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Os estudos de um cientista brasileiro abrem novas possibilidades de controle da malária e, no futuro, da dengue. Gustavo Rezende, do Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz), analisou a formação da casca impermeável dos ovos de mosquitos. Pesquisador do Laboratório de Fisiologia e Controle de Artrópodes Vetores (IOC), o biomédico identificou um conjunto de genes associados à impermeabilização dos ovos do mosquito Anopheles gambiae, principal transmissor de malária na África.

O estudo foi realizado no IOC e na Universidade de Califórnia em Berkeley, nos Estados Unidos, onde Rezende desenvolveu parte de seu doutorado. A equipe de pesquisadores utilizou um procedimento que "fixa" o embrião do A. gambiae: mata o embrião preservando todas as suas estruturas morfológicas e seu material genético.

No passo seguinte, os pesquisadores aplicaram uma técnica de biologia molecular denominada microarranjo, que permitiu comparar quais genes, dentre todo o genoma do mosquito, estavam sendo expressos em uma estrutura conhecida como cutícula serosa, provavelmente responsável por impermeabilizá-los e permitir que continuem viáveis mesmo após ficar no seco por muitas horas ou até dias, dependendo da espécie.

"Ao todo, identificamos cerca de 360 genes muito mais expressos na serosa do que no restante do embrião no momento da formação da cutícula serosa, alguns com expressão 20 vezes maior", conta Rezende.

Ainda que as descobertas estejam relacionadas com A. gambiae, os resultados podem ser importantes no combate da dengue. "Identificar os principais genes relacionados à impermeabilização dos ovos pode ser fundamental nos esforços de controle de populações de vetores", diz Rezende. "Hoje já existem inseticidas capazes de inibir a síntese de quitina [um açúcar muito presente na estrutura da cutícula serosa] do Aedes aegypti [o mosquisto transmissor da dengue]. Porém, nossas descobertas podem servir de base para conhecer melhor os processos de produção dessa e de outras moléculas importantes para os insetos."

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