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Uma das imagens enviadas pelos leitores, após terem suas contas removidas por publicar notícias sobre tratamento precoce.
Uma das imagens enviadas pelos leitores, após terem suas contas removidas por publicar notícias sobre tratamento precoce.| Foto:

Nos últimos dias, vários leitores têm entrado em contato com a Gazeta do Povo para relatar que publicações no Facebook sobre pesquisa e uso de tratamento precoce têm sido removidas da plataforma com a acusação de se tratarem de “informações falsas que podem causar agressões físicas”. Especificamente, a divulgação de links de duas matérias da Gazeta do Povo - veiculadas sem problemas no perfil do jornal na plataforma - passou a ser motivo de remoção e até de suspensão das contas dos leitores por 24 horas. O primeiro texto “censurado” seria uma reportagem sobre o manifesto assinado por 2 mil médicos a favor do tratamento precoce e, o segundo, um registro sobre a decisão do presidente da Associação Médica de Tóquio de recomendar o uso de ivermectina contra a Covid-19.

F.E. (os nomes dos leitores não serão divulgados) afirma que no dia 2 de março compartilhou em seu perfil na rede social a matéria do manifesto dos médicos. Em seguida, a postagem foi removida e F.E. recebeu do Facebook uma mensagem informando que a publicação não respeitava “os Padrões da Comunidade”. No dia seguinte, após publicar outro conteúdo que fazia menção ao chamado “tratamento precoce contra a Covid-19”, a nova postagem foi removida da mesma maneira e a rede social suspendeu sua conta por 24 horas. Nesse período, ele não pode fazer publicações ou comentários na plataforma. “Isso ocorreu porque duas das suas publicações anteriores não seguiram nossos Padrões da Comunidade”, foi a justificativa apresentada pelo Facebook.

Na publicação removida, a rede social também exibe a seguinte mensagem: “Incentivamos a liberdade de expressão, mas não permitimos informações falsas sobre a COVID-19 que possam levar a danos físicos”. As postagens, porém, não traziam informações falsas sobre remédios, nem sobre vacinas ou medidas sanitárias, falavam apenas sobre a discussão de médicos sobre o uso de um coquetel de medicamentos para tratar a Covid-19 no início de suas manifestações - algo permitido pelo Conselho Federal de Medicina, pela gravidade da pandemia e porque não há pesquisas científicas definitivas sobre o tema.

“Restringir uma opinião, uma posição minha sobre algum determinado problema é grave. Se eu tivesse ofendido alguém ou postado pornografia até admitiria, mas nesse caso é um direito meu poder me expressar”, disse F.E. à reportagem.

M.W. compartilhou o link da mesma matéria no dia 4 de março e, da mesma forma, teve a publicação removida e recebeu o anúncio de que ela continha informações falsas.

“Nossos padrões sobre desinformação que pode causar dano físico: Não permitimos informações falsas que possam causar agressões físicas. Em alguns casos, isso inclui informações que organizações de saúde reconhecidas afirmam poder induzir as pessoas a acreditar em formas incorretas de cura ou prevenção de doenças ou que podem desencorajar a procura por tratamento médico. Obtenha informações confiáveis e atualizadas sobre o coronavírus (COVID-19) da Organização Mundial da Saúde”, citou a rede social após excluir a postagem.

“Percebi, na seção de comentários da reportagem, que muitos leitores tiveram a mesma experiência com essa matéria específica da Gazeta do Povo. O Facebook simplesmente bloqueia com a alegação que se trata de informação falsa. Achei isso um absurdo”, disse M.W.

A leitora M.N.H. compartilhou a matéria em seu perfil na rede social neste domingo, dia 7 de março e, segundo ela, 20 minutos após a publicação teve sua conta suspensa por 24 horas. “Entrei com uma contestação na plataforma, mas alegam que como está em período de coronavírus estão demorando mais para analisar. Então fui suspensa automaticamente sem direito a revisão da medida”, conta ela à reportagem.

Já L.R. passou pela mesma situação, mas com relação à matéria sobre a recomendação, por parte do presidente da Associação Médica de Tóquio, quanto ao uso de ivermectina contra a Covid-19. Ele foi penalizado com a suspensão de suas atividades na rede social por 24 horas por somar duas publicações consideradas pela plataforma como “desinformativas”. Ao acessar o próprio perfil, L.R. é notificado de um “Aviso da conta”, que cita que se ele cometer uma nova violação, seu perfil poderá ser restrito. Situação semelhante ocorreu com J.N. ao compartilhar um link para a mesma reportagem.

“Como sabemos, não existe comprovação científica para nenhum medicamento contra a Covid e, por conta disso, é natural buscarmos a opinião dos médicos. Mais natural ainda é um veículo trazer a seus leitores essas opiniões, pouco importando se os profissionais são favoráveis ou contrários aos medicamentos. Então, é bastante lamentável e revoltante que a rede social censure postagens de quem traz informações confiáveis sobre a Covid”, cita L.R. “É muito ruim a sensação de ser censurado de maneira arbitrária, porque a postagem não se enquadra como fake news, discurso de ódio e muito menos vem de uma fonte duvidosa”, prossegue.

Questionada, a assessoria de comunicação do Facebook afirmou que irá checar a remoção dos posts e a suspensão das contas. Assim que houver retorno da empresa, as informações serão acrescentadas nesta matéria.

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