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Ministros elogiam resultado da ação da PF

Os ministros do governo Lula festejaram ontem, em público, o resultado da Operação Navalha. E aproveitaram para reforçar a mensagem que o presidente vem repetindo, de que a Polícia Federal (PF) age com independência. Para o ministro da Justiça, Tarso Genro, os efeitos da ação são positivos para o Estado brasileiro.

"Eles (os supostos infratores) não vão poder mais contabilizar propina na construção de obras públicas. Estamos muito contentes. A Polícia Federal vai continuar investigando e operando. Certamente outras operações virão", disse o ministro.

A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, reforçou a idéia da polícia que age sem interferências do Ministério da Justiça e do governo que não acoberta a impunidade. "Essa ação da Polícia Federal sinaliza que a impunidade não existe e que, portanto, a pessoa tem de pensar duas vezes ao pretender isso.", afirmou.

O ministro de Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia, disse a Operação Navalha foi positiva e não vai interferir no cronograma do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), uma vez que a quadrilha fraudava licitações públicas em obras federais de todo o país.

Brasília – A Polícia Federal desbaratou ontem uma quadrilha especializada em roubar dinheiro público por meio de fraudes em licitação de obras do governo. Por ordem da ministra Eliana Calmon de Sá, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), foram presos 46 membros da organização, entre os quais o deputado distrital Pedro Passos (PMDB-DF), o ex-governador do Maranhão, José Reinaldo Tavares (PTB) e dois sobrinhos do atual governador maranhense, Jackson Lago (PDT).

Caíram também o conselheiro do Tribunal de Contas de Sergipe, João Alves Neto, filho do ex-governador do estado, João Alves, prefeitos, secretários de três estados, autoridades federais e empresários. Outros dois acusados estão sendo procurados.

Vários clãs regionais foram atingidos, direta e indiretamente, com a prisão de empresários, ex-auxiliares e aliados políticos. No Maranhão, foi atingido o atual governador Jackson Lago. Em Sergipe, as investigações alcançaram familiares e aliados do ex-governador João Alves. Dois sobrinhos de Lago (José Alexandre e Francisco de Paula), foram seguidos e apanhados em escutas telefônicas negociando propina e fraude em obras públicas com membros da quadrilha.

O esquema, conforme apurou a PF consistia na apropriação de recursos públicos destinados a obras para a construtora Gautama, da Bahia, uma dissidência da empreiteira OAS, envolvida em vários escândalos no passado. A quadrilha, desmantelada pela operação Navalha, atuava em várias fases, desde a aprovação dos projetos dentro do governo até a interferência fraudulenta nas licitações, acompanhamento da liberação das verbas, execução das obras e liberação dos pagamentos.

Vários projetos federais foram atingidos, principalmente o Luz para Todos, além de obras de saneamento, construção de estradas e pontes.

A quadrilha desviou recursos dos Ministérios de Minas e Energia, da Integração Nacional, das Cidades e do Planejamento, além do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes.

O montante já mapeado passa dos R$ 100 milhões em apenas um ano, mas pode ser muito maior segundo um policial que participa das investigações. A organização, conforme apurou a PF já havia estruturado um esquema para fraudar os contratos e desviar recursos das obras do PAC, lançado pelo presidente Lula em janeiro passado.

Iniciado pelo sócio-diretor da Gautama, Zuleido Soares Veras, um dos presos, a quadrilha, segundo a PF, envolvia uma rede de empregados, sócios e lobistas, que cooptavam funcionários públicos de diversos escalões nos três níveis (federal, estadual e municipal). O esquema infiltrou-se em vários órgãos públicos, chegando a chefes de executivo estadual e municipal, com envolvimento de empresários e servidores.

Cerca de 400 policiais federais participaram da operação, que envolveu 48 mandados de prisão preventiva, com duração de 30 dias, prorrogáveis. Eles são acusados de fraude em licitação, corrupção ativa e passiva, tráfico de influência e lavagem de dinheiro e podem pegar até 12 anos de prisão ou mais, dependendo dos agravantes.

Foram cumpridos também 84 mandados de busca e apreensão. Todos os presos serão levados para Brasília e ficarão custodiados na carceragem da Superintendência da PF na capital do país, sede da operação.

Maranhão

O procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, pediu a prisão preventiva do governador do Maranhão, Jackson Lago (PDT), mas a ministra do Superior Tribunal de Justiça, Eliana Calmon, não determinou a prisão em sua decisão.

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