de tudo o que podia para tirar aquele cheiro horrível”.

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