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Além do uso da tecnologia, o conceito de smart cit y também pressupõe maior abertura para o surgimento de startups e, consequentemente, maior participação da sociedade civil na construção da cidade. Uma das formas de participação que ganharam corpo nos últimos anos é o “urbanismo tático”, no qual a própria sociedade civil faz as intervenções urbanas. Elogios ao engajamento à parte, a ideia é vista com ressalvas por urbanistas.

O diretor-presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento de Curitiba (Ippuc), Sérgio Pires, defende que esses projetos devam ir em frente apenas quando feitos em consenso com os gestores públicos. “Os dois têm de estar de acordo porque depois quem vai cuidar é o poder público. A praça de bolso do Ciclista, por exemplo, foi feita dessa forma. E mesmo assim teve como efeito colateral com a ocupação da Rua São Francisco. Na sequência, tivemos problemas coma venda de bebida alcoólica e drogas. O assunto ficou mais complicado do que imaginávamos”, admitiu o presidente do Ippuc.

Essa praça é uma área de 128 metros quadrados nas esquinas das ruas Presidente Faria com a São Francisco que foi ocupada pelo movimento Associação de Ciclistas do Alto Iguaçu. Em São Paulo ocorreu algo semelhante quando moradores ocuparam o Largo da Batata, em Pinheiros, para transformá-lo em um ponto de parada e lazer. E mais recentemente com o Minhocão.

Economia

Essa transformação do espaço urbano pela própria população não é exatamente nova, mas ganhou novos impulsos nos últimos anos em cidades como Nova York. Mas o arquiteto Gabriel Kogan vê razões econômicas por trás disso. Para ele, o poder público quer economizar dinheiro ao estimular essas iniciativas. Ele cita Paris como um exemplo. Recentemente, a prefeita Anne Hidalgo disponibilizou 23 áreas para projetos de urbanismo tático. Propostas que demandavam recursos públicos foram descartadas.

Em um artigo publicado no último mês de março, Kogan também alertou que esse movimento pode representar o surgimento de espaços sem unidade urbana entre si. “O projeto em rede dá lugar a decisões separadas, sem a dimensão urbana, de pequenos espaços por grupos organizados dispersos”, afirma.

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