• Carregando...
Cartório de registro de imóveis de Curitiba: reajuste das taxas volta a ser debatido em 2013 | Felipe Rosa/ Gazeta do Povo
Cartório de registro de imóveis de Curitiba: reajuste das taxas volta a ser debatido em 2013| Foto: Felipe Rosa/ Gazeta do Povo

Processos judiciais

Discussão sobre revisão das taxas também atinge custas judiciais

Não são apenas as taxas de cartório que estão em debate na discussão que envolve a Assembleia Legislativa e Tribunal de Justiça do Paraná. A revisão da tabela inclui também as custas judiciais, cobradas para a movimentação de processos. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) também defende alterações nas cobranças, mas diferente dos moldes que haviam sido propostos inicialmente pelo TJ.

O vice-presidente da OAB Paraná, Cássio Telles, acredita que a atual tabela penaliza as ações de pequeno valor, pois aquelas de maior porte contam com mais privilégios. Por outro lado, a entidade contesta a fixação de um teto de R$ 20 mil para os processos, conforme havia sido proposto no primeiro projeto encaminhado à Assembleia. "É preciso definir uma tabela justa e equânime. Caso contrário, estaremos afastando a população do Judiciário", diz Telles.

Uma das propostas defendidas pela OAB é o estabelecimento de custas para momentos específicos dos processos, como o início e o final. "Hoje o cidadão paga custas e mais custas ao longo de todo o processo. Se adotarmos esse modelo, o trâmite será simplificado e agilizado", acredita o vice-presidente da entidade. (AG)

Um dos principais assuntos que deve ser debatido pelos deputados estaduais neste início do ano legislativo é o reajuste das taxas dos cartórios do Paraná. No fim de 2012, o Tribunal de Justiça (TJ) enviou um projeto de lei à Assembleia para aumentar todas as custas em 18,15%. A proposta levantou um questionamento: os preços que se pagam por serviços cartorários no estado são justos ou estão defasados? Sem um consenso sobre o assunto, os deputados adiaram a votação do projeto. A Gazeta do Povo fez um amplo levantamento das taxas de cartórios extrajudiciais cobradas nos três estados do Sul e concluiu que, sem o reajuste, a média das custas praticadas no Paraná é mais baixa do que a do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.

A reportagem da Gazeta do Povo somou todas as taxas cobradas atualmente nos três estados e tirou uma média delas. Sem reajuste na tabela desde 2010, o Paraná apresenta uma média de R$ 32,39 para os 81 serviços praticados. No Rio Grande do Sul, essa média é de R$ 40,00 (com uma oferta de 134 serviços). Santa Catarina tem a média mais elevada: R$ 124,41 para um total de 83 serviços.

INFOGRÁFICO: Veja os valores cobrados pelos cartórios da Região Sul

A metodologia usada pela reportagem foi somar todas as custas de cada estado e dividir pelo número de taxas. Nos casos em que uma custa tem várias faixas de valores cobrados, também foi extraída a média para compor o cálculo final. Isso foi feito porque, nos três estados, há serviços cartorários diferentes e, portanto, é impossível fazer uma comparação taxa a taxa. Com o método usado, é possível saber em qual estado um cidadão, que eventualmente precise de todos os serviços de cartórios, paga mais.

Se houvesse o reajuste de 18,15% proposto pelo TJ, a média do Paraná permaneceria abaixo da praticada pelos gaúchos. Com o reajuste linear, o custo médio dos serviços no Paraná ficaria em R$ 38,21, ante os R$ 40,00 do Rio Grande do Sul.

Inflação

O projeto do reajuste das custas pelo TJ propõe a recomposição da inflação acumulada desde 2010, quando houve o último reajuste nas taxas paranaenses. Tanto o Rio Grande do Sul como Santa Catarina tiveram suas taxas de cartório reajustadas para 2013, com base em índices oficiais de inflação. Em Santa Catarina o aumento foi de 5,6%, enquanto no Rio Grande do Sul o porcentual aplicado foi de 6,73%.

Debate

Inicialmente, o objetivo do TJ do Paraná era propor uma ampla revisão da tabela de taxas de cartório e custas judiciais. A proposta causou polêmica porque reajustava em até 300% os preços de alguns serviços. Diante da repercussão negativa e da indisposição dos deputados em votar o projeto sem uma ampla discussão, o então presidente do tribunal, Miguel Kfouri Neto, retirou o texto e encaminhou a proposta de reajuste linear de 18,15%. No entanto, o presidente da Assembleia, Valdir Rossoni (PSDB), optou por não colocar a matéria em votação diante da incerteza sobre os valores.

Rossoni diz que não há previsão para votar o projeto. Mas garante que a proposta será "amplamente debatida" pelos deputados e com a sociedade. Na segunda-feira, haverá uma reunião com entidades envolvidas no assunto para discutir o reajuste.

Existe ainda a possibilidade de ser elaborado um novo projeto para revisão das taxas. Mas essa decisão ficará a cargo do novo presidente do TJ, Clayton Camargo, que tomou posse no início deste mês. Como o reajuste tem validade somente para o ano subsequente, qualquer alteração, mesmo que aprovada no início de 2013, só entrará em vigor a partir de 2014.

Colaborou Karlos Kohlbach.

Nem sempre as custas do estado são menores

Apesar de ter o menor valor médio nas taxas de cartório do Sul do Brasil, nem sempre o Paraná apresenta as menores custas quando se avaliam os serviços mais procurados. O custo para procedimentos como autenticação de documentos, reconhecimento de firma e registro de imóveis varia conforme o estado, com diferenças que podem chegar a mais de 60%.

Segundo a Associação dos Notários e Registradores do Brasil (Anoreg), entidade que representa os cartórios, um dos serviços mais procurados pela população é a autenticação de documentos. No Paraná, o custo para documentos mais simples é de R$ 2,01, pouco acima do cobrado em Santa Catarina, de R$ 1,90. O maior valor é encontrado no Rio Grande do Sul, de R$ 3,10 – 63% maior do que nos cartórios catarinenses. Esse é o mesmo valor cobrado pelo reconhecimento de firma dos gaúchos. No Paraná, o serviço custa R$ 3,06. Em Santa Catarina, R$ 2,25.

No caso de registros de títulos de imóveis, a taxa cobrada varia conforme o valor declarado da propriedade. A média do Paraná é a menor entre os estados da Região Sul, de R$ 396,33. A maior é a do Rio Grande do Sul, de R$ 603,52. Entre outros serviços muito utilizados estão procurações, protestos de títulos e escrituras de imóveis.

Para o vice-presidente da Anoreg no Paraná, Angelo Volpi, a revisão da tabela de custas cartorárias é necessária e urgente. "A tabela atual tem 40 anos, não serve mais. Ela possui muitas distorções e não reflete a responsabilidade dos cartórios", argumenta. Como exemplo, ele cita o fato de que o proprietário de um imóvel de R$ 15 mil paga as mesmas taxas que alguém cuja propriedade esteja avaliada em R$ 1 milhão. "É injusto para ambos."

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]