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Presidente Jair Bolsonaro acena para manifestantes pró-governo em frente ao Palácio do Planalto em 15 de março de 2020.
Presidente Jair Bolsonaro acena para manifestantes pró-governo em frente ao Palácio do Planalto em 15 de março de 2020.| Foto: José Cruz/Agência Brasil

Voto impresso e auditável. O fim de todos os lockdowns. A rejeição do projeto de lei que pretende liberar o plantio de maconha no país. Essas são as pautas da Marcha da Família Cristã pela Liberdade, que deve ocorrer em quase 100 cidades do país neste sábado, 15 de maio – e que, em Brasília, somará forças com uma manifestação de produtores rurais favoráveis ao governo de Jair Bolsonaro.

Com os índices de aprovação em queda, o presidente tem divulgado a manifestação em suas lives nas redes sociais e garantiu que vai participar do ato em Brasília, às 15h. “Formalmente, declaradamente, publicamente apoiamos o governo”, afirma o publicitário Lúcio Flávio Rocha, coordenador-nacional do Foro Conservador, uma das organizações por trás da manifestação.

De acordo com Rocha, as três reivindicações do ato são a defesa do voto impresso, o fim dos lockdowns e a rejeição a um projeto de lei que permitiria o plantio da maconha no país.

Os manifestantes que vão às ruas neste sábado, 15 de maio, pedem não apenas que os governadores revoguem as ordens que restringem a circulação de pessoas, o funcionamento de comércio e a realização de cultos e missas: eles querem que o presidente Jair Bolsonaro tome medidas concretas para reverter essas restrições. “Estamos solicitando ao presidente um decreto com a revogação de todos os lockdowns e toques de recolher no país”, afirma Rocha. Bolsonaro já deu afirmações cogitando tomar medidas nesse sentido. “Creio que a liberdade é o bem maior que nós podemos ter. Tenho falado: se baixar um decreto – que já está pronto –, todos cumprirão”, disse ele, em um discurso feito em 7 de maio.

Outra reivindicação da Marcha, o voto impresso precisa ser aprovado e sancionado até outubro para que o novo sistema seja adotado já nas eleições presidenciais de 2022. A Câmara dos Deputados instalou na última quinta-feira (13) uma comissão especial para analisar uma projeto de lei sobre o voto impresso. A ideia é que a urna eletrônica passe a ser acompanhada de uma impressora. Quando o eleitor digitar o número do seu candidato, terá a oportunidade de ver o comprovante impresso. Caso ele confirme que o voto está correto, o comprovante será automaticamente depositado em uma urna.

Uma proposta semelhante, aprovada pelo Congresso em 2015, foi suspensa pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2018 e acabou derrubada definitivamente pela corte em 2020. Agora, a meta é acelerar uma mudança na Constituição, o que teria de ser conseguido até outubro para valer nas eleições de 2022.

Já o terceiro item na pauta dos manifestantes diz respeito ao PL 399/2015, atualmente em apreciação pela Câmara dos Deputados. A medida autorizaria o plantio de maconha para fins medicinais e industriais. Os opositores da proposta alegam que, embora não libere o uso recreativo da droga, o projeto de lei acabaria facilitando a atuação do tráfico no país. O presidente Jair Bolsonaro já classificou o texto como “ridículo”.

Além de Bolsonaro, políticos como as deputadas Bia Kicis (PSL-DF) e Carla Zambelli (PSL-SP), além do presidente do PTB, Roberto Jefferson, declararam apoio à Marcha da Família. Em 1º de maio, uma mobilização com bandeiras semelhantes levou manifestantes às ruas em todas as regiões do país.

Disputa pelo comando da Marcha

A primeira edição da Marcha da Família ocorreu em 11 de abril deste ano, e teve como principal objetivo a oposição a medidas restritivas adotadas pelos estados como estratégia para conter a propagação do coronavírus. Depois do evento, entretanto, houve uma divisão entre os organizadores.

De um lado, está o grupo liderado pelo jornalista Wellington Macedo, que alega ter sido o idealizador da marcha. Ele já pediu o registro da marca ao Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (Inpi). A página do Instagram @marchadafamilia, mantida por Macedo desde março, tem cerca de 7 mil seguidores. O site www.marchadafamiliacrista.com.br também pertence ao grupo liderado por Macedo.

Do outro lado, está uma organização liderada por Lúcio Flávio Rocha, que foi candidato à prefeitura de Aracaju pelo Podemos em 2020. O perfil dessa organização no Instagram, @marchadafamiliaoficial, tem cerca de 2 mil seguidores e foi criada há menos tempo (15 de abril). Mas a organização possui mais capilaridade, já que a maior parte dos coordenadores da marcha de abril se aliou a Rocha.

A discussão já chegou à Justiça. Os organizadores afirmam que, apesar da disputa entre as duas alas, as bandeiras são as mesmas e as manifestações ocorrerão de forma conjunta na maior parte do país. Os dois lados também ressaltam que não defendem uma intervenção militar.

Apesar disso, em algumas cidades as manifestações serão separadas. Em Brasília, por exemplo, o movimento liderado por Macedo convocou a manifestação para as 9h da manhã. A organização de Rocha tem divulgado a marcha com início às 15h – mesmo horário em que os representantes do agronegócio vão se reunir na Esplanada dos Ministérios.

Em São Paulo, os manifestantes marcharão da Igreja São Luís Gonzaga, no início da Avenida Paulista, até o prédio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP). “Nós esperamos mais de 200 mil pessoas”, diz Delenice Essenfelder, coordenadora estadual do evento, alegando se basear no histórico de manifestações anteriores.  O ato na capital paulista terá início às 13h.

No Rio de Janeiro, o ponto de partida será o Sambódromo, em uma carreata com destino a Copacabana. A manifestação está marcada para as 9h.

O Paraná terá manifestações em Curitiba, Londrina, Foz do Iguaçu, Ponta Grossa e Arapongas. Na capital, o ato será uma carreata com partida na praça Nossa Senhora de Salete, no Centro Cívico, às 9h. Marcus Schneider, organizador do ato em Curitiba, afirma que o grupo ainda avalia se dará palanque para políticos locais: "Existe a procura de alguns políticos e a gente não descarta esta possibilidade, mas a gente ainda está digerindo a ideia. Queremos ver qual será o real apoio deles", afirma.

Atos serão realizados também em outras capitais, tais como Belo Horizonte, Florianópolis, João Pessoa, Teresina e Goiânia.

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