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| Foto: NILTON FUKUDA /AE

Começa nesta segunda-feira (28) o júri de Elize Matsunaga, de 34 anos, presa desde 2012 por matar e esquartejar o marido, o empresário Marcos Kitano Matsunaga, herdeiro do grupo Yoki. O crime aconteceu no triplex onde o casal morava com a filha, na Vila Leopoldina, zona oeste de São Paulo.

Ré confessa, ela tenta provar que trata-se de um crime passional, cometido após briga doméstica. A acusação, por sua vez, sustenta a tese de que ela agiu de forma premeditada, por interesse financeiro e contou com a ajuda de um cúmplice para se livrar do corpo. A pena pode chegar a 33 anos.

O julgamento vai ocorrer no mesmo plenário do Fórum Criminal da Barra Funda, onde Suzane von Richthofen e Gil Rugai foram condenados. Nas palavras da promotoria, será um “duelo de criar fatos”. Elize vai responder por homicídio qualificado, além de destruição e ocultação de cadáver.

Marcos, que tinha 42 anos, foi morto no dia 19 de maio de 2012, após levar um tiro do lado esquerdo do crânio. Ele teve o corpo esquartejado em sete partes, que foram armazenadas por Elize em malas e jogadas numa estrada de Cotia, na Grande São Paulo. Segundo a acusação, o seguro de vida de R$ 600 mil da vítima motivou o crime.

Com um processo de 26 volumes, o julgamento promete ser longo – o plenário foi reservado por cinco dias. Na condução estará o juiz Adilson Paukoski Simoni, da 5.ª Vara do Júri, o mesmo que atuou no julgamento do seminarista Gil Rugai, condenado a 33 anos e 9 meses de prisão por matar o pai e a madrasta em 2004, em São Paulo.

Testemunhas

Os depoimentos começam após a leitura das peças do processo. São nove testemunhas de acusação, três em comum e nove de defesa. Entre elas, há familiares, policiais e pessoas que conheciam o casal. Apontada como amante de Marcos e pivô da suposta briga entre os dois no dia do crime, a modelo Nathalia Vila Real Lima não foi convocada.

O promotor José Carlos Cosenzo quer provar que o assassinato do herdeiro da Yoki teve três qualificadoras: o motivo torpe, a impossibilidade de defesa e o meio cruel. Entre suas testemunhas, estão o irmão da vítima Mauro Kitano Matsunaga e o detetive Willian Coelho de Oliveira, contratado por Elize para descobrir e filmar a traição do empresário.

Para a acusação, Elize, que praticava tiro, surpreendeu a vítima desarmada. O disparo, dado de cima para baixo, a cerca de 20 centímetros de distância, é um indício de que Marcos não teve chance de se defender. “Ele era bem mais alto do que ela”, diz Cosenzo.

A promotoria defende que o crime foi premeditado e que Marcos começou a ser degolado ainda com vida. Segundo o promotor, a bala ficou instalada em um local que não provocou morte instantânea e a vítima engoliu sangue, após o corte no pescoço. Ele também afirma que Elize não agiu sozinha. “Tudo será provado tecnicamente”, afirma.

Já a defesa deve apostar na tese de que se tratou de um crime passional. A hipótese foi admitida pelo delegado Jorge Carrasco, então diretor do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa na época, chamado pelos advogados de Elize como testemunha. Também foi intimada Roseli de Araújo, tia da ré. Com parentes e pessoas próximas do casal, a defesa deve tentar mostrar que Elize era vítima de violência do marido. “Vamos contar o todo: a personalidade de um e de outro, até o dia dos fatos”, diz a advogada da ré, Roselle Soglio.

Segundo a defesa, o disparo foi efetuado a mais de 1,90 metro de distância. Os advogados afirmam, ainda, que Elize não recebeu ajuda de outra pessoa e que o esquartejamento só ocorreu após a morte de Marcos. “Elize merece ser julgada pelo ato que ela praticou, e não por aquilo que a acusação imputa a ela”, diz.

Tranquila

Presa em Tremembé, Elize está ansiosa, segundo a defesa. “Ela quer muito esse julgamento. Como qualquer outro detento, quer ter sua situação resolvida”, afirma Roselle. “Ela está tranquila em relação à verdade que já foi apresentada. Fez um confissão ampla e bastante completa.” A advogada também diz esperar pela absolvição. “Tudo pode acontecer.”

Já o promotor do caso afirma que receberia com “indignação” a sentença com pena inferior a 24 anos. “Nada foi como ela (Elize) falou”.

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