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Os reflexos da greve dos servidores do setor de Radiologia do Hospital de Clínicas, em Curitiba, já são sentidos pelos pacientes nesta quarta-feira (25). Pelo menos 50 dos 110 exames previstos para essa quarta deixaram de ser feitos. O índice corresponde a 45,45% dos procedimentos que deveriam ser realizados. A greve da categoria começou nesta manhã e segue por tempo indeterminado.

Menos de quatro meses após a última greve, a paralisação volta a afetar os serviços do Hospital de Clínicas . De acordo com o Sinditest-PR, sindicato que representa a categoria, 30% dos servidores do setor estavam trabalhando na manhã desta quarta.

O HC conta com servidores estatutários e com funcionários que têm os contratos de trabalho regidos pela CLT (fazem parte da Fundação da Universidade Federal do Paraná – Funpar). No setor de Radiologia, são 44 estatutários e 16 da Funpar.

De acordo com o HC, apenas um dos cinco servidores estatutários do setor de Radiologia que estavam escalados nesta manhã compareceu para trabalhar. Os dois funcionários da Funpar trabalharam normalmente.

A greve teve início porque 27 servidores estatuários exigem o pagamento dos adicionais de radiação ionizante e insalubridade, determinados por uma decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), em Porto Alegre. A Reitoria da UFPR disse que não pode solicitar o pagamento ao Ministério do Planejamento por causa de um erro no processo.

Pacientes devem comparecer ao HC

Mesmo com o cancelamento de exames, a orientação do HC é para que os pacientes continuem comparecendo ao hospital. Alguns serão atendidos. Os médicos irão avaliar quais casos terão prioridade. Situações de urgência e emergência também continuam sendo atendidas.

Os procedimentos que não forem realizados serão remarcados ou então os pacientes serão orientados de que o HC irá entrar em contato para o novo agendamento.

O adiamento de exames irá resultar em remarcação de consultas. O HC ainda não tinha estimativa de quantas consultas deixaram de ser feitas no hospital nesta quarta.

De acordo com o HC, problemas ainda maiores com o atendimento podem ser registrados na próxima segunda-feira (30). Os pacientes da Ortopedia podem ter consultas canceladas por causa da falta de exames.

Reflexos da greve de 2011

A diretoria do hospital admitiu na terça-feira (24) preocupação por causa da greve, principalmente pelo fato de os atendimentos ainda não terem sido normalizados em função da paralisação do ano passado. A última greve durou 101 dias.

Segundo a diretora-geral do HC, Heda Amarante, ainda não foi possível "por em ordem" os atendimentos prejudicados durante a última greve, que não era específica do setor, mas afetou também a Radiologia.

Na avaliação de Heda, a greve "lesa o usuário desnecessariamente". Para ela, a paralisação da categoria não tem suporte legal e diz respeito a situações particulares de alguns servidores.

Erro processual

De acordo com José Carlos de Assis, diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Terceiro Grau Público de Curitiba, Região Metropolitana e Litoral do Paraná (Sinditest), os servidores tentam negociar com a Reitoria desde outubro de 2011 e – sem avanço nas negociações – decidiram pela paralisação.

A diretora-geral do HC, Heda Amarante, disse nesta quarta-feira (25) que o hospital não vai mais negociar com os servidores, mas também não vai entrar na Justiça para pedir a abusividade da greve. A situação será comunicada ao Ministério Público Federal (MPF), para que o órgão tome as providências que considerar cabíveis.

O Sinditest informou que 27 funcionários da radiologia ganharam o direito de receber os dois adicionais ao salário depois da decisão do TRF-4, mas a universidade ainda não iniciou o pagamento. Os funcionários que entraram com a ação seriam beneficiados pela decisão, que aumentaria em cerca de R$ 1,3 mil o salário dos servidores.

Segundo o HC, a universidade não tem como autorizar o pagamento do benefício porque a Procuradoria Regional Federal (PRF) em Porto Alegre detectou uma falha processual, uma vez que a UFPR não havia sido citada no processo. "Com esse problema, o que não foi feito precisa ser refeito para que a falha seja sanada, mas não depende da universidade", explica a diretora do hospital. Ela argumenta que o procurador da instituição busca soluções que agilizem o impasse, mas não é possível intervir diretamente no processo. "E se levar mais dois anos? Eles vão ficar em greve durante todo esse tempo?", questiona Heda.

Estrutura

Sobre o pedido de melhores condições de trabalho e a denúncia de que haveria vários equipamentos novos parados e especificações técnicas não sendo cumpridas no HC, o que aumentaria a insalubridade da função, a diretora do hospital foi bastante crítica. "O HC é o maior e melhor hospital do SUS no Paraná e cumpre todas as determinações de diversas secretarias e órgãos, como a Vigilância Sanitária", diz.

Ainda de acordo com a diretora, a universidade e o HC tomam os devidos cuidados para garantir a jornada de trabalho reduzida para estes profissionais, que em alguns casos chega a 20 horas semanais. "O que existe aqui hoje é uma ampla reforma, com a renovação de todos os equipamentos, para que tenhamos uma estrutura de primeiro mundo", explica. Segundo a assessoria do HC, alguns aparelhos estão aguardando o fim das obras para começarem a funcionar no novo espaço.

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