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Os laboratórios de produção de medicamentos da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e da Universidade Estadual de Londrina (UEL) estão parados e enfrentando uma série de problemas.

"Não podemos produzir mais, já que os medicamentos têm um prazo de validade. Não podemos estocar e perder essa data", diz o coordenador geral do Laboratório da UEM, Nelson Yoshio Uesu. Apesar de a produção estar parada, há estoque disponível para pedidos emergenciais.

A falta de funcionários também preocupa o coordenador, que espera que o Governo do Estado anuncie o quanto antes a contratação de novos servidores. "Hoje estamos trabalhando com 14 funcionários, o ideal seria dobrar esse número."

Em agosto do ano passado, a UEM se colocou à disposição do Ministério da Saúde para produzir industrialmente o Tamiflu, medicamento utilizado no tratamento de pacientes com a nova gripe. Após nove meses, o Laboratório da UEM não obteve resposta órgão.

"Particularmente, acredito que o Ministério vai aguardar uma estatística sobre a imunização da vacina (H1N1) para verificar a necessidade da produção", conta Uesu.

Apesar de a ideia inicial ser produzir comprimidos, o coordenador informou que o laboratório faria o Tamiflu em sachês. "Soube, quando estive em Brasília para resolver outras pendências, que já havia dois laboratórios no país produzindo comprimidos em quantidade suficiente. Eles até entraram em contato com a gente, para saber a nossa capacidade produtiva e quantas pessoas estariam envolvidas na produção, mas não tivemos uma resposta final."

Cidades como Maringá e Londrina, inclusive, deverão ser abastecidas pelo captocril (25g), utilizado no tratamento contra a hipertensão. "É um problema de licitação. Estamos aguardando a segunda compra no meio do ano, entre junho e julho. Estamos esperando o governo do estado e as prefeituras fazerem os pedidos."

Problemas em Londrina

O Laboratório de Produção de Medicamentos da Universidade Estadual de Londrina (UEL), interditado em 2004 pela Vigilância Sanitária pelo não cumprimento das Boas Práticas de Fabricação, já foi referência na produção de medicamentos utilizados pela rede pública. Ele chegou a produzir 32 milhões de comprimidos por ano. O prédio, decadente, mostra sinais de pouca circulação. Apenas 11 funcionários trabalham no local.

Desde o embargo, as únicas atividades que movimentam o laboratório são aulas do curso de farmácia e projetos de pesquisa. Em setembro do ano passado, a UEL e a multinacional Triglobal Biociência (empresa de capital americano e indiano) fecharam contrato de US$ 5 milhões, com vigência de 20 anos, para reativar o LPM. Até agora, nenhuma reforma começou.

De acordo com o reitor da UEL, Cesar Antonio Caggiano Santos, diretor do LPM desde 2007, a universidade e a multinacional desenvolveram, no ano passado, um estudo sobre a viabilização do Projeto Básico Arquitetônico, que foi inicialmente aprovado pela Anvisa. "Mas aí nós tivemos que refazer alguns itens que apresentavam problemas técnicos, e agora estamos na fase de finalização", explicou.

Segundo o reitor, a Parceria Público Privada já é uma prática comum em outros laboratórios. "Até mesmo o laboratório farmacêutico da Marinha, há dez anos, fechou um contrato com empresa privada. É uma opção que o laboratório oficial tem para que se possa viabilizar a produção. Encontramos essa saída devido à alta complexidade do problema."

Localizado em um terreno de 6 mil metros quadrados, tendo área construída de 3.091 metros quadrados, o laboratório foi incorporado à UEL em 4 de setembro de 1980 e constituído como Órgão Suplementar em 25 de outubro de 1989.

Integrante da Associação dos Laboratórios Farmacêuticos Oficiais do Brasil (Alfob), credenciado junto ao Ministério da Saúde como Laboratório Público Oficial, o LPM contribuiu nas últimas décadas, de maneira significativa, com as políticas de saúde dos governos Estadual e Federal, produzindo medicamentos básicos e a baixo custo, destinados prioritariamente à população carente.

Documentos

Conforme José Antonio Maciel, representante da Triglobal, o investimento de aproximadamente US$ 5 milhões na parceria deverá ser destinado a reformas de adequações no prédio e à compra de maquinários. Mas ele acredita que a regulamentação de documentos tem dificultado o início das obras, que estão previstas para iniciar somente em julho.

Quando o contrato com universidade foi fechado, Maciel chegou a declarar que a Anvisa já tinha aprovado o projeto de reforma e que as obras começariam em até 40 dias. "Isso foi de acordo com a UEL, que nos informou na época que eles (Anvisa) tinham aprovado um estudo da reforma, mas agora estamos acertando a documentação."

O trabalho continua, garante funcionária

Há quase 30 anos atuando como funcionária administrativa do LPM, Valéria Oldemburg de Miranda, explicou que, no início da década, o laboratório possuía 41 colaboradores. "Era uma correria, não tínhamos nem horário de almoço direito. Tínhamos que fazer escala de revezamento para ir comer", conta.

O quadro de servidores se reduziu: dos 41 funcionários de então, apenas 11 trabalham no local atualmente. "Os outros tiveram que ser alocados em diferentes departamentos da universidade. Mas não sabemos se, quando laboratório voltar à ativa, eles irão voltar também", diz o reitor e diretor do Laboratório de Medicamentos, Cesar Antonio Caggiano Santos.

Mesmo com a produção do LPM parada, ela garante que não para um segundo durante o dia. "Eu não paro. As funções administrativas continuam. Aqui temos aulas todos os dias. A grade está preenchida. Chega sempre requisição de equipamento ou manutenção. Mas confesso que dá saudade", revela.

O curso de farmácia tem colaborado com a realização de atividades de ensino, como aulas teóricas e práticas nos laboratórios de controle de qualidade, microbiológico e de desenvolvimento, além de prestar suporte aos projetos de pesquisa dos docentes e auxílio técnico para estagiários.

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