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Déborah estima que tem mais de R$ 2 mil a receber do governo do estado. Ela havia sido contratada para lecionar História em escolas da rede estadual, entre elas a Professor João Loyola, em Curitiba | Brunno Covello/Gazeta do Povo
Déborah estima que tem mais de R$ 2 mil a receber do governo do estado. Ela havia sido contratada para lecionar História em escolas da rede estadual, entre elas a Professor João Loyola, em Curitiba| Foto: Brunno Covello/Gazeta do Povo

Governo garante que início das aulas não será adiado

A Secretaria de Estado da Educação (Seed) garantiu que a data de início das aulas na rede estadual – 9 de fevereiro – será mantida. A pasta também assegurou que os professores temporários (PSSs) serão chamados ainda antes do início do ano letivo, embora não tenha estimado o volume dessas contratações. A convocação desses docentes, no entanto, só deve ocorrer após a redistribuição de aulas, que se encerra na quarta.

"A demanda de PSS depende da distribuição de aulas para os professores do quadro próprio, que têm absoluta prioridade", destacou a Seed.

Para os docentes, no entanto, este atraso no cronograma deve retardar o início das aulas. Segundo a APP-Sindicato, ainda que os PSSs sejam chamados ao longo desta semana, não deve haver tempo hábil para que entreguem a documentação e para que as escolas fechem o planejamento das aulas, contemplando esses profissionais.

"O cronograma está comprometido. Mesmo que sejam chamados, ainda precisa distribuir aulas a eles. Os PSSs são o fiel da balança. Se eles não estiverem na rede o quanto antes, não se começa o ano letivo", apontou a secretária de finanças do sindicato, Marlei Fernandes.

Esperar pelo salário atrasado virou regra

Desde dezembro, a vida dos professores temporários da rede estadual do Paraná tem sido esperar. Esperaram pelo pagamento da rescisão contratual e do terço das férias. Esperaram serem chamados à distribuição de aulas na segunda quinzena de janeiro. Esperaram, esperaram. Na última semana, a angústia se tornou decepção com o anúncio do governo de que não há previsão para que recebam ou que sejam convocados para dar aula. "Havia insegurança, com uma dose de esperança. Agora, está dado o calote em todos os professores do estado", diz a professora Déborah Fait.

O contrato dela previa que trabalhasse 30 horas semanais, lecionando história em escolas da rede estadual. Estima que tenha mais de R$ 2 mil a receber, entre rescisão e férias. Em janeiro, o salário também atrasou. Chegou a ter contas de água e luz atrasadas. Agora, teme novas privações. "O calote desorganizou a vida de todos os PSSs. Não temos dinheiro para nada e não sabemos se teremos emprego neste ano. Nunca imaginamos passar por isso", desabafa.

Outra professora – que pediu para não ser identificada – diz que "só não passou fome" porque dá aulas também na rede privada. "Foi o que segurou as pontas aqui em casa", conta. Ainda que os PSSs sejam chamados nesta semana, ela acredita que não vão conseguir assumir a tempo de ir às salas de aula em 9 de fevereiro. "Tem documentação, distribuição de aulas, planejamento. É um começo de ano capenga."

  • Não bastasse a questão salarial, o muro do João Loyola caiu há mais de 1 ano e ainda não foi consertado

O início das aulas na data prevista – na próxima segunda-feira – está ameaçado em toda a rede estadual de ensino do Paraná. A uma semana do começo do ano letivo, a Secretaria de Estado da Educação (Seed) ainda não definiu o quadro de docentes para 2015. Os professores temporários nem sequer foram chamados. De quebra, a distribuição das aulas feita em dezembro foi cancelada, afetando a semana pedagógica, na qual diretores e docentes planejam as atividades do ano todo. Diante do atropelo no cronograma, a categoria ameaça uma greve antes mesmo de começarem as aulas.

A rede estadual não se sustenta apenas com professores do quadro próprio. Por causa disso, precisa recorrer aos professores temporários – contratados em regime especial, via Processo Seletivo Simplificado (PSS). No ano passado, por exemplo, dos 70 mil professores da rede estadual, 29 mil eram PSSs.

Recentemente, o governador Beto Richa assinou a nomeação de 5.522 professores efetivos, aprovados em concurso. Além disso, cerca de 600 professores que prestam serviço administrativo na Seed e nos 32 núcleos de educação devem voltar às salas de aula. Mesmo assim, a conta não fecha. O Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato) estima que o governo precise contratar com urgência pelo menos 15 mil professores PSSs para garantir o início do ano letivo.

"Se não tiver essa contratação imediata, não terá condições de as escolas abrirem. Simplesmente não vamos ter professores nas salas", argumenta a secretária de finanças da APP-Sindicato, Marlei Fernandes. "São muitas as indagações, preocupações e insatisfações", emenda.

Os colégios localizados em bairros mais pobres e periféricos, principalmente de grandes cidades, enfrentam maior rotatividade de professores. Por isso, são os que mais dependem dos PSSs. O núcleo Sul da APP-Sindicato estima que escolas da periferia de Curitiba tenham, em média, 60% do corpo docente formado por PSSs. Algumas unidades chegam a ter índice de temporários ainda maior.

Cronograma

Na opinião do diretor de uma escola da região sul de Curitiba, o atraso no cronograma de aulas é "gravíssimo". O colégio do qual ele é responsável tem mais de 2,1 mil alunos.

Até agora, falta contratar 70% dos professores necessários para compor a grade. "Se as aulas começassem hoje, eu só teria 30% dos professores contratados. Com esse efetivo, não consigo abrir a escola", diz. Ele pediu para não ser identificado por temer represálias.

Em outro colégio da capital, o clima também é de indefinição. O diretor explica que ainda não sabe como vai fazer para suprir a falta de docentes. "Se eu te mostrar a planilha, você vai ver vários espaços em branco. São aulas que eu não tenho professor a quem atribuí-las. O que se diz é que o governo quer jogar o início das aulas para depois do carnaval, para economizar o salário que pagaria aos PSSs."

Redistribuição de aulas achata a semana pedagógica

O planejamento das atividades do ano letivo das escolas da rede estadual do Paraná terá de ser feito às pressas. A "semana pedagógica" foi achatada para dois dias: quinta e sexta-feira desta semana. O encolhimento foi determinado pela Secretaria da Educação (Seed), que vai usar os três primeiros dias úteis para fazer a redistribuição das aulas.

"É praticamente impossível fazer um bom programa a toque de caixa. A 'semana pedagógica' é o período em que fazemos o planejamento do ano todo a partir de critérios e metas de ensino. Nunca vi um início de ano tão desorganizado e incerto", diz o diretor de uma escola da capital.

Convocação

Segundo a Seed, a redistribuição foi determinada por causa da convocação de 600 professores que vinham prestando serviços administrativos na Secretaria e nos núcleos. Esses servidores vão voltar às salas de aula, mas não haviam participado da distribuição anterior, feita em dezembro de 2014 e que foi cancelada. O planejamento que os colégios já haviam feito foi todo perdido.

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