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Banheira de hidromassagem na casa do traficante Alexander “Polegar”: conforto pago com o dinheiro das drogas | Fábio Motta/AE
Banheira de hidromassagem na casa do traficante Alexander “Polegar”: conforto pago com o dinheiro das drogas| Foto: Fábio Motta/AE

Rio de Janeiro - Informações de moradores levaram policiais até "mansões" usadas por traficantes de drogas no complexo de favelas do Alemão. Por fora, pareciam casas como todas as outras, com tijolos aparentes e portas de ferro com fechaduras simples. Mas lá dentro havia piscinas, churrasqueiras, banheiras de hidromassagem, eletrodomésticos e equipamentos de última geração, uma academia de ginástica e uma discoteca privadas, sistema de ar-condicionado central, tetos rebaixados com gesso, muito mármore e muito blindex. Enfim, um estilo de vida bem diferente daquele dos demais moradores da região.

Na Favela da Grota, uma casa de três andares seria a fortaleza de Alexander Mendes de Oli­­veira, conhecido como Polegar e apontado pela polícia como chefe do tráfico de drogas na Man­­gueira, que havia fugido para o Alemão. No primeiro andar, uma caixa vazia de uísque Chivas Regal 12 anos estava jogada em cima da mesa de vidro. Quatro tevês de LCD, geladeira, fogão de seis bocas e máquina de lavar, todos aparentemente recém-comprados e de marcas caras, foram destruídos a tiros e marretadas, possivelmente pelo próprio traficante, antes de fugir, segundo a polícia.

No segundo andar, ele podia tomar banho na banheira de hidromassagem redonda com vista para o teleférico do Alemão. Na cobertura, uma piscina que à tarde fez a alegria de crianças e adolescentes do morro, que brincavam no local, mergulhando. De cima do terraço, o traficante podia controlar o movimento em um dos principais acessos ao morro, a Rua Joaquim de Queiroz. Policiais quebraram partes do teto de gesso e de painéis pintados nas paredes em busca de drogas e armas. "A casa caiu", comentou um dos agentes da Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais (Core), da Polícia Civil, os primeiros a chegar à mansão.

Centros de lazer

Em outro local, na Favela Nova Brasília, o traficante conhecido como Gão, acusado de chefiar o tráfico no Morro do Faz Quem Quer, em Rocha Miranda, mantinha uma casa que os policiais definiram como "centro de lazer", para realização de festas e churrascos, com a participação de chefes do tráfico local. No fundo da piscina, que tem um chafariz em forma de golfinho, há um grande G ladrilhado. A área é cercada de painéis que retratam paisagens da capital fluminense. Havia churrasqueira, pista de dança, banheira de hidromassagem e decoração com colunas gregas na ampla casa de dois andares, com vista para o Estádio Olímpico João Havelange (Engenhão).

"A casa era usada como centro de lazer pelo Gão, uma espécie de clube. Chegamos depois de receber a indicação de moradores", disse o tenente-coronel Luiz Otávio Lopes da Rocha Lima, comandante do 6.º Batalhão da PM, responsável pela operação. "A população está ajudando muito."

O oficial transformou o local em base de sua equipe. Foram levados para lá, até o início da tarde de ontem, cinco fuzis, duas metralhadoras, uma granada e cerca de 200 quilos de drogas. "Um bandido que estava armado com fuzil e atirou contra policiais, morreu", disse o coronel. No Morro da Fazendinha, policiais encontraram uma vila que seria usada como hotel do tráfico. Lá, quartos também serviriam para depósito de armas e abrigariam um laboratório para refino de drogas. Outra casa, supostamente usada pelos criminosos Fabiano Atanázio, o FB, e Luciano Martiniano da Silva, Pezão, chefes do tráfico na Vila Cruzeiro e no Alemão, respectivamente, teria sido saqueada por moradores no fim da tarde.

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