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Milan Starostik e um dos hóspedes do Anami, na região metropolitana de Curitiba: animais no paraíso | Fotos: Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Milan Starostik e um dos hóspedes do Anami, na região metropolitana de Curitiba: animais no paraíso| Foto: Fotos: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Hobby e dedicação

Casal cuida de animais há 35 anos

O casal Milan e Anita Starostik se dedica há 35 anos aos cuidados de animais vítimas de maus-tratos. Refugiados da República Tcheca depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), antes de chegarem ao Brasil Milan e Anita passaram uma temporada de cinco anos no Uruguai, onde adquiriram um leve sotaque espanhol. Se estabeleceram em São José dos Pinhais depois de comprarem a Companhia Providência (empresa de fabricação de plástico).

Em 1975, criaram o Instituto Anami como um hobby. "Meu marido gostava de animais e no meio da fábrica tínhamos um local com alguns", conta Anita. Com o tempo, o abrigo cresceu. Há três anos, Anita e Milan venderam a fábrica e passaram a se dedicar somente ao instituto.

Casados há 61 anos, com três netos e dois bisnetos, o casal vive na ampla residência que fica dentro do Instituto Anami. O recanto tem o ritmo dos dois. Até os tratadores mais antigos precisam ter cuidados na hora de entrar nos abrigos dos animais, mas somente Anita e Milan circulam com desenvoltura, levam frutas nas mãos dos chimpanzés, chamam todos os animais pelo nome e se desmancham em elogios o tempo todo. Mas, e toda esta "cantoria" de animais, não incomoda? "O que perturba mesmo são os aviões que passam por aqui para chegar ao aeroporto. O barulho dos bichos, nunca", diz Anita.

  • O Instituto Anami recebe animais vítimas de maus-tratos. A maioria dos 23 chimpanzés veio de um circo de Israel
  • Omega cumpre isolamento de 30 dias para desintoxicação e limpeza dos dentes

Depois de amargar anos de maus-tratos no Líbano, o chimpanzé Omega está no paraíso. O animal, que tem 12 anos, foi trazido para o Instituto Conser­vacionista Anami, em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, na última quinta-feira, após ser encontrado em um zoológico em péssimas condições. Pelos próximos 30 dias, Omega ainda ficará isolado dos demais chimpanzés hospedados no recanto e estará sob tratamento de saúde: ele precisa se livrar do vício do tabaco.

Omega aprendeu a fumar no período em que estava no zoológico libanês. Os visitantes jogavam as bitucas dentro da gaiola onde ele ficava. Até agora, o macaco não apresentou nenhum sinal de abstinência e está se alimentando bem, mas vai precisar de tratamento dentário, segundo a proprietária do Anami, Anita Starostik. "Por causa do cigarro, ele ficou com os dentes amarelos e com tártaro." Caso seja necessário, o chimpanzé poderá usar algum medicamento para se livrar do fumo. Por enquanto, o seu comportamento é considerado normal.

Omega está se alimentando como os outros animais, com um banquete diário que inclui frutas, verduras frescas produzidas no instituto, vitamina de frutas e até mingau com leite e aveia, dado em garrafinhas por Anita. Após o período de isolamento e o tratamento dentário, ele será novamente examinado e deverá se juntar aos outros chimpanzés, em um novo local construído na propriedade, com árvores e brinquedos como cama elástica e balanços.

O fundador do Anami, Milan Starostik, conta que foram contatados pelo Projeto Gap (de Sorocaba, São Paulo) para ver se havia lugar para Omega, descoberto no zoológico do Líbano pelo executivo da ONG Animal Labanon, Jason Meier. Ele viajou em um avião de carga e chegou ao Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP) na noite de terça-feira, após meses de burocracia enfrentada pelo Ibama.

Projeto

O Instituto Anami é mantido pelo casal Milan e Anita Sta­rostik, que fundou o local há 35 anos. Não são aceitas doações e o contato é feito apenas com ONGs ativistas de proteção animal. Todos os hóspedes do recanto, com exceção de bichos de criação do casal, foram acolhidos por sofrerem maus-tratos. São 23 chimpanzés – a maioria resgatada de um circo de Israel –, uma orangotango fêmea, nove macacos-aranha, dois macacos-prego, 20 araras, 12 tucanos e 80 papagaios. O casal também cuida de 12 flamingos e 46 cervos, além de patos, cisnes e galinhas. No local trabalham sete tratadores, cinco chacreiros, dois veterinários e 12 pedreiros para construções e reparos na infraestrutura. As jaulas onde os chimpanzés dormem ficam em um ambiente com calefação e são abertas so­­mente por um sistema informatizado. Anita, que chama todos os animais pelo nome, acredita que o melhor tratamento para Omega será o carinho. "Chim­panzés são tão temperamentais quanto os homens. Precisamos saber lidar com eles."

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