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Gazeta do Povo lança manifesto em defesa da liberdade de expressão e contra cultura do cancelamento; assista
| Foto: Infografia / Gazeta do Povo

A Gazeta do Povo, prestes a chegar aos 102 anos, lançou nesta quarta-feira (16) o vídeo-manifesto “Por que a Gazeta do Povo não pode se calar”, onde os proprietários do jornal falam aberta e publicamente sobre as convicções que fundamentam a sua ação editorial.

Assista aqui ao manifesto: "Por que a Gazeta do Povo não pode se calar"

Em quase 30 minutos, Guilherme Cunha Pereira e Ana Amélia Filizola - Presidente Executivo e Diretora do Jornal, respectivamente - explicam a crise atual de valores na sociedade, que ultrapassa a impressão superficial de tratar-se apenas de uma mera luta "entre a direita e a esquerda". Defendem direitos humanos atualmente ameaçados – como a inviolabilidade da vida humana e a liberdade de expressão – e mostram como a Gazeta do Povo tem sido um dos poucos jornais a lutar contra a derrocada dessas conquistas.

A crise da sociedade atual e a falácia da neutralidade

No vídeo, os proprietários do jornal afirmam que o Brasil está vivendo uma época em que reina a confusão e a desorientação sobre os valores mais elementares.

“Quando foi que diante de uma ideia da qual se discorda as pessoas pararam de debater e começaram apenas a agredir? Quando foi que passou a ser aceitável quebrar uma cidade inteira em nome de uma reivindicação ainda que justa? Vivemos em uma sociedade onde, em um minuto, tudo parece ser relativo, onde ‘tudo pode, e, no minuto seguinte, uma sociedade onde ‘nada pode’”, afirmou Cunha Pereira.

“Não é apenas, como alguns poderiam pensar, uma tensão entre lados políticos, entre esquerda e direita. É mais profunda: é o agravamento de uma tensão secular entre visões do homem e da sociedade. A racionalidade que ajudou a construir a civilização ocidental e suas grandes conquistas – a democracia, os direitos humanos, a ideia de dignidade da vida humana – foi substituída pelo sentimento – e pelo ressentimento”.

A cultura do cancelamento, afirmam, surge quando não se respeita o direito dos outros de ter opiniões diferentes das consideradas “politicamente corretas”.

“Assim, diante de opiniões de que não gostamos, abrimos mão do debate e partimos para a desumanização: quem discorda de nós não tem como ser honesto; ou é muito ignorante, ou é um mau caráter completo. O próximo passo é negar a essa pessoa o próprio direito de existir, ainda que metaforicamente”, descreve Cunha Pereira.

“A cultura do cancelamento é justamente isso. E só chegamos a esse ponto porque, infelizmente, uma maioria deixou que uma minoria dominasse o espaço público querendo impor todo tipo de regra em temas que interessam a todos. Da liberdade das pessoas se vestirem da maneira que quiserem, à forma como as crianças são educadas”.  

Cunha Pereira lembra que não é possível a neutralidade total no jornalismo pela simples razão de que todos têm convicções, conscientes ou não. A questão é que hoje, segundo ele, poucos jornalistas comungam dos mesmos valores da maior parte dos brasileiros.

“Já conheci muitos jornalistas, de todo o país. E o que vejo em praticamente todos eles é um grande idealismo e um sério compromisso com a correta apuração dos fatos. Há em quase todas as grandes redações uma cultura de profissionalismo, de seriedade. Todos querem fazer a coisa certa. Mas também é verdade que são muito poucos os que têm as convicções que me parecem ser as convicções de boa parte dos brasileiros, seja no campo moral, do comportamento, seja no campo político ou socioeconômico”.

A Gazeta do Povo, de acordo com Ana Amélia Filizola, não quer julgar as intenções daqueles que possuem outros princípios e até defendem o que ela chama de barbaridades. “Não partimos do pressuposto de que elas sejam ou muito ignorantes, ou muito ruins. Mas também queremos o mesmo respeito que concedemos aos que discordam de nós. Esperamos, em contrapartida, o reconhecimento da nossa liberdade de defender nossos pontos de vista”.

As convicções da Gazeta do Povo estão expressas em uma série de textos publicados em 2017. Elas incluem a crença na intangibilidade da vida humana, de que existe uma excelência para o homem - ou seja, nem todas as ações levam o homem à felicidade, há comportamentos melhores e piores -, o valor da família, a democracia, entre outros.

Para ilustrar as ameaças que esses valores têm recebido nos últimos tempos, Cunha Pereira citou o recente ataque sofrido pelo jornal por uma milícia anônima que pressionou anunciantes a deixarem de anunciar na Gazeta do Povo.

Assinantes: a principal fonte para a manutenção do jornal

No final, os dois explicam o quanto custa defender esses direitos e liberdades com investimentos privados. E pedem a ajuda dos leitores para que o jornal continue a exercer seu papel democrático.

“Volto a dizer: somos uma das poucas vozes entre os meios de comunicação que defende a vida desde a concepção, que mostra as falácias da ideologia de gênero, que procura relembrar constantemente que, sim, a virtude é possível e é mais necessária do que nunca. De que é possível desterrar em grande parte a corrupção de nosso país. De que o socialismo e o marxismo, ainda quando bem intencionados, são sempre um equívoco de consequências nefastas e deformam todas as relações numa sociedade”, disse Cunha Pereira.

“Se todas as vozes que defendem essas ideias se calassem, o que aconteceria?. Mesmo aqueles que acreditam nessas mesmas verdades poderiam sentir-se desamparados, desassistidos. E viria a sensação de impotência e, depois, a própria dúvida: serei eu e meus amigos que estamos errados? Ao contrário, volto a dizer, uma única voz que reafirme o óbvio ecoa em milhões de ouvidos e desperta um número incontável de adormecidos. Se você nos fortalecer, tenha certeza que está fortalecendo não uma empresa, mas uma causa; não um conjunto limitado de pessoas, mas toda uma comunidade e o seu sonho de uma sociedade mais feliz e próspera”.

Assista aqui ao manifesto: "Por que a Gazeta do Povo não pode se calar"

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