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 | Rodolfo Buhrer/Gazeta do Povo/Arquivo
| Foto: Rodolfo Buhrer/Gazeta do Povo/Arquivo

Os primeiros estudos sobre a composição e atuação das pílulas de fosfoetanolamina produzidas e distribuídas pelo Instituto de Química da Universidade de São Paulo indicam que elas não são eficazes para o tratamento do câncer. Os testes foram realizados a pedido do Ministério da Ciência e da Tecnologia, que vai investir R$ 10 milhões ao longo de três anos em pesquisas sobre a fosfoetanolamina.

Foram avaliados as características e os componentes das cápsulas, o potencial delas de barrar a proliferação de células tumorais, o potencial mutagênico da substância e a dose máxima tolerada. Todos os testes fazem parte da etapa pré-clínica, que se dá antes das pesquisas em humanos.

Os testes mostraram que a fosfoetanolamina por si só não apresentou potencial para destruir células tumorais ou evitar a proliferação delas. Para a avaliação foram empregadas três metodologias diferentes e utilizadas células humanas de carcinoma de pâncreas e melanoma.

Irregularidades

Nos testes feitos pelo Laboratório de Avaliação e Síntese de Substâncias Bioativas da Universidade Federal do Rio de Janeiro se detectou uma irregularidade no peso das cápsulas enviadas para avaliação. Para cada uma, das 16 que foram abertas, um peso diferente foi encontrado. Em nenhum dos casos, o peso correspondia ao que diz no rótulo, que seria o peso de 500 mg.

Também foram avaliadas outras duas substâncias encontradas na cápsula fornecida pela USP: a monoetanolamina e a fosfobisetanolamina. Dessas, apenas a monoetanolamina mostrou potencial para combater tumores. Mesmo assim, ela se mostrou menos potente que outros antitumorais já utilizados.

Sobre a toxidade e o potencial mutagênico, o que se percebeu é que a cápsula não representa um risco. As pesquisas realizadas até o momento não detectaram atividade mutagência relacionada à fosfoetanolamina. A substância também não apresentou sinais que indicassem riscos de intoxicação em nenhum dos testes realizados.

Os estudos foram produzidos pelo Laboratório de Avaliação e Síntese de Substâncias Bioativas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (LASSBio/UFRJ), pelo Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos da Universidade Federal do Ceará (NPDM/UFC) e pelo Centro de Inovação de Ensaios Pré-Clínicos (CienP), de Florianópolis. Essas instituições foram convidadas pelo Ministério da Ciência e Tecnologia pára avaliar a segurança e eficácia da fosfoetanolamina.

Liberação

Os resultados desses estudos devem influenciar a votação do projeto de lei que libera a distribuição e o uso das cápsulas de fosfoetanolamina por pacientes com câncer até que sejam concluídos os testes sobre a substância. A matéria foi aprovada no começo deste mês pela Câmara dos Deputados. Na última quinta-feira (17), o texto foi aprovado pela Comissão de Assuntos Sociais do Senado e deve seguir nas próximas semanas para análise em plenário.

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