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Ação devastadora do homem coloca várias espécies, como o caranguejo, em risco | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Ação devastadora do homem coloca várias espécies, como o caranguejo, em risco| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Foram divulgados nesta semana os resultados do Censo da Vida Marinha, um projeto internacional que vasculhou, pesquisou e inventariou a biodiversidade de todos os ecossistemas marinhos do planeta. Segundo os dados compilados de uma década de pesquisa, os oceanos abrigam mais de 1 milhão de espécies de fauna e flora, das quais 250 mil (25%) já foram descritas pela ciência, desde algas minúsculas até baleias gigantescas. Sem contar as espécies de micróbios, estimadas em mais de 1 bilhão.

Os números da pesquisa necessária para chegar a essas estimativas são igualmente impressionantes. Mais de 2,7 mil cientistas contribuíram com informações para o censo. Foram realizadas 540 expedições marítimas, totalizando mais de 9 mil dias de pesquisa no mar. Sem contar o tempo de pesquisa em terra, nos laboratórios de 670 instituições, distribuídas por mais de 80 países (incluindo o Brasil). Tudo isso ao custo de US$ 650 milhões, pagos por centenas de fundações e organizações.

Os resultados práticos estão distribuídos por mais de 2,6 mil trabalhos científicos publicados ao longo da década, agora compilados numa série de livros, mapas e ferramentas digitais de apoio à pesquisa. A principal delas é o Sistema de Informações Biogeográficas Oceânicas, um banco de dados público na internet com informações sobre a biologia e a distribuição de mais de 120 mil espécies marinhas.

Os cientistas fizeram um pente-fino em todos os ecossistemas oceânicos, desde praias até planícies abissais, milhares de metros abaixo da superfície. E encontraram vida em todos. Das 250 mil espécies já conhecidas, cerca de 1,2 mil foram coletadas e descritas pelo projeto. Além de outras 5 mil que poderão ser descritas nos próximos anos, com base em espécimes coletados, mas ainda não estudados.

Impacto devastador

Em contraste com essa enorme biodiversidade, os pesquisadores registraram o impacto devastador do homem sobre muitos desses ecossistemas e suas espécies associadas. Os dados do censo confirmam estimativas feitas nos últimos anos de que 90% das populações de grandes peixes marinhos já foram aniquiladas pela pesca predatória.

"O censo nos mostrou como o mar é, como foi e como pode ser se decidirmos tomar conta do nosso ‘planeta oceano’. Os habitantes do mar nos alimentam, nos protegem das tempestades, são fonte de remédios e de prazeres, mas agora precisam de nós tanto quanto precisamos deles", disse a bióloga Nancy Knowlton, do Museu Nacional de História Natural, em Washington, autora de Citizens of the Sea ("Cidadãos do Mar"), um dos livros produzidos pelo projeto.

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