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| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Curitiba quer ter quase 500 bicicletas compartilhadas rodando na cidade, até o fim de 2016. A prefeitura lança nesta quinta-feira (23) edital com as regras para concessão do serviço. A empresa vencedora fica responsável por comprar e instalar as bicicletas e estações de troca, além de fazer a manutenção da estrutura. Estão previstos três tipos de passe: diário, mensal e semestral. No plano mais longo, o preço máximo do aluguel é de R$ 55, equivalente a R$ 0,30 por dia.

O passe diário deve custar até R$ 5. O mensal, R$ 12. O pagamento é por adesão, ou seja, garantem acesso durante o período contratado. Cada vez que retirar a bicicleta da estação, o usuário tem direito a pedalar 45 minutos. Quem estourar este limite deve pagar entre R$ 2 e R$ 2,50 para cada 15 minutos de uso. Após devolver a bicicleta, é preciso esperar 15 minutos para retirar uma nova. A ideia é incentivar a rotatividade e garantir que sempre haja bicicletas disponíveis para os outros usuários. Após o período de carência, a contagem dos 45 minutos gratuitos recomeça, e assim sucessivamente.

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Estações

O edital prevê ainda 43 estações de pequeno, médio e grande porte, distribuídas pela região central da cidade. Todas têm a obrigação de oferecer wifi gratuito. O dinheiro arrecadado com os passes deve cobrir 20% do sistema, pelas estimativas da prefeitura. O valor restante virá de arrecadação publicitária.

Confira mapa com as estações previstas pela prefeitura

Os interessados têm pouco mais de um mês para apresentar as propostas, que serão abertas em 27 de julho. Leva quem cumprir todos os critérios. Em caso de empate, vale o menor preço na soma das três tarifas.

A vencedora terá 25 dias para instalar uma estação com três bicicletas na Rodoferroviária, onde será avaliada por técnicos da Secretaria de Trânsito (Setran), do Instituto de Planejamento e Pesquisa de Curitiba (Ippuc) e da Urbs, que irá administrar o sistema. Se aprovado, são 140 dias para ter o serviço 100% em funcionamento.

A instalação deve ser em duas etapas. Na primeira, até o final de outubro, devem ser montadas as primeiras 25 estações e 180 bicicletas. São 75 dias. Depois, são mais 18 estações e 200 veículos, que devem ser instalados em 65 dias. O que deve ocorrer até o final deste ano.

Prazo curto. Mas que respeita a obrigação da lei de licitações, que exige 30 dias entre a publicação do edital e a abertura dos envelopes, argumenta o gerente de equipamentos imobiliários da Urbs, Pedro Romanel.

Segunda tentativa

Esta é a segunda tentativa da prefeitura de implantar um sistema de bicicletas compartilhadas, em Curitiba. O projeto anterior, elaborado ainda na gestão Luciano Ducci (PSB), foi engavetado oficialmente em julho de 2015, após dois anos em funcionamento. O sistema operava em três pontos, no Centro Cívico e nos parques São Lourenço e Jardim Botânico, a um custo de R$ 10 para duas horas de uso. A hora adicional saía por R$ 5 e a diária, por R$ 50.

Além do preço, a diferença para o novo projeto está no perfil dos usuários, argumenta Romanel. A ideia de espalhar as estações pela região central é incentivar o uso do veículo como meio de transporte.

“É um programa de grande impacto. Porque a maioria destes knoting points [pontos de conexão, as estações] vão ser em áreas de estacionamento, calçadas. Então a gente precisa de estudos de várias áreas técnicas”, explica o gerente da Urbs. É por isso, diz ele, que o edital foi lançado só agora, quase um ano após o sistema anterior ter naufragado.

Pagamento

O edital não prevê forma de pagamento pelo serviço. Pedro Romanel acredita que as empresas podem cobrar pelo cartão de crédito, uma vez que este é o modelo adotado em outras cidades ao redor do mundo. É possível que o sistema seja integrado ao cartão transporte da Urbs, utilizado nos ônibus municipais. Para isso, é preciso que haja interesse da empresa vencedora e acordo com a equipe técnica da Urbs, para adaptar o sistema dos cartões.

Ciclomobilidade está na pauta urbana

Mais do que uma “moda”, o incentivo ao uso da bicicleta está na cabeça e nas planilhas de planejadores urbanos em todo o mundo. É um veículo que não emite poluentes e ocupa menos espaço do as alternativas motorizadas. Também é mais rápido do que ir a pé. Apesar das vantagens, ainda há desafios. Em Pequim, por exemplo, a popularização de bicicletas elétricas - utilizadas para entrega de mercadorias - causa conflitos com motoristas de carros, que reclamam dos congestionamentos, e com pedestres, incomodados com a alta velocidade das bikes.

Vários estudos apontam vantagens econômicas no incentivo à bicicleta. Levantamento da prefeitura de Copenhague, na Dinamarca, apontou que cada quilômetro rodado de carro gerou um passivo para a cidade de R$ 3,06, no ano de 2014. São gastos com tempo de congestionamento e saúde, o que inclui tratamento a pessoas feridas em acidentes e problemas decorrentes de congestionamentos, barulho e poluição. Já a bicicleta gerou uma “economia socioeconômica” de R$ 0,88 para cada quilômetro pedalado.

No Brasil, ainda falta muito para o excesso de bikes ser um incômodo. Para especialistas, o país dá seus primeiros passos com a criação de ciclovias e ciclofaixas pensadas para o transporte público. Nos anos 1990, por exemplo, a malha cicloviária do país era voltada para o lazer. A aposta é que o investimento em infraestrutura alimente uma mudança cultural. Com mais gente pedalando, maior a demanda por malha cicloviária, e assim sucessivamente.

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