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Janaína Paschoal pede informações ao governo paulista sobre morte de adolescente recém-imunizada
Janaína Paschoal, deputada estadual| Foto: Comunicação Alesp

A deputada estadual Janaina Paschoal (PSL) protocolou um pedido de informações junto à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo e solicita esclarecimentos a respeito da investigação sobre a causa da morte de uma adolescente de 16 anos, residente em São Bernardo do Campo (SP), oito dias após tomar a primeira dose da vacina Pfizer. O requerimento de informação 975/2021 foi publicado no Diário Oficial do estado nesta quarta-feira (22).

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Na sexta-feira (17), a Secretaria de Saúde do estado informou que análises técnicas concluíram que a vacina não foi a causa provável do óbito da adolescente (entenda o caso) que no dia 2 de setembro, sofreu um choque cardiogênico e enfarte agudo do miocárdio. A causa provável, disse a pasta, foi uma doença autoimune rara e grave denominada Púrpura Trombótica Trombocitopênica (PTT).

A mãe da jovem, no entanto, afirma que a filha nunca teve qualquer doença preexistente ou autoimune e que ela passava por exames de rotina anualmente. Ela alega ainda que somente nesta segunda-feira (20) teve acesso ao laudo médico da adolescente, mesmo solicitando o documento ao hospital desde a data de óbito da jovem.

A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, por outro lado, teve acesso ao laudo com antecedência. A partir daí, o órgão informou que 70 profissionais reunidos pela Coordenadoria de Controle de Doenças e do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) concluíram não ser possível atribuir diretamente o óbito à vacinação.

“A PTT é uma doença rara e grave, normalmente sem uma causa desencadeante conhecida. Apesar da relação temporal com a vacinação, não há como atribuir relação causal entre PTT e a vacina covid-19 de RNAm”, cita o relatório do grupo. “Pelas razões explicitadas acima, não é possível atribuir diretamente a doença e óbito à vacinação. Tal caso não pode ser usado como sinal de segurança, muito menos ser justificativa para alterar a estratégia de vacinação de adolescentes sem comorbidades”, prossegue o documento.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) afirmou que, após reunião de representantes da entidade com membros da pasta de Saúde paulista na segunda-feira (20), considerou “consistentes e bem documentados” os dados apresentados pelo grupo de especialistas. Mesmo assim, a agência decidiu reportar o caso para a Organização Mundial da Saúde (OMS).

“Considerando a relação temporal entre a vacinação e a ocorrência do evento adverso, a Anvisa irá notificar o caso à Organização Mundial da Saúde (OMS) para avaliação quanto a qualquer possível sinal de segurança”, diz comunicado da agência.

"Faltam esclarecimentos quanto à investigação", diz deputada

No requerimento protocolado por Janaina Paschoal, a deputada faz 11 questionamentos (veja abaixo) que, segundo ela, não foram esclarecidos no relatório do grupo de especialistas convocado pelo governo paulista. Para a parlamentar, na justificativa do pedido, foram publicados poucos detalhes, “sendo necessário, portanto, compreender exatamente como os profissionais chegaram ao entendimento de que a morte da adolescente não teve como causa a vacina e sim a doença autoimune Púrpura Trombótica Trombocitopênica”, cita trecho da solicitação.

Janaina narra, no documento, casos pontuais de efeitos colaterais graves em adolescentes após a vacinação contra a Covid-19 em países como Itália e Inglaterra e cita uma publicação do governo do Reino Unido, de 15 de setembro, na qual foram elencados efeitos colaterais comuns em jovens com menos de 18 anos após receberem a segunda dose da vacina. Na publicação, o governo britânico orienta que se busque atendimento médico com urgência no caso dos seguintes sintomas: dor no peito, falta de ar e sensação de aceleração dos batimentos cardíacos, palpitação ou batimentos fortes.

“Percebe-se que, diversamente do que vem ocorrendo no Brasil, em outros países, mesmo quando não se conclui pela conexão direta entre a vacina e os resultados mais graves, toma-se o cuidado de se considerar a hipótese e adotar protocolos para o surgimento de sintomas mais significativos”, cita trecho do requerimento. “No que tange à morte havida em São Bernardo do Campo, rapidamente as autoridades buscaram afastar o nexo de causalidade entre a vacina e o óbito, sem estabelecer qualquer orientação às famílias, efeitos correlatos ocorram”.

