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Reinaldo Agostinho, 54 anos, vive com a mulher e a filha em uma casa de dois quartos e cozinha na Vila Encantadas. Era pescador, mas há 20 anos teve a perna esquerda amputada após uma trombose. Como sua aposentadoria de R$ 400 é baixa para a manutenção da casa, sua mulher, Areni, 39 anos, trabalha na venda de produtos de limpeza artesanais e chega a ganhar R$ 200 mensais.

Por causa de um problema em uma fossa construída para armazenar a água que cai do chuveiro, Agostinho foi multado em R$ 500 pelo IAP. "Disseram que eu estava poluindo o meio ambiente. Minha mulher precisou fazer serviços comunitários e nós ficamos com a dívida para pagar. Nem deram explicações sobre a questão da poluição, já chegaram e cobraram", denuncia.

Problema similar foi vivido pelo pescador Cláudio das Neves, 34 anos. Também morador das Encantadas, o caiçara foi multado em R$ 20 mil por ter reformado a casa onde vive. "Estava caindo aos pedaços, era até mesmo perigoso ficar aqui. Há três anos estava tentando uma autorização do IAP para a reforma e não consegui, nunca vieram me visitar. No início de outubro resolvi fazer a obra aqui em casa. Para minha surpresa, no dia 21 do mesmo mês já apareceu um fiscal acompanhado da Força Verde, da Polícia Militar. Invadiram minha casa e recebi a multa. Nem sei como vou pagar", reclama.

Neves tem renda mensal de R$ 300, não sabe ler e afirma ter sido obrigado a assinar um termo de embargo e um boletim de ocorrência sem saber do que se tratava. "Leram apenas uma linha dizendo que eu estava recebendo uma punição e mostraram onde eu deveria escrever meu nome", conta, entristecido, enquanto aguarda para resolver sua situação e trazer a mulher e a filha de volta para a casa.

Segundo o chefe do Escritório Regional do IAP na Ilha do Mel, Reginato Bueno, na baixa temporada a média é de uma pessoa multada por mês, enquanto na alta temporada são duas multas por semana. Os valores mínimos variam de R$ 500 (para problemas de esgoto) a R$ 10 mil (para construções). "Devido à necessidade de se preservar o meio ambiente, as multas são altas", justifica. O chefe do IAP no litoral critica os moradores. "Nunca vão se sentir representados. Reclamam de tudo", retruca. (FL)

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