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Partidos pequenos apostam em panfletos, afirma Luiz Tel | Walter Fernandes
Partidos pequenos apostam em panfletos, afirma Luiz Tel| Foto: Walter Fernandes

Eleições também movimentam outros serviços

Segundo dados do mercado divulgados pela Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf), um vereador em campanha costuma encomendar em torno de 400 faixas, além de imprimir cerca de cem mil santinhos. Já a mídia externa de grandes formatos não sofre tanta valorização por conta das restrições impostas pela legislação federal, que proíbe outdoors, grandes placas e brindes.

Com alguns materiais vetados, os candidatos apostam em outros meios para divulgar seu nome durante o período eleitoral, como a utilização de adesivos, faixas e botons. Na empresa JB Comunicação Visual, de Maringá, o faturamento já aumentou 60% nos últimos dias. "Tive que contratar duas pessoas pra me ajudar. Isso que meus clientes têm sido basicamente de cidades da região", declarou o empresário Jairo da Silva, que tem comercializado muitos adesivos perfurados para para-brisas de automóveis.

O momento também é bom para os criadores de jingles. O produtor musical maringaense Paulo Machado, da PMP Audio Studio, já acertou a criação de mais de 20 trabalhos para este período eleitoral. A expectativa é de que este número chegue em 50 até o final das eleições. "Este é um momento que acaba alavancando a produção deste tipo de trabalho. A procura aumentou 70% em média", afirmou.

O cenário aquecido também se tornou oportunidade para gente nova no mercado. É o caso do músico Elias Semiguen Neto, que tem dividido seu tempo entre a apresentação em casas noturnas da região de Maringá e a produção de músicas para campanhas. "Por ser uma eleição municipal, fica mais fácil de conquistar clientes. Além disso, a música é uma linguagem universal. Uma boa combinação entre harmonia, melodia e ritmo é capaz de fixar a mensagem na cabeça do ouvinte de maneira bem eficaz, ", conta o compositor.

O início das campanhas eleitorais está movimentando o mercado gráfico no país. Projeções da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf) apontam que as eleições municipais devem gerar um acréscimo de 15% na demanda do segmento promocional. No Paraná, as perspectivas são ainda mais otimistas.

Segundo o presidente da Abigraf no estado, Sidney Paciornik, o setor espera crescer de 10% a 30% em função das eleições. Ele acredita que o maior aumento se dará nas gráficas que estão mais bem equipadas e com capacidade para produção rápida e de qualidade dos materiais relativos à eleição, como "santinhos" e cartazes.

"O mercado gráfico é importante para os candidatos à medida que a propaganda impressa é mais barata que as demais mídias, além de servir como uma ‘cola’ para o eleitor utilizar no momento da votação. Não acredito que o político vá abrir mão deste material e optar somente por mídias eletrônicas", explica Paciornik.

Em Maringá, a procura por gráficas já é bem maior do que em relação aos outros períodos do ano. Na Gráfica Regente, por exemplo, o faturamento neste mês já é 20% maior, mesmo tendo passado poucas semanas desde a realização das convenções partidárias. O diretor da empresa, Luis Tel, conta que foram investidos cerca de R$ 3,5 milhões em maquinário para atender a demanda deste ano eleitoral e tornar a empresa mais competitiva.

"A procura aumentou muito e esperamos campanhas com investimento mais pesado este ano. Temos vários candidatos a prefeito em Maringá, mas possivelmente apenas dois devem ter um tempo grande no horário eleitoral. As demais chapas devem investir mais em outras mídias", conta o empresário, que também espera fechar negócio com candidatos de outras cidades. "Muitos municípios não contam com tevê local para fazer propaganda eleitoral. Por isso acabam apostando no impresso", salienta.

Contratação

Com o aumento da produção, a Abigraf-PR também espera contratações em algumas gráficas. A expectativa é de que o quadro de funcionários cresça até 20% no Paraná. Além disso, novos turnos estão sendo criados nas áreas de impressão e manuseio. É o que ocorreu na empresa Grafsul, de Campo Mourão ( na região Centro-Oeste do estado), que aumentou o expediente da equipe de trabalho, além de ter contratado dois freelancers. "O expediente normal termina por volta das 18 horas, mas desde que os pedidos de campanha começaram a chegar os funcionários acabam ficando até por volta das 23 horas", explica o diretor da gráfica, José Carlos Diniz.

Já no cenário nacional, a Abigraf não espera grandes alterações na contratação de pessoal, já que durante a última eleição não foi registrado um número significativo de vagas temporárias criadas no setor. Atualmente, a força de trabalho está estabilizada na casa dos 222 mil empregos no país. Já a ocupação do parque gráfico é de aproximadamente 75%.

Quem também ainda vê o cenário com certa cautela é o diretor da Gráfica Almeida, de Sarandi (na Região Metropolitana de Maringá), José Aparecido Luiz. Apesar da empresa ter registrado um aumento de 15% no faturamento nas últimas semanas, ele ainda não sabe se fará novas contratações. "O pessoal [candidatos] anda reclamando com relação aos custos de campanha. Esperamos que o cenário fique realmente aquecido dentro de 30 a 40 dias."

Impacto maior

De acordo com a Abigraf, o segmento promocional responde por 10,6% do total da indústria gráfica, sendo que sua produção foi R$ 3,18 bilhões em 2011. A perspectiva é de que o segmento cresça 11% ao longo de todo este ano, acumulando um total de R$ 3,56 bilhões. Para o presidente nacional da entidade Fabio Arruda Mortara, as eleições municipais normalmente têm impacto maior na indústria porque, para muitos candidatos, representam a iniciação na carreira política.

"Em tese, as eleições municipais, que são o ponto de partida na carreira política, devem demandar, proporcionalmente, mais material gráfico do que as nacionais, que tendem para o uso da mídia eletrônica", afirmou Mortara, em comunicado repassado para a imprensa. No entanto, o presidente salienta que as campanhas tendem a ser muito regionais e localizadas, concentrando o trabalho nas gráficas de pequeno porte e por um período curto, de cerca de três meses – entre julho e setembro.

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