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Estado não tem dados sobre o crime

O Paraná não tem levantamento sobre o crime de pedofilia, o que acaba dificultando na análise do problema, constata a coordenadora do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd), sargento Tânia Maria Guerreiro. Os últimos dados são nacionais, do ano de 2005. Há cinco anos, a estatística apontava que uma criança era abusada sexualmente a cada 8 minutos, e isso só representava o universo de 20% das denúncias. O restante ficava escondido entre quatro paredes, com o consentimento, em grande parte, pela família. Na opinião de Tânia, o quadro não mudou muito.

Também não existe o perfil do pedófilo: ele pode ser desde o analfabeto até o médico, por exemplo, que convive com a família da vítima. Os estudos apontam, porém, que a idade mais vulnerável vai dos 6 aos 9 anos. Para a criança de 5 anos, a prática pode significar um carinho. A partir dessa faixa etária, a vítima começa a perceber que as atitudes não são corretas, mas as ameças podem evitar a denúncia. A sargento Guerreiro afirma que 25% dos abusados serão agentes de abuso no futuro, estarão envolvidos com drogas e poderão ter tendências homicidas.

O envolvimento de uma mulher de 60 anos e seus dois filhos em uma suposta rede de produção de filmes pornográficos deverá ser investigado a partir de hoje pela Delegacia Divisional de Curitiba. Dois computadores e dezenas de CDs e DVDs que teriam sido apreendidos em uma casa no bairro Tatuquara serão periciadas pelo Instituto de Crimi­­nalística. Helena Alves da Cruz está presa no 9.º Distrito Poli­­cial, no bairro Vila Izabel; seus dois filhos, Vilmar, 27 anos, e Jorge da Cruz, 41 anos, estão no Centro de Triagem 2, em Piraquara, na região metropolitana de Curitiba. Os advogados da família não foram encontrados ontem pela reportagem para comentar o assunto.

O caso foi comunicado por meio de uma denúncia anônima recebida pelo telefone 181, do Narcodenúncia, no domingo. Dois policiais do 13.º Batalhão da Polícia Militar estiveram no local e encontram dois computadores, que segundo eles continham mais de 200 imagens de crianças e adolescentes nus. Também teriam sido apreendidos diversos DVDs com filmes de pornografia infantil. Outro filho de Helena está foragido. Ele seria responsável por produzir, gravar e vender os DVDs.

Sem mandado

A família diz que o caso está repleto de enganos. Uma das netas de Helena, a adolescente de 16 anos, disse ontem que os policiais chegaram no portão da casa à procura de seu tio que está desaparecido. Como ele não estava em casa, os policiais disseram que precisavam entrar na casa por terem recebido uma denúncia de tráfico de drogas. Sem mandado judicial, eles teriam entrado depois de fazê-la assinar um papel. Retiraram os computadores, pen-drives e CDs, que, conforme ela, continuam fotos de festas familiares, filmes e músicas.

Na casa moram mais de dez pessoas e Helena é uma das provedoras da família. Empregada doméstica há 23 anos na mesma residência, só vai para casa nas folgas. Cruz é pedreiro e também visita a família somente nos fins de semana. "É uma calúnia o que estão falando sobre nós", diz uma das irmãs. Ela admite, porém, que o irmão foragido é que estava sendo procurado. Ele é acusado pela polícia de produzir filmes pornográficos com crianças e adolescentes, entre 5 e 18 anos, e distribui-los na internet.

O comandante do Policiamento da Capital, coronel Jorge Costa Filho, confirmou que os policiais entraram na casa sem mandado judicial, mas disse que Helena assinou uma autorização de acesso que permitia a entrada. Segundo a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), o comando da investigação ficará com o delegado-adjunto Francisco Caricatti.

A psicóloga Maria das Graças Padilha, especialista em abuso sexual, alerta que grupos que trabalham com esse tipo de material nem sempre sentem prazer com a produção e que visam apenas o dinheiro. A localização em bairros pobres também é uma vantagem para recrutar vítimas. Crianças e adolescentes tornam-se alvos fáceis em troca de benefícios. "No entanto, são todos doentes como qualquer pedófilo", diz.

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