À Gazeta do Povo, a deputada declarou que faltam esclarecimentos quanto à investigação, pelo governo paulista, das causas relacionadas ao óbito da jovem. “Chamou a minha atenção a pressa em divulgar a ausência de qualquer conexão entre a vacina e a morte, sem que nenhum detalhe tenha sido trazido a público”, disse Janaína.

Ela reconhece que exames e perícias, ainda que realizadas por juntas de profissionais, nem sempre conseguem emitir um diagnóstico taxativo, porém alega que apesar de a pasta de Saúde do estado reconhecer que o resultado que consta no relatório não é categórico, anunciaram como se fosse. Com isso, segundo ela, o governo estadual deixa de alertar a população sobre possíveis efeitos que poderiam ensejar uma busca de socorro mais imediata.

“Há sites de agências reguladoras internacionais que já reconhecem a conexão, por exemplo, com miocardite, bem como sintomas como falta de ar, disparo do coração, dor no peito. Nesses casos, eles alertam que é um quadro de gravidade diferenciada e que o socorro precisa ser buscado imediatamente”, diz Janaina Paschoal. “Na medida em que o governo de São Paulo e as autoridades em geral são negacionistas com relação a esses efeitos, corre-se o risco de situações como essa se repetirem e as famílias não buscarem ajuda”, afirma.

Posicionamento governo de São Paulo

A assessoria de comunicação da Secretário de Estado da Saúde de São Paulo enviou nota à reportagem na qual reforça a conclusão das análises técnicas que indicaram que a vacina não foi a causa provável do óbito, e sim a doença identificada com base no quadro clínico e em exames complementares, denominada Púrpura Trombótica Trombocitopênica.

“A PTT é uma doença autoimune, rara e grave, normalmente sem uma causa conhecida capaz de desencadeá-la, e não há como atribuir relação causal entre PTT e a vacina contra COVID-19 de RNA mensageiro, como é o caso da Pfizer”, informa o comunicado.

“Pessoas com histórico de doenças autoimunes, ou seja, causadas por autoanticorpos, podem receber as vacinas contra COVID-19 disponíveis no país, e devem consultar o médico em caso de dúvida. A rede de saúde está orientada quanto à conduta de imunização de todos os públicos por meio de Documento Técnico do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE)”, prossegue a nota.

A pasta enfatiza também que a vacina da Pfizer, que foi a aplicada na adolescente, é a única que tem autorização da Anvisa para ser ministrada em pessoas de 12 a 17 anos.

Questionamentos de Janaina Paschoal

Veja abaixo a relação de perguntas enviadas pela parlamentar à Secretaria de Saúde de São Paulo:

1. Quais os exames feitos para identificar a doença autoimune Púrpura Trombótica Trombocitopênica (PTT) diagnosticada na adolescente?
2. Antes de tomar a vacina, a jovem já havia apresentado algum sintoma da referida doença?
3. Quais fatores podem ensejar a manifestação da doença autoimune da Púrpura Trombótica Trombocitopênica (PTT)?
4. É possível afirmar que a vacina não foi o catalisador para a doença PTT se manifestar?
5. Os sintomas que levaram a adolescente a óbito começaram a se manifestar quantos dias após a vacina?
6. Quem são os 70 profissionais que fizeram as análises e a quais órgãos estão vinculados?
7. Em quanto tempo a equipe fez os testes que a levaram a descartar o nexo entre a morte e a vacina?
8. Há outros casos de adolescentes vacinados que manifestaram a mesma doença autoimune?
9. Até o momento, quantos adolescentes apresentaram efeitos adversos à vacina?
10. Noticiou-se que a Pfizer também iniciou investigações a respeito da morte da adolescente em São Bernardo do Campo. A Secretaria de Saúde já recebeu alguma notificação sobre os resultados de referida apuração? Estão em contato?
11. A Secretaria de Saúde pretende estabelecer algum protocolo de como tratar outros adolescentes, que apresentem a mesma sintomatologia após a vacinação?

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