As greves no serviço público federal começaram a produzir consequências na área da saúde, prejudicando o diagnóstico e o tratamento de doenças graves. De cada quatro hospitais particulares, três estão com os estoques no fim ou já têm falta de algum remédio. A informação é da associação que representa essas instituições. Outros hospitais e laboratórios do país também estão com problemas. Os fabricantes dizem que a greve dos servidores públicos da Anvisa e da Receita Federal está retendo nas alfândegas os produtos químicos usados no setor.
Em São Paulo, no Hospital A. C. Camargo, um dos principais centros de tratamento de câncer do País, 50 pacientes ficaram sem quimioterapia nesta quarta-feira (22). O medicamento capecitabina, quimioterápico em forma de comprimido, usado em pacientes para câncer de mama e tumores gastrointestinais acabou no hospital. A previsão é que os estoques só se regularizem em setembro.
Exames estão parados
Segundo o hospital, se a greve persistir, outros remédios usados em quimioterapia acabarão nos próximos dias. "O atraso na repetição significa você reduzir a quantidade de quimioterápicos que o paciente está sendo exposto. Então isso pode claramente reduzir a eficácia do tratamento", disse à TV Globo o oncologista Helano Freitas.
Em nota, a Anvisa diz que 70% dos funcionários de áreas essenciais já voltaram ao trabalho e lembrou que os servidores da Receita Federal realizam operação padrão. Por sua vez, a Receita respondeu que libera todo medicamento com a urgência necessária. "No âmbito da Receita Federal não existe retenção nem retardamento na liberação de medicamentos", disse à TV Globo o subsecretário de Aduana da Receita Federal, Ernani Checcucci.
Em um centro de diagnósticos em São Paulo, amostras coletadas de quatro mil pacientes estão armazenadas, mas, sem reagentes, as análises praticamente pararam.
A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) afirma que mais da metade dos materiais usados pelos laboratórios é importada.
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