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Sergio Vidoto, da M4 Consultoria, é o coordenador do projeto que busca trazer um veículo leve sobre pneus (VLP) para Curitiba. Ele conversou com a Gazeta do Povo sobre os questionamentos levantados durante a Pesquisa de Manifestação de Interesse (PMI) realizada pela prefeitura de Curitiba, sobre projetos de eletromobilidade.

A Urbs aponta uma série de custos que não foram levados em conta no projeto original, como os detalhes sobre infraestrutura elétrica, que seriam necessários para abastecer de energia as centenárias e veículos. Ressalta, ainda, que o projeto foi calculado com base no total de passageiros transportados, e não nos chamados passageiros pagantes equivalentes, utilizados hoje no cálculo do município. Estas mudanças não tornam o projeto inviável, do ponto de vista financeiro, da forma como foi apresentado?

Todo o dimensionamento de um sistema de transporte deve ser feito com base na demanda, isto é, passageiros transportados. A decisão de gratuidades é do poder público e deve ser ele a considerar como serão financiadas estas gratuidades. Aliás, este é o caso de Curitiba. Todas as gratuidades propostas só podem ser aprovadas se houver definição dos instrumentos de custeio. Com relação à infraestrutura elétrica, todos os custos foram considerados através do sistema de subestações de tração.

Não seria necessário um grande reajuste para compensar estas diferenças, o que poderia pesar para o usuário?

A política tarifária deve ficar a cargo do poder público. Ele deve definir o balanço entre tarifas e subsidio público ao sistema de transporte público. É importante mencionar que no mundo todo o transporte público não é financiado apenas com tarifa, e este não pode ser o caso de Curitiba. O que não pode ocorrer é o transporte público de Curitiba continuar a perder usuários como vem acontecendo. No ano passado, o transporte coletivo de Curitiba transportou 14 milhões de passageiros a menos que 2015. Parte destes usuários migrou para carros e motos particulares, impactando o transito da cidade e gerando maior poluição.

Ainda, o cálculo não levou em conta a queda no número de passageiros, sendo que esta é uma tendência na cidade de Curitiba. Por que não?

A queda de usuários do transporte público não é uma tendência. É um fato isolado. O transporte público deve crescer. O cenário futuro é de priorização do transporte público em que o cidadão prefere um sistema de transporte de qualidade a um carro ou moto particular. Neste cenário a solução do VLP é fundamental para oferecer conforto, pontualidade e qualidade. Todos os veículos têm ar-condicionado, baixo ruído, alto conforto em aceleração / desaceleração por ser elétrico e em curvas por ser guiado. O VLP é a evolução do BRT e garantirá que Curitiba continue a ser a referência em transporte público para o Brasil e o mundo.

A Urbs ressalta que o trecho mais bem detalhado do projeto, Boqueirão/Centro, hoje transporta 75 mil passageiros diários. A viabilidade do VLP foi calculada em cima de 159 mil passageiros diários. Não corre risco de esta conta não fechar? De faltar passageiros, e assim a operação ficar muito mais cara do que o previsto?

A demanda prevista considera a recuperação de usuários pelos motivos acima mas também considera a incorporação dos usuários de serviços paralelos (como os das linhas que operam fora da canaleta).

De forma geral, a comissão avaliadora indicou que o VLP não seria um projeto interessante para substituição do BRT atual, mas que pode ser aproveitado em futuros projetos e licitações para eixos que venham a ser melhor desenvolvidos, na cidade de Curitiba. Embora o projeto tenha detalhado o funcionamento do VLP em uma linha onde hoje o BRT já opera, acredita que esta pode ser uma alternativa (a operação em eixos onde hoje não há ônibus)?

A vantagem que vemos no VLP é sua fácil inserção em corredores de BRT já existentes. Nestes corredores, como é o caso do corredor Boqueirão/ Centro, o VLP recupera os conceitos originais do BRT, permitindo operação com estações tubolares, ultrapassagem na região das estações e recuperando o desenvolvimento urbano ao longo do corredor. No entanto, o VLP pode ser avaliado em outros corredores.

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