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O depoimento de Nayara, de 15 anos, ao qual o jornal "O Estado de S. Paulo" teve acesso, traz uma terceira contradição em relação à versão apresentada pelos homens do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate). Segundo a adolescente, Douglas, irmão de Eloá Cristina Pimentel, foi orientado pelos PMs a subir até o primeiro piso do prédio, enquanto ela deveria ir até o segundo piso, sem se aproximar muito da porta do aparamento onde Lindemberg Alves, de 22 anos, mantinha a ex-namorada refém. Já o capitão Adriano Giovaninni, negociador do Gate, afirma que ambos receberam recomendação de se deslocarem apenas até o primeiro andar.

Durante todo o percurso até o apartamento, Nayara conversou com Alves por celular. Quando ela parou no final do corredor do segundo piso, o rapaz pediu que ela se aproximasse, pois não a estava vendo. Ela então subiu mais um degrau e começou a acenar em direção à porta do apartamento, que se mantinha fechada. Como a porta tinha "olho mágico", disse Nayara aos policiais, tudo indica que ela estivesse sendo observada por Alves. A menina também se recorda que no andar debaixo e no apartamento 23, vizinho ao da amiga, policiais militares acompanhavam toda a movimentação.

Antes mesmo de entrar no apartamento e ser feita novamente refém, Nayara notou que Alves já não cumpria o combinado. O acordo inicial, feito com o negociador do Gate, previa que ela se aproximasse da porta e segurasse as mãos dele. Mas quem a "recepcionou" foi a amiga. Quando a porta do cativeiro se abriu, a adolescente viu Alves e Eloá lado a lado. Ele apontava uma arma para a ex-namorada e exigiu que Nayara segurasse as mãos da amiga e entrasse no apartamento. O rapaz chegou a dizer que deixaria o revólver num dos quartos e se entregaria à polícia.

Dez minutos depois do retorno de Nayara ao apartamento, os homens do Gate telefonaram para Alves cobrando-o sobre o acordo de rendição. Embora o algoz reiterasse aos policiais que libertaria as reféns, a garota diz ter percebido que ele não pretendia se entregar.

EXIGÊNCIAS

A mãe de Nayara, Andréia de Lourdes Rodrigues de Araújo, disse que não acompanhou a filha em seu primeiro depoimento à polícia por ter ficado em casa conversando por telefone com Alves. Ele pedia que a mãe da garota divulgasse que ele havia libertado Nayara porque quis e não em troca do restabelecimento da energia elétrica do cativeiro, conforme afirmava a PM.

Andréia também disse à Polícia Civil que os homens do Gate diziam que a filha dela só manteria contato telefônico com Alves. E fez questão de salientar "não ter autorizado Nayara a se aproximar do cativeiro, subindo as escadas do bloco" e "tampouco fora procurada por quem quer que seja para que autorizasse tal incursão".

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