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Adão Aparecido da Silva foi um dos funcionários que ficou surpreso com a demissão | Ivan Amorim/Gazeta do Povo
Adão Aparecido da Silva foi um dos funcionários que ficou surpreso com a demissão| Foto: Ivan Amorim/Gazeta do Povo

Os funcionários assinaram as cartas de demissão nesta segunda-feira

Centenas de funcionários de um abatedouro, na região de Maringá, foram surpreendidos nesta segunda-feira (15), quando retornavam ao serviço depois de 30 dias de férias. Os 450 trabalhadores do Frigorífico Mercosul, em Paiçandu, Noroeste do estado, receberam a notícia da demissão assim que chegavam para o trabalho. Todos tiveram de assinar as cartas de demissão. O frigorífico era um das 11 unidades da empresa existentes no Brasil e estava abatendo, em média, 400 animais por dia.

Os funcionários ficaram perplexos com a notícia, pois até o mês passado a unidade anunciava novas contratações. Muitos esperavam passar um Natal tranqüilo, mas, agora, já pensam em como vão conseguir pagar as contas. "Vou passar o Natal comendo arroz e feijão. Tenho problemas de saúde e remédios para comprar", reclama o ex-funcionário Adão Aparecido da Silva, pai de três filhos.

A empresa negociou a proposta de dispensa com Ministério Público (MP) na semana passada. De acordo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Alimentação, Rivail da Silveira, os desempregados vão receber o 13.º salário no dia 19 de dezembro e o acerto dos direitos trabalhistas será pago em cinco parcelas a partir do dia 15 de janeiro de 2009. "Eles vão dividir o acerto, mas eu não tenho como dividir o pagamento das contas", lamenta Silva.

Segundo Silveira, o acordo definitivo entre a empresa e o sindicato será acertado nesta segunda-feira à tarde. "São seis cláusulas que a empresa deve seguir. Caso alguma seja descumprida, o frigorífico pode arcar com multa de até R$ 50 mil, e multas individuais para cada trabalhador de R$ 5 mil", explica.

Segundo a assessoria de imprensa da empresa Mercosul, no Rio Grande do Sul, o fechamento foi estratégico. O frigorífico de Paiçandu era arrendado há três anos, ao contrário da segunda unidade da empresa no estado, situada em Nova Londrina, que funciona há um ano e meio. Para reduzir custos, todos os bovinos devem ser processados em Nova Londrina, onde o quadro de funcionários deve aumentar.

O grupo Mercosul está entre os seis maiores frigoríficos do país. Cerca de 80% da produção de Paiçandu era destinada para exportação. Com o fechamento, a unidade de Nova Londrina é a única planta da empresa no estado.

A empresa Nobreza Carnes que produz charque num estabelecimento ao lado do Frigorífico Mercosul pode arrendar a unidade fechada. Segundo o diretor da empresa interessada, Ananias Machado, o processo de arrendamento ainda está em fase de negociação. Conforme Silveira, caso isso ocorra, os funcionários demitidos podem ser reaproveitados.

Crise

De acordo com a assessoria de imprensa da Mercosul, a crise econômica mundial, a pouca demanda do mercado externo e a falta de bovinos para o abate teria influenciado o fechamento da unidade, em Paiçandu. O estabelecimento teria capacidade para abater 1,6 mil animais por dia e estaria abatendo apenas 400.

De acordo com o presidente do sindicato de Maringá, o aumento das áreas para o cultivo da cana-de-açúcar no estado e o descarte de matrizes nos últimos anos influenciam o fechamento de frigoríficos no Paraná. No ano passado, o Frigorífico Margen, instalado em Paranavaí, Noroeste do estado, também fechou as portas e dispensou aproximadamente 500 funcionários.

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