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Vale mostrar qualquer “cilada”: de lixo ou poste no meio do caminho a calçada em desnível e buracos. | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Vale mostrar qualquer “cilada”: de lixo ou poste no meio do caminho a calçada em desnível e buracos.| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Para quem caminha pelas cidades brasileiras, as calçadas muitas vezes tornam-se um martírio. O que era para ser um local de passagem vira um empecilho, seja pelos buracos, falta de nivelamento ou espaço para passar. Pior ainda para quem tem restrição de mobilidade. Para acabar com essa história, a campanha “Calçada Cilada 2016” aposta em um grande aliado: o cidadão que, munido de um smartphone, pode flagrar e denunciar os passeios irregulares.

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Para participar é preciso baixar o aplicativo “Cidadera” (disponível para os sistemas operacionais iOS e Android), selecionar a cidade, a rua e registrar a ocorrência. De preferência com foto – que pode ser feita pelo próprio celular – e comentário sobre a situação do local. Quem não tem celular, pode fazer o registro no site da campanha (corridaamiga.cidadera.com).

Vale qualquer cilada: lixo ou poste no meio do caminho, calçada em desnível, falta de sinalização, buraco grande ou pequeno (daqueles que são um perigo para o salto alto), e até reclamar da falta de espaço.

Em sua terceira edição, a campanha destaca a “acessibilidade universal”, em especial porque o direito ao transporte e à mobilidade é um dos motes do Estatuto da Pessoa com Deficiência, que entrou em vigor em janeiro deste ano. “Uma cidade acessível é acessível para todo mundo. Para a criança, o idoso. É boa para todos”, defende Silvia Stuchi, idealizadora do Corrida Amiga, grupo de voluntários responsável pela campanha.

A coleta de “ciladas” nas calçadas brasileiras segue até 2 de abril. Um mutirão de coleta deve ocorrer em diferentes cidades nos dias 2 e 3 e, depois disso, as informações devem ser sistematizadas e enviadas às autoridades competentes. Este ano, a organização aposta na parceria com grupos locais que já trabalham com mobilidade urbana para fazer os cadastros.

Respostas

Em 2015, a “Calçada Cilada” registrou 291 ocorrências em 41 municípios de 16 estados brasileiros. No entanto, apenas três prefeituras deram retorno. São José dos Campos, no interior de São Paulo, prometeu tomar providências. A prefeitura de Natal, no Rio Grande do Norte, solicitou mais informações e recebeu os comentários e fotos dos pontos mapeados como resposta. Florianópolis, capital de Santa Catarina, também solicitou mais informações ao projeto.

Parceria com poder público

O projeto “Calçada Cilada” prega o conceito de “cidadania ativa”, que incita o cidadão a tomar um passo além da denúncia, e ir para a rua levantar o que precisa ser melhorado no espaço urbano. O outro lado da moeda é o poder público passar a olhar estas sugestões como um auxílio no cuidado com a cidade, e não como simples reclamação.

O poder público deve ser “parceiro” do cidadão, e isso começa na hora da fiscalização, acredita o jornalista e ativista Marcos Sousa, do Mobilize Brasil. No lugar de multar um pavimento irregular, o Estado pode apoiar o proprietário de um imóvel orientando sobre qual a forma correta de construir o passeio. Caso não seja feita a adequação, aí sim punir o responsável.

Em seu relatório “Calçadas do Brasil”, de 2013, o Mobilize Brasil constatou que duas em cada três calçadas brasileiras têm nota inferior a cinco, em uma escala de zero a dez. A pesquisa levou em conta oito critérios, como a regularidade do piso, sinalização, paisagismo e iluminação. Novo levantamento deve ser realizado no segundo semestre deste ano, dessa vez levando em conta não apenas as condições da calçada, mas também o ambiente e aspectos como a qualidade do ar.

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