São José dos Campos (SP) O comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, anunciou ontem que, a partir de 2008, o governo reabrirá o processo de compra de aviões de caça, o chamado FX 2. O sinal verde para a retomada do projeto, que estava suspenso desde o primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi dado pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim.
O governo já aumentou o orçamento da Defesa dos atuais R$ 6,5 bilhões para quase R$ 10 bilhões ano que vem. A pressão de setores militares pelo reaparelhamento da máquina de guerra brasileira vem aumentando desde que a Venezuela, do presidente Hugo Chávez, decidiu comprar grandes quantidades de fuzis e aviões caça.
O projeto de compra de caças surgiu ainda durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, mas foi suspenso no primeiro mandato do presidente Lula por falta de recursos. A proposta inicial estava orçada em US$ 700 milhões. Juniti Saito não informou quantos e quais aviões a Aeronáutica prende comprar. Mas o novo plano seria mais ambicioso e ainda mais caro. O modelo e a quantidade de aviões dependeriam da estratégia de defesa de longo prazo que está sendo preparada a pedido do ministro Nelson Jobim.
Juniti Saito negou que as Forças Armadas encarem a Venezuela, de Chávez, como uma ameaça à integridade do território brasileiro.
"O Brasil é um país muito grande para ser ameaçado. Mas precisamos de uma Força Aérea com capacidade de dissuasão", afirmou.
O reaparelhamento das Forças Armadas como reação ao crescente poderio bélico da Venezuela veio à tona depois da passagem de Saito pela Comissão de Relações Exteriores da Câmara, semana passada. Numa sessão a portas fechadas, Saito reclamou da perda de capacidade operacional das Forças Armadas Brasileiras. O comandante disse que a Força Aérea Brasileira estava perdendo poder frente às frotas de aviões de guerra do Chile, do Peru e da Venezuela. Para ele, seria premente a necessidade de reestruturação da FAB.
Duas semanas depois, o senador José Sarney (PMDB-AP) fez um discurso alertando sobre o suposto perigo que seria a Venezuela. Dentro da Aeronáutica, Marinha e Exército é praticamente consenso a necessidade de reestruturação das Forças Armadas. Mas as declarações sobre a Venezuela como uma ameaça são vistas com reserva por alguns oficiais.
Para esses militares, a Venezuela ocupa hoje o papel de falso inimigo que por longo tempo coube à Argentina. Muitos militares teriam pressionado o governo a transferir parte das tropas para a fronteira Sul porque o país poderia ser invadido pelos argentinos. A Argentina seria, depois do Brasil, a maior potência militar da América do Sul.
O comandante Juniti Saito afirmou que não vê problema na Embraer vender aviões para a Blackwater, empresa de segurança contratada pelo governo dos Estados Unidos para atuar no Iraque. As informações sobre o negócio foram divulgadas na coluna de domingo do jornalista Élio Gaspari. A Blackwater está sob investigação do Congresso norte-americano.
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