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Gustavo Fruet: "A prefeitura não pode assumir sozinha uma conta de R$ 80 milhões" | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Gustavo Fruet: "A prefeitura não pode assumir sozinha uma conta de R$ 80 milhões"| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Um dia após o fim da greve geral do transporte coletivo de Curitiba e região, o prefeito Gustavo Fruet convocou entrevista coletiva nesta quarta-feira (28) para informar que, na próxima sexta-feira (30), anunciará as novas tarifas do transporte público da capital. O valor pago pelos usuário, segundo o prefeito, deve ultrapassar os R$ 3 e ainda há o risco de a tarifa única deixar de ser adotada na região metropolitana.Fruet fala que greve pode ter sido "instrumento político de empresas"

Para o prefeito, a manutenção da tarifa única da Rede Integrada de Transportes dependerá de um posicionamento do governo do estado. "O governo está oferecendo um subsídio de R$ 27 milhões [por ano]. Em 2012, ano eleitoral, ele repassou R$ 64 milhões. Não há como manter os mesmos valores do passado".

A sétima greve em um período de um ano, segundo Fruet, foi resultado de uma licitação que não equacionou o sistema de ônibus da cidade. "Em 2012, as empresas já informavam um déficit de R$ 200 milhões. Isso ocorreu menos de dois anos após a licitação. Algo não foi bem feito naquela época", argumentou. A licitação do transporte coletivo foi realizada em 2010 pelo então prefeito Beto Richa.

A estratégia adotada por Fruet neste ano é semelhante à utilizada no ano passado, quando o prefeito também convocou entrevista coletiva para dizer que aumentaria, isoladamente, a tarifa técnica de Curitiba. À época, a justificativa foi a mesma: o governo do estado ainda não havia sinalizado com um subsídio suficiente para manter a integração tarifária do sistema.

Neste ano, as negociações estão mais duras. Isso porque, a gestão Beto Richa chegou a anunciar que sua proposta de renovação do convênio da RIT era de R$ 2,3 milhões mensais a título de subsídio. Esse valor é um terço do que vinha sendo pago no ano passado. Nos últimos dois meses de 2014, a média mensal de subsídio estadual caiu para R$ 6 milhões porque o usuário passou a pagar mais na catraca (aumento de R$ 0,15).

Após a audiência conciliatória realizada ontem no Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região (TRT-9ª), o diretor presidente da Comec, Omar Akel, disse que essa proposta inicial seria retirada da mesa de negociações. "Vamos rediscutir esse valor. Mas precisamos, antes de tudo, ter um sistema equilibrado financeiramente", disse na ocasião.

Pelas contas da Urbs, a tarifa técnica de Curitiba, aquela que é repassada aos empresários, está atualmente em R$ 2,93 – apenas 2,8% acima do valor pago pelo usuário. Já a tarifa técnica metropolitana é de R$ 4,07 – 42,8% acima do preço pago pelo usuário.

A Comec contesta esses valores. De acordo com o órgão estadual, a pesquisa origem-destino realizada pela Fipe no ano passado mostrou que o custo do passageiro metropolitano é menor do que o informado pela Urbs. Por isso, o órgão propôs a diminuição substancial do subsídio.

Greve

A circulação de ônibus do transporte coletivo de Curitiba está sendo feita, de acordo com registro do Centro de Controle Operacional (CCO) da Urbs, às 18h desta quarta-feira (28), com 75,3% da frota. Ao longo do dia, a operação oscilou entre 80% e 92% da frota, de acordo com os horários de maior ou menor demanda.

De acordo com decisão do desembargador Luiz Eduardo Gunther, do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), em audiência conciliatória na tarde desta terça-feira (27), o serviço deveria ser prestado desde a tarde de ontem com 80% da frota. Esse porcentual foi atingido apenas na manhã desta quarta. Até as 22 horas de terça circulavam 153 carros, ou 14,75% da frota para este horário, que seria de 1037 ônibus.

Pela manhã, o CCO registrou problemas de circulação de linhas no terminal do Barreirinha, onde ônibus alimentadores de Almirante Tamandaré não estavam circulando, e no Campo Comprido, onde não estavam circulando ônibus vindos de Campo Largo. Houve dificuldades nos terminais Santa Cândida e Caiuá. A operação começou a normalizar a partir do meio da manhã.

Os carros cadastrados para o transporte alternativo, que operaram nesta segunda (26) e terça-feira (27), não podem mais transportar passageiros, assim como circular nas canaletas ou cobrar valores.

TRTA audiência conciliatória no TRT, na tarde de terça-feira, teve a presença de representantes dos sindicatos dos motoristas e cobradores (Sindimoc), das empresas de transporte coletivo (Setransp), Urbs e Comec.

Com a garantia pelo governo do Estado de depósito de R$ 5 milhões até quinta-feira (29), recurso que irá para o pagamento da quinzena salarial dos trabalhadores, foi possível o acordo. A frota volta a rodar em 100% quando o dinheiro for depositado. O governo do Estado deve, no total, R$ 16,5 milhões para a Rede Integrada de Transporte, referente à operação das linhas metropolitanas.

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