Uma das reflexões mais conhecidas do ensaísta francês Joseph Joubert talvez seja esta: "A razão pode avisar-nos sobre o que se deve evitar; mas é unicamente o coração que nos diz o que devemos fazer". Se pensar desta forma, o coração do doutor Cláudio Sandri devia bradar algo do tipo: "vá e cuide de tantos outros como eu".
Catarinense de Ibirama e radicado em Rolândia, Cláudio encontrou na cardiologia o seu motivo de maior inquietude. Em 1963 se formou em medicina pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e se mudou para São Paulo (SP), onde fez residência médica e trabalhou no Instituto do Coração e Hospital de Clínicas. Em 1967, foi viver em Maringá, onde por mais de 40 anos desempenhou uma rotina da qual não parecia se cansar.
"Às 7h30 ele já estava no hospital para visitar seus pacientes e trabalhava até 20h30. O hobbie dele era atender as pessoas e fazer caminhada durante a noite no Parque do Ingá" lembra a filha Cláudia. Ela e sua irmã Thaise também se fornaram em medicina, influenciadas pelo seu Cláudio. De jeito simples e bem humorado, o doutor Sandri ganhou a confiança de muitos pacientes e colegas, integrando o corpo clínico de diversos hospitais maringaenses como Santa Rita, Paraná, São Marcos e Maringá, onde também foi diretor clínico.
Foi membro do Rotary, presidente do Departamento de Cardiologia da Sociedade Médica de Maringá e representante na Sociedade Paranaense de Cardiologia. Nos raros momentos em que não estava trabalhando, Claudio gostava de ouvir música erudita e arriscar alguns acordes na sanfona e no órgão. Era fã de Ayrton Senna e gostava de acompanhar jogos de vôlei pela televisão.
Nos últimos três anos travou uma árdua batalha contra o câncer, sendo obrigado a se afastar do trabalho que tanto gostava, da inquietude que o tornou um respeitado profissional. Deixa viúva, duas filhas e um neto. Dia 17 de abril, aos 75 anos, de câncer no pulmão, em Maringá.