• Carregando...
Papa Francisco ao lado do cardinal espanhol Martinez Sistach . | Max Rossi/Reuters
Papa Francisco ao lado do cardinal espanhol Martinez Sistach .| Foto: Max Rossi/Reuters

A ideologia de gênero foi o tema que mais ganhou destaque na primeira semana de Sínodo dos bispos sobre a família, assembleia que começou no último dia 4 e termina no dia 25 de outubro, no Vaticano.

“Os bispos de diversas partes do mundo pediram que se incorpore ao documento final a questão, já que no instrumentum laboris não há nada a respeito disso. Pensamos em falar da ideologia de gênero, porque é a desconstrução da família, da masculinidade, da feminilidade e de tudo o que se possa imaginar. Queremos também falar da emancipação da mulher, pois querem ligar a ideologia de gênero à questão da emancipação da mulher, e são duas coisas diferentes”, ressaltou o bispo João Carlos Petrini, um dos seis brasileiros convocados para o encontro.

De sexta-feira até a manhã deste sábado (10), os padres tocaram em temas como casamento inter-religioso, indissolubilidade do matrimônio, a qual, de acordo com os bispos, “deve ser apresentada positivamente, não como um peso”, sobre a necessidade de que as famílias ajudem os noivos a se preparam para o matrimônio e também ofereçam um acompanhamento aos casais em crise. Além disso, muitas colocações trouxeram a importância da espiritualidade familiar e de um olhar de misericórdia sobre situações delicadas da vida em família. Os padres sinodais de língua portuguesa e espanhola pediram uma preparação de seis meses para os jovens que pretendem se casar.

“Assim como existe uma preparação séria para o sacerdócio, deve haver uma preparação para o casamento”, dizem os bispos.

Outra sugestão apresentada pelos prelados foi destacar que o sínodo não é sobre o matrimônio, mas sobre a família, uma vez que muitas são formadas por viúvos e filhos criados pelos avós. Ao todo foram 75 intervenções, começando assim, a segunda etapa da assembleia que refletirá a primeira e a segunda parte do instrumentum laboris - o documento de trabalho do encontro.

Método

O cardeal Luis Antonio Tagle, das Filipinas, confirma que a metodologia do Sínodo, aprovada pelo Papa Francisco e apresentada em 2 de outubro deste ano, ainda não foi completamente compreendida pelos participantes da assembleia. Apesar de os bispos em geral elogiarem o papa Francisco por ter dado mais espaço para que qualquer participante exponha suas ideias livremente durante as congregações gerais e que os pequenos grupos compostos por 20 ou mais padres sinodais, divididos por idioma, sejam mais numerosos e, com isso, tenham mais autonomia e força na assembleia de 2015, há controvérsias.

O pontífice quis que, a cada semana, os pequenos grupos refletissem sobre uma parte do instrumentum laboris.

Porém, em meio às congregações gerais e às centenas de propostas dos grupos, muitos temas acabam vindo à tona, o que dificulta a compreensão do rumo que o Sínodo deve tomar.

“Temos que compartilhar nossas opiniões e ideias em diversos contextos. Creio que ainda temos dúvidas sobre o funcionamento do novo método”, disse Tagle.

Nos sínodos anteriores, não havia tanta liberdade para que qualquer participante discursasse em plenário, além disso, houve um aumento na quantidade dos círculos menores que interferem diretamente na elaboração do texto final do Sínodo.

Francisco também excluiu a relatio post disceptationem, um texto intermediário publicado na metade de um sínodo, com um resumo de tudo o que é debatido até então. Ele preferiu que as contribuições dadas pelos bispos de todo o mundo fossem elencadas em um único texto: o relatório final, o qual pode se tornar, neste ano, caso o papa aprove, um parecer final da Igreja Católica sobre a linha pastoral que deve ser seguida em relação à família contemporânea.

Família

Dom João Carlos Petrini, bispo de Camaçari-Bahia, citado acima, foi o primeiro brasileiro a fazer um discurso no sínodo de 2015. Em sua palestra proferida diante de 269 padres sinodais, dos quais 45 foram convidados pessoalmente pelo Papa, ele falou sobre “a família como um recurso indispensável para a sociedade”.

“É um recurso porque é na família que se transmitem os valores. [...] Há uma tendência de se desvalorizar a família, como se ela trouxesse todos os males para a sociedade. Fala-se que ali existe a violência contra a mulher, a opressão para com as crianças e, na realidade, não é verdade. Isso é um jogo ideológico”, destacou.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]