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Terras

Decreto criou 100 áreas para assentamentos; só uma no estado

Um decreto publicado pela Presidência da República em 27 de dezembro do ano passado promete agilizar a reforma agrária no Brasil. De acordo com o texto, foram criadas 100 novas áreas para reforma agrária no país e novas regras para financiamento e titulação. Uma dessas novas áreas fica em Congonhinhas, no Paraná, onde deverão ser atendidas 67 novas famílias. De acordo com o Incra, ao todo, são mais de 193 mil hectares em 16 estados brasileiros, com capacidade para atender 4.670 famílias de trabalhadores rurais. Segundo o governo, apenas 22% dessa área era utilizada. O instituto investirá R$ 267,1 milhões na indenização dos imóveis aos proprietários ainda em 2014 – as terras são pagas por meio de Títulos da Dívida Agrária (TDA) e as benfeitorias em dinheiro. Junto com a terra, o governo promete iniciar investimentos em políticas públicas como os programas Minha Casa, Minha Vida (MCMV), Água para Todos e Luz para Todos, em cronograma previsto nas portarias de criação dos assentamentos.

Assistência

De acordo com o Incra, já foram contratados serviços para realização de extensão rural em 195 projetos de assentamento no estado, em um investimento anual de R$ 13,1 milhões durante os próximos três anos. Em média, serão R$ 1,2 mil por família atendida.

Ao todo, serão seis entidades selecionadas por meio de chamada pública que atenderão os assentamentos distribuídos em nove lotes – totalizando 79 municípios.

Questionamento

MST descarta lotes existentes no cumprimento das metas

O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) não concorda com a soma de assentamentos em lotes já existentes como forma de cumprimento de metas do Plano nacional de Reforma Agrária. De acordo com José Damaceno, porta-voz do Movimento no Paraná, são assentamentos já implantados e que não mudam a realidade da distribuição de terra no estado. "O que conta são as desapropriações novas, pois ainda há mais de cinco mil famílias na fila no estado", argumenta.

De acordo com Damaceno, o decreto assinado pela presidente Dilma Rousseff em dezembro passado foi tímido para o Paraná. "Há apenas uma área aqui, em Congonhinhas, que atenderá pouco mais de 60 famílias. Isso é muito pouco perto do que precisamos. As famílias estão em áreas no norte e oeste do estado, já prontas para serem assentadas. Basta vontade política".

O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) assentou 738 famílias em 2013 no Paraná – 23% acima da meta estabelecida para o ano – mas apenas 239 delas em novos lotes. O desempenho foi impulsionado pela recuperação de lotes já existentes usados irregularmente ou devolvidos pelas famílias. Por meio dessa ação, 499 famílias foram assentadas no estado em 2013 – 68% do total.

O órgão estima que ainda haja quatro mil famílias na fila por um lote em terras paranaenses dentro do programa de reforma agrária, o que deveria diminuir ainda mais com a recuperação de lotes já existentes em 2014. Mas o desempenho nessa área em 2013 não deve se repetir neste ano.

INFOGRÁFICO: Veja os assentamentos no mapa

De acordo com Nilton Bezerra Guedes – superintendente do Incra no estado, a intensificação dos trabalhos para assentar famílias nesses lotes fez com que não sobrasse muitos para 2014. "Devemos ter em torno de 200 lotes já identificados a serem recuperados neste ano. Para 2014, a maioria [dos assentamentos] deve ocorrer por meio de novas desapropriações", informou Guedes, que não adiantou a nova meta anual de famílias assentadas. "Isso vamos fechar na próxima semana em Brasília".

Os assentamentos em lotes já existentes ocorrem, principalmente, quando o Incra comprova falta de aptidão do assentado para a agricultura ou quando a família ocupa o lote de forma irregular, descumprindo condicionantes. "Há também casos em que a própria família desiste da terra por motivos de saúde ou morte do titular", explica Guedes. Esse é o caso do lote hoje ocupado pela família de Adelaide Marilene Walter Alles, 48 anos.

Antes de se mudar para o Paraná, cinco anos atrás, a gaúcha viveu 20 anos no Paraguai – onde foi cooptada pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). "Passei a colaborar com o MST e fui morar no acampamento Chico Mendes", conta a agricultora. Em 2008, ela foi morar em um lote no assentamento 16 de Maio – em Ramilândia, no Oeste do estado. A terra foi restituída ao Incra pela filha do casal que tinha a posse, falecido naquele ano.

De 2008 para cá, Adelaide, o marido e um filho, hoje com 16 anos, passaram por uma espécie de adaptação à terra. No ano passado, a posse foi regularizada. "Hoje, além do dinheiro que ganhamos com a produção do leite, plantamos mandioca, batata e milho para nossa subsistência. A vida está muito melhor", comemora. Além da família Alles, outras quatro foram assentadas no 16 de Maio em função da recuperação de lotes pelo Incra.

R$ 36 mi foram empenhados em 2013

A superintendência do Incra no Paraná empenhou – ou seja, deixou reservado – R$ 36,5 milhões para obtenção de imóveis com capacidade para atender novos projetos de reforma agrária no estado. Esse montante, segundo o órgão, atenderá 293 famílias – sendo que 168 delas já assentadas no projeto Egídio Bruneto, em Rio Branco do Ivaí. As outras 125 serão assentadas neste ano.

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