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9,6 milhões não estudam nem trabalham

Agência Estado

No Brasil, 9,6 milhões de jovens de 15 a 29 anos não estudam nem trabalham. O contingente é formado principalmente por mulheres, muitas delas com filhos. A Síntese de Indicadores Sociais 2013, com dados de 2012, mostra que um em cada cinco brasileiros (19,6%) nessa faixa etária não trabalhava nem frequentava escola. Na faixa de 18 a 24 anos, o índice é de quase um quarto (23,4%).

"Não significa que são encostados ou que são um bando, mas é um fator preocupante porque não é possível que pessoas dessa idade não estudem nem trabalhem", diz a técnica do IBGE Ana Saboia. Segundo Ana, os dados não permitem apontar as razões para número tão significativo da chamada "geração nem-nem" (nem estuda nem trabalha), mas, com relação às mulheres a necessidade de cuidar dos filhos é um fator que contribui para não terem atividades produtivas. A proporção de jovens que não vão à escola e não têm emprego se mantém estável, com pequena redução nos últimos dez anos: em 2002, eram 20,2% da população nessa faixa etária.

Transferência de renda

A pesquisa também indica que, na última década, a renda proveniente do trabalho perdeu peso no rendimento dos brasileiros mais pobres, graças aos programas de transferência de renda. No entanto, a taxa de ocupação entre essa população não caiu, até aumentou.

Entre 2004 e 2012, o rendimento médio teve aumento em todas as camadas da população. Mas o crescimento da renda foi maior justamente na base da pirâmide, nas faixas com rendimento mais baixo. Os 20% dos brasileiros com menor renda familiar per capita tiveram um aumento real de cerca de 70% de 2004 a 2012. No mesmo período, os 40% com maior renda familiar per capita tiveram aumento de 22% no rendimento médio. As explicações vão da redução na desigualdade à política de valorização do salário mínimo.

Educação e serviços

O percentual das pessoas sem completar 8 anos de estudo – a lei prevê esse tempo mínimo na escola – caiu de 38,5% em 2002 para 30,6% em 2012. Já o total de pessoas excluídas do sistema de proteção social (sem contribuir para instituto de previdência ou aposentadoria ou fora de programas de transferência de renda) recuou de 23,2% para 11,3%. Já o contingente de pessoas sem o acesso a serviços básicos (saneamento, coleta de lixo, abastecimento de água e iluminação) cedeu de 39,9% para 31,6% de 2002 para 2012.

Com o aumento da escolaridade, o custo mais alto da moradia em grandes cidades, o casamento tardio e a maternidade em idade mais avançada, os jovens demoram a sair da casa dos pais. São tantos os casos no país que já há um nome para o fenômeno: geração canguru.

INFOGRÁFICO: Veja os números da pesquisa

Os que fazem parte dela são os jovens de 25 a 34 anos de idade que moram com a família na qual nasceram. De 2002 a 2012, a proporção desse grupo passou de 20% para 24% no Brasil. Cerca de 60% dos jovens nessa condição eram homens e 40% mulheres, segundo o estudo Síntese de Indicadores Sociais, divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Pelos dados do IBGE, os jovens que ficam mais tempo convivendo com a família de origem estavam menos ocupados, mas tinham uma escolaridade maior. A taxa de ocupação desse grupo era de 91,4%, abaixo da média de 93,7%. Já os jovens que postergaram a saída de casa ganhavam quase um ano de estudo (10,8 anos na escola, contra 9,9 anos da média).

"Não há uma diferença muito grande na ocupação, que se mantém num patamar muito elevado, mas há claramente uma escolaridade mais elevada. Isso indica que os jovens ficam mais tempo com os pais enquanto estão estudando", diz Ana Lucia Saboia, coordenadora da pesquisa.

Outras razões são o elevado custo de morar sozinho e a opção por casar e ter filho mais tarde, segundo o IBGE.

O fenômeno da geração canguru ocorre com mais frequência em famílias de renda mais alta e na Região Sudeste. Em geral, são ocupados e têm alta escolaridade. Segundo técnicos do IBGE, uma combinação de fatores pode levar ao adiamento da decisão de deixar as casas dos pais – os motivos vão de questões financeiras a emocionais.

Desigualdade

A pesquisa do IBGE mostra ainda que um das facetas da desigualdade racial no país reside na maior mortalidade de jovens pretos e pardos por causas violentas. No grupo de 20 a 24 anos, a taxa de mortalidade era, em 2012, de 30 por 100 mil habitantes para brancos, contra 82 para pretos ou pardos.

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