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Primeira testemunha a prestar depoimento durante a audiência do caso Mércia Nakashima no Fórum Central de Guarulhos, na região metropolitana, nesta segunda-feira (18), a irmã da advogada, Claudia Nakashima, disse ter muita raiva de Mizael Bispo de Souza, ex-namorado da vítima e principal suspeito do crime. "Eu tenho muita raiva do Mizael. Se encontrar com ele na rua, eu dou ré e passo por cima dele", disse ela durante seu depoimento.

O depoimento de Claudia começou às 11h30 e foi finalizado às 13h. Ela pediu a saída dos acusados – além de Mizael, o vigia Evandro Bezerra Silva – da sala durante seu relato. Antes de entrar na sala, ela passou mal e vomitou, pois sofre de anorexia nervosa.

A defesa de Mizael ainda tentou adiar a audiência com dois pedidos antes de seu início, que foram rejeitados. O advogado Samir Haddad Júnior também tentou a exclusão de Claudia como testemunha de acusação, alegando que ela estava movida pela emoção, mas não teve sucesso.

As repostas da irmã de Mércia foram gravadas por uma câmera, que também irá registrar os depoimentos das outras testemunhas e dos acusados – segundo o Leandro Jorge Bittencourt Cano, um método mais moderno e fiel ao que é dito. Não há estenotipistas na sala. Os pais da vítima acompanham a audiência do lado direito da sala. No lado esquerdo estão os parentes de Mizael.

Claudia foi questionada pelo juiz, pelo promotor e pelos dois advogados do Mizael, Haddad Júnior e Ivon Ribeiro. O advogado de Evandro não quis fazer perguntas. A irmã de Mércia falou muito do relacionamento da irmã com Mizael e do que conhecia do advogado. Segundo ela, ele era uma pessoa bastante ciumenta com Mércia. Claudia também contou que ouviu de amigos da irmã que Mizael a ameaçava para que os dois se encontrassem. "Ele ligava direto dizendo ‘se você não se encontrar comigo você vai ver’."

Ainda em seu depoimento, Claudia contou ter ouvido do próprio Mizael que ele gostava de andar armado, mas que não conseguia atirar com precisão – ele teria dito: "eu fui aposentado porque eu perdi os dedos e não tenho firmeza para atirar. Se eu for atirar em alguém não vai onde eu quero."

Claudia contou ter visto a irmã com hematomas nos braços e nas pernas durante seu relacionamento com Mizael, mas Mércia nunca confessou ter sido agredida por ele. A irmã da vítima também afirmou que o porteiro do prédio foi avisado sobre o fim do relacionamento com Mizael, para que ele não entrasse mais no condomínio, e que o advogado chegou a ir dez vezes ao local. "Eles viviam brigando", disse ela.

Claudia afirmou que está com medo de sair de casa, e que quando conheceu Mizael, na faculdade, ele tinha fama de matador de aluguel. Ela também disse ter conhecimento de que uma ex-mulher do acusado registrou boletim de ocorrência de ameaça e agressão contra ele.

A próxima testemunha a ser ouvida, após uma hora de recesso, será Márcio Nakashima, irmão de Mércia. Todas as testemunhas de defesa foram dispensadas e devem comparecer nesta terça-feira (19) para serem ouvidas. O juiz também convocou o perito Renato Patoli, autor do laudo da reconstituição da morte, como testemunha do juízo.

Esta etapa do processo, conhecida como instrução ou pronúncia e que antecede um eventual julgamento. Segundo a assessoria de imprensa do TJ, os trabalhos poderão durar até três dias.

Ao final, o juiz Leandro Jorge Bittencourt Cano deverá divulgar a sentença. Se pronunciá-los, os acusados de matar a advogada de 28 anos em 23 de maio numa represa em Nazaré Paulista, no interior do estado de São Paulo, deverão ser levados a júri popular. Se optar pela impronúncia, o caso será arquivado e não haverá julgamento.

O ex-namorado e ex-sócio da vítima, o advogado e policial militar reformado Mizael Bispo de Souza, de 40 anos, e o vigia Evandro Bezerra Silva, de 39 anos, são apontados como "executor" e "partícipe" do assassinato, respectivamente.

Mizael sempre negou o crime. Evandro também passou a alegar inocência. Ambos respondem ao processo em liberdade provisória, mas são obrigados a comparecer a audiência. Existe ainda a possibilidade de, numa eventual pronúncia, de o juiz decretar a prisão preventiva dos réus ao dar a sentença, caso haja algum fato novo que justifique isso.

